DOCE MENINA DOCE VENENO.

DOCE MENINA DOCE VENENO. Primeira Parte.

A pequena cidade interiorana de Rio das Pedras era muito conhecida por suas belíssimas praças, com seus jardins esplendorosos e flores multicoloridas, plantadas com delicadeza e graça. Em todas as praças do interior mineiro havia uma grande igreja, e Rio das Pedras não fugia da regra, em quase todas as suas praças tinha uma suntuosa igreja, no estilo barroco, com sino que era tocado de hora em hora, em toda a cidade a bela arquitetura do século passado chamava a atenção de seus muitos visitantes. A economia da cidade girava em torno do turismo, durante todo o ano a cidade tinha visitantes.

Era as primeiras horas de um calmo domingo do mês de maio, os primeiros raios do sol, nasciam por traz das árvores do morro dos milagres, o mais conhecido da cidade, aos poucos as campinas verdejantes molhadas pelo sereno da noite, foram secando, à medida que o astro do dia escalava o céu azul, os seus raios ficavam mais intensos e mais fortes. Os pássaros eram um espetáculo a parte, cantavam harmoniosamente, todos empoleirados nos fios de energia ou nos telhados da casa, quem via tal sena se encantava com tamanha a beleza e perfeição proporcionada pelas aves.

No terceiro andar, do prédio do seminário legionários de Cristo, a segunda janela da esquerda para a direita, era do quarto do recém-ordenado padre, Giovani Delariça, Filho de camponeses, o jovem Delariça decidiu pelo sacerdócio quando tinha completado vinte anos de idade, sua vocação veio a florescer de uma forma incomum. A princípio o Jovem Giovani tencionava pela carreira artística, sonhava em ter uma família e filhos, ele tinha uma namorada de que já estavam noivos, tudo corria bem, ate o dia em que o coração do jovem apaixonado foi despedaçado pela traição de sua noiva com o melhor amigo.

O amor que o jovem Delariça nutria pela noiva era puro e sincero, ele depositou todas as emoções naquele amor, todos os seus sonhos, com aquela pessoa, e de repente tudo estava acabado, o jovem entrou em uma profunda depressão, e foi justamente um dos padres do seminário legionários de Cristo que o ajudou, com muitas visitas e conversas, o jovem foi vencendo a depressão, com animo renovado, viu no sacerdócio o caminho de sua salvação, e daquele dia em diante entrou para o seminário para tornar-se padre, ele nunca mais viu a sua antiga noiva, que segundo o que se dizia, tinha ficado gravida e havia mudado para outra cidade.

Passaram-se dez anos, agora aos trinta anos, sacerdote formado, ele celebraria a primeira missa na sua cidade natal, além disso, ele seria o novo pároco da cidade de Rio das Pedras, motivo de muita alegria da família do jovem padre. Delariça era um moço de uma beleza singular, alto e forte, com olhos verdes e cabelos negros, levemente caídos por sobre os olhos, o padre arrancava suspiros das mulheres a cidade, em sua primeira missa, faltou lugar de tantas pessoas que compareceram, na grande maioria mulheres.

O coração do jovem padre era unicamente para o sacerdócio, mas como todo coração humano, ele tinha as suas fraquezas, e as mulheres de Rio das Pedras o provocava de todas as formas, com vestes provocantes e decotes que volumavam os seios, ate cartas com pedidos de casamento o padre recebeu, mas tudo isso o jovem Delariça encarava com bom humor, esse tipo de provocação não parecia surtir efeito sobre ele, mas tudo isso estava prestes a mudar, o amor é misterioso e imprevisível, aparece quando menos se espera, e de onde menos imaginamos, assim aconteceu com o jovem sacerdote Delariça.

Uma nova família havia mudado para Rio das Pedras, era a família do pastor da igreja batista, seu nome é Jonas, junto com a esposa e com as filhas, Ane de Calaffiori de dezessete anos, e a pequena Anita, esta nova família tinha sua residência na mesma praça onde ficava a catedral da cidade, era à tarde de um chuvoso sábado, quando pela primeira vez o padre Delariça encontrou com a jovem Ane, na fila de um supermercado. Ane era uma jovem de uma beleza invejável, seu corpo era de uma perfeição magnifica, seus cabelos negros e encaracolados, longos na altura da cintura, chamava a atenção, seus olhos azuis intensos, hipnotizava que olhasse.

Foi em uma fila de supermercado que nasceu aquela amizade, o padre sempre simpático e atencioso, chamou a atenção da jovem, e por sua vez a jovem com sua beleza estonteante, chamou a atenção do padre, sem que ele percebesse, o seu coração traria a sua memoria antigos sentimentos que a muito estavam esquecidos. Todas as tardes o padre ia ao mesmo supermercado, só para encontrar a amiga, mesmo que ele não precisasse de nada, mas inventava algo só para ir ao mercado, da mesma forma acontecia com a jovem Ane, ninguém imaginaria que daquela simples amizade nasceria um amor tão avassalador.

Tempos depois, mesmo descobrindo que a moça era filha do novo pastor da cidade, o padre não deixou de encontrar com sua amiga, como o padre lecionava filosofia no colegial, passou a ver mais vezes a amiga, que agora era a sua aluna mais dedicada, aquela cara de anjo ledo, com seu jeito inocente, foi conquistando o coração do jovem padre, que a esta altura do campeonato, já começava a duvidar de sua vocação, seus conflitos internos começaram a ficar cada vez mais intensos.

Dia após dia, a cada novo encontro, a cada olhar da moça para com ele, e dele para com ela, algo de diferente começava a nascer no coração, assim como os raios do sol no decorrer do dia, aquele sentimento ganhava força e terreno. Como era de se esperar, a jovem Ane, agora completamente apaixonada, decidiu mesmo contrariando todas as barreiras que os separavam, conquistar o coração do jovem padre. Giovane por sua vez, chorava todas as noites ao pé do altar da igreja, tentando inutilmente lutar contra aquele sentimento proibido, mas o proibido tinha ganhado o coração do padre, que vivia os piores momentos de sua vida, ele estava apaixonado, e pela filha adolescente do pastor da cidade, não tinha mais como ignorar aquele sentimento. Agora ele teria que decidir se continuaria em frente, ou se lutaria contra esse grande amor.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 10/03/2015
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