Encontro na praça
"-Chego à São Paulo amanhã cedo e meu vôo será só à noite. Quer me encontrar?"
Eu não fazia ideia de quão grande era a vontade de vê-lo até ler a mensagem no celular.
"-Sim. A que horas?"
Um dia com ele... Um dia, antes de perdê-lo por um ano.
Claro que eu iria. Tínhamos uma conversa pendente.
Um namoro para terminar. Só que ele sequer havia começado.
Tudo o que eu tinha dele era o olhar e como esse olhar me envolvia.
Encontramo-nos na estação mais conhecida, e seguimos para o Parque histórico. Lá encontraríamos um lugar para sentar e conversar tranquilamente.
Eu já não sabia o quê ou como seria depois daquele encontro.
Tinha apenas a certeza de que queria estar ali.
Com ele.
Sentamo-nos, perto o bastante para que seu cheiro já me enebriasse.
Não sei que assunto tratávamos.
Meus pensamentos gritavam em minha cabeça impedindo-me de ouvir.
Meus olhos teimavam em achar sua boca, e seus lábios me desconcentravam. Evitei olhar para ele. Mas não adiantou.
No abraço - ahhh... como gosto do seu abraço - seu rosto junto ao meu, seu respirar no meu ouvido, e a invasão de borboletas em meu estômago.
Virei e me rendi ao beijo mais doce.
Sua mão no meu braço me fazia queimar. Inteira.
Meu corpo reagia como adolescente enamorada.
Arrepiava-me. E ardia mais. Queria mais.
Sentia seu desejo transbordar em sua pele quente e seu carinho derramar-se dos olhos.
Sei que seu corpo também clamava pelo meu.
Enquanto a praça, impiedosa, se enchia, e atraia os olhares que me impediam tê-lo só comigo.
Seu beijo já me tirava o tino, a direção,
e o controle sobre o calor e os fluidos do meu corpo tomado pela libido.
Sua calça já não podia conter sua vontade.
Sua vontade crescia provocando dor.
Sua dor me instigava mais.
O acolhedor banco na praça já não podia abrigar o desejo.
Partimos.
Para longe dos olhares,
dos alheios,
do externo.
Buscando as paredes da privacidade, e o conforto do ninho que uniria seu corpo ao meu.
Partimos.
Para o encontro terno e quente que eu já não posso esquecer.