Heitor e Helena - o reencontro depois de muitos e muitos anos - parte
Heitor e Helena - o reencontro depois de muitos e muitos anos - parte 2
O dia tão tão aguardado e desejado havia chegado. Heitor iria finalmente reencontrar Helena. Iria trazer à existência concreta de sua vida, após muitos anos, o olhar, a presença inquietante e marcante de Helena. Até então ela havia permanecido guardada com carinho e beleza no HD de sua memória.
Mas para isto precisava cuidar-se externamente. Dar um toque nos cabelos, vestir uma roupa diferente. Precisava usar sapatos que nunca houvera usado. Queria causar boa impressão.
Helena chegaria a Monte Santo,numa sexta-feira à noite. Pelas vinte horas. Desde os dezessete anos que deixara sua cidade onde fora criada, Monte Santo, para residir em São Paulo.
No dia anterior, Heitor saiu mais cedo do trabalho. iria a um shopping que ficava localizado numa cidadezinha distante uns doze quilômetros de Monte Santo. Soubera por meio de amigos que em Ananindeua havia lojas com roupas de "marca" com preços mais em conta. No caminho, ia imaginando, fantasiando seu reencontro com Helena. A temperatura alta esquentava-lhe mais ainda o juízo.Soprava um vento abafado, parecia uma espécie de vapor quente.Diminuiu a velocidade de seu veículo, ligou o ar e o som do carro. Colocou músicas que retroagiam ao tempo em que viu Helena pela primeira vez. Com isso, fugiu do vapor quente e do ambiente externo e criou simbolicamente no interior de seu veículo e da mente de seu coração, um espaço em que pudesse sonhar de forma mais concreta com o encontro, com a bonita imagem de Helena.
Sempre vestira-se com simplicidade: roupas e tênis modestos e comuns. Aprendera com o Mestre que "o corpo é mais importante que as vestes." Mas agora, a ocasião exigia que quebrasse essa regra. Precisava causar boa impressão na inesquecível dama. Não queria correr o risco de não ser notado, pelo menos pela forma como se vestia, embora soubesse que havia, depois de tanto tempo, aprendido a despertar-lhe interesse. Ele achava que havia aprendido "a cuidar dela.". Ele já havia ensaiado dizer: "Eu sei cuidar de você."
No shopping, procurou uma loja especializada em roupas e objetos masculinos.
Antes que adentrasse à loja, uma moça magra, de cabelos lisos e vestida de azul o recebeu , dizendo:
-Boa tarde, senhor, posso ajudar?
-Moça, quero calça, camisa e sapatos da melhor marca que você tiver, disse Heitor. Rapidamente, a moça foi fazendo um desfile de peças bonitas e sugerindo a Heitor o que lhe caía bem. Heitor nem se preocupou com o preço. A ocasião não lhe permitia isso. Afinal, tinha cartão, poderia parcelar. O que lhe importava naquele momento, era escolher o melhor que pudesse agradar os olhos de Helena.
No outro dia, sexta-feira, dia de pegar Helena no aeroporto, acordou mais cedo que de costume, deixou logo tudo pronto sobre a cômoda: roupa, sapatos, perfume...quando retornasse à noite do trabalho, iria realizar um sonho que para ele parecia ser inacreditável: reencontrar a moça que estivera guardada em sua memória após muitos anos.
Marcos Antonio Vasconcelos Rodrigues