Nos acordes do prazer (pt. 2)

Yago não conseguira dormir. Perto das duas da manhã, foi até a varanda com o caderno de cifras e tentou compor algo. Nada lhe vinha à mente. Encostou-se na cadeira de bambu e fechou os olhos, tentando espantar os pensamentos. Respirou fundo e sentiu um cheiro diferente misturar-se ao ar. Abriu os olhos de supetão e viu Manuela, aproximando-se. Olhou-a dos pés à cabeça. A camisola de seda preta contrastava com a pele branca da “prima” e ela trazia um copo em suas mãos.

-Desculpe, não queria acordá-lo...- ela sussurrou, parando.

-Eu não estava dormindo- Yago sussurrou, sorrindo.

-Água?- ela ofereceu. Ele apenas meneou a cabeça, negativamente. Manuela aproximou-se e sentou ao lado dele- Porque está aqui a essa hora?

-Fiquei sem sono... estava tentando compor algo, mas também fiquei sem ideias.

-Tenho muitas ideias, mas nenhuma para música!- Manuela riu e, percebendo o volume da voz, tampou a boca, fazendo uma careta. Yago riu. Ela parecia uma mulher, mas tinha alma de menina. Ou seria o contrário?

-Sei que tem sim. Tem uma cabeça brilhante! Invejo seu cérebro!- Yago sorriu para ela.

-Não inveje! Aposto que o seu ganha do meu em 90% das opções!

O riso de um encontrou o do outro. Entreolharam-se. O olhar dela mandava mensagens subliminares ao corpo de Yago, deixando-o aceso e alerta. Ele viu seus cabelos negros sedosos caindo sobre a testa e pediu em pensamento que sua mão não ousasse tirá-lo dali. Mas, inconsciente, ele ergueu a mão e ajeitou a pequena mecha atrás da orelha dela, acariciando sua bochecha, descendo pelo queixo, sentindo o coração disparado como bateria de escola de samba. Os lábios dela o chamavam. Abriram-se enquanto Manuela o olhava profundamente. Foi inevitável o beijo. E veio molhado de sensualidade e erotismo, aflorando ainda mais os sentidos de ambos. Uma suavidade selvagem foi o que passou pela cabeça dele. Suas mãos largaram o caderno de cifras e perderam-se nos cabelos negros de Manuela, trazendo-a para mais perto, enquanto a outra mão acariciava-lhe as pernas, encontrando a seda fina, erguendo-a suavemente.

Como que despertando do torpor em que estavam, Manuela ergueu-se, olhando assustada para ele.

-Me.. me desculpe... isso... não era para ter acontecido...

-Não, me desculpe você. Te desrespeitei. Por favor, de verdade, me perdoe.

-Você não me desrespeitou em momento algum, Yago.

-É que sou primo do seu marido, e , sei lá...

-Você é primo dele e daí? Não sou uma criança, se aconteceu é porque eu também queria.

-Queria?- Yago sentiu o coração dar um pulo. “Oras, o que é isso?”

Manuela sorriu, aproximando-se dele novamente. Mas, desta vez, apenas segurou seu rosto e o beijou na face.

-Boa noite, Yago. Durma bem.

Ela virou-se e ele a observou sair. “Dormir como, pelo amor de Deus?” Sentia-se pegando fogo.

Dark Moon
Enviado por Dark Moon em 02/01/2015
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