ELA NÃO SE FAZIA DE ROGADA
Os conflitos existem mesmo em relações tão bem resolvidas e apuradas. Ela lembrou-se de um comentário, feito por ele, sobre a hierarquia da relação, manda quem gosta menos. Dá as cartas quem domina melhor os sentimentos... Um dia ela deu as cartas, lá no inicio, quando ele fazia rastro na rua da sua casa; quando ele lhe comia com os olhos e não parava a matraca de tanto lhe fazer elogios; quando passava mais de 60 minutos conversando e enviando mensagens pelo facebook; quando respondia suas cartas cheias de revoltas e indignações com frases lindas e encantadoras.
A hierarquia tinha novo ocupante... Tudo bem! Disse ela, lembrando-lhe sobre seu fetiche de ser dominada, controlada, guiada e amada. Só uma coisa a preocupava: a admiração. Enquanto ela existisse, estariam bem. No dia que uma das partes deixasse de admirar o outro, seria hora de seguirem rumos diferentes. A falta dela, da admiração, traz indiferença e desinteresse.
Ela refletiu sobre um pensamento que sempre a acompanhara, não se ama aquilo que não se admira. Ela sabia que isso valia para tudo na vida, desde o carro importado na vitrine da loja que alimenta o imaginário com o desejo de possuí-lo, até aquela mulher inteligente que um dia controlou a relação e por ser boa moça fez as honras da casa, cedendo a cabeceira da mesa para o dono da casa.