Triste Inspiração
Hoje acordei de manhã e me sentei a frente de minha escrivaninha. Peguei meu caderno e uma caneta e pus-me a escrever. Por um momento, parei para descansar a mão e observei a chuva que batia na janela. Então me toquei que depois de muitos anos estava tendo inspiração para minha paixão, escrever.
Depois de observar a chuva voltei a escrever. Estava escrevendo um conto. Uma história de amor que se passava em uma idade média fictícia, repleta de bravos cavaleiros, belas donzelas a serem salvas de temíveis dragões e amores eternos.
O personagem principal era um cavaleiro que havia ido para uma guerra, levando consigo o amor de sua amada. Sempre, todos os dias, o que lhe dava esperança de continuar lutando era saber que ao voltar a encontraria, a abraçaria e beijaria. Depois de muitas batalhas e alguns anos, ele retornou à sua vila. Lá chegando percebeu que várias pessoas haviam morrido da doença. Seus amigos, seus pais, cada pessoa. Ele visitou seus túmulos. O nobre cavaleiro procurou sua amada, então o único motivo de sua existência. Mas não a encontrou, nem mesmo um túmulo. Isso lhe dava esperança de reencontrá-la, ao mesmo tempo que lhe dava tristeza. Dizem que até hoje, mesmo com o passar do séculos ele ainda a procura, e que seu amor por ela, e o dela por ele, que ele sente, mesmo não a vendo, são o que o sustentam.
Deixei um pouco minha história de lado e fui descansar. Sentei-me na frente da lareira, acendi meu cachimbo de madeira e comecei a pensar. Que irônico, durante anos não tive inspiração alguma para minha paixão que é escrever, mas no momento mais triste de minha vida, é o momento em que ela retorna mais forte do que nunca.
Minha amada Isabele, você se foi desta vida, mas nunca morrerá de verdade. Viverá eternamente em minhas histórias, meu amor.