ENCONTRO CASUAL 2
Livre como uma borboleta num jardim repleto de flores - assim ela apareceu à minha mesa - ; parecia, ou melhor, ela estava sob o efeito de alguma substância estimulante. Seria apenas vodca, em sua primeira fase de efeitos? Ou havia outro princípio ativo potencializando? Suspeitei somente. Tão logo apareci em seu "campo de flores", encaixou-se em mim num abraço feroz! e como não dançasse, se esfregasse, tentei colocar um vestígio que fosse de dança em nossos corpos entrelaçados.
Não vou descrevê-la. Imaginem. E para ajudar, começarei relatando algo bem próximo do prelúdio. Na verdade, ela havia passado perto da mesa na qual assentei meu copo de cerveja, e como eu estava acompanhado, não pude apanhá-la nesse primeiro momento de contato visual; apenas observei, com atenção cirúrgica, que todos os homens do camarote, sem a companhia de uma mulher, não se furtavam do direito de poder sentir sua presença efusiva e por vezes inconveniente.
A distância entre mim e ela haveria de diminuir drasticamente; então me vi pedindo, rezando com palavras que emergiam da alma com fervor e devoção. Minha acompanhante viu em meus olhos o desenho de uma súplica e retirou-se, deixando-me sozinho. Era a chance que esperava. Raciocinei: ela é uma borboleta linda, colorida, amarelo nos cabelos, azuis nos olhos e de pele bronzeada; deve estar em intercâmbio aqui no Brasil, louca para se relacionar; borboletas viajam de flor em flor; instintivamente, vão para aquela em cuja corola reúne o melhor néctar, o mais doce. Então, enchi o meu peito de ternura e desejo, e falei: - Vem!