Pequeno conto para um grande amor
O vestido era muito simples, curto, de crepe cor de marfim, decote profundo nas costas e pequenos botões na frente, com duas gotas de perfume Savana estava pronta.
Tomou a estrada de coqueiros que, àquela hora, estava escura e deserta, não era propriamente medo que sentia, as mãos estavam levemente trêmulas e o coração disparado, estava excitada. Estava chegando uma hora mais cedo, o aeroporto estava vazio, era o último voo da noite. Um funcionário ofereceu-lhe a xícara com café e uma revista, mas estava tão tensa que não conseguia ler uma só linha. Esperava por ele há 20 dias, parecia um ano, o tempo se arrastava, sentia saudade e queria estar junto, dormir de conchinha, acordar com o barulho do mar e passar a manhã inteira na cama.
O aeroporto era rústico, construído com toras e cobertura de palha, lembrava uma imensa oca, tinha tudo de tribal. Com toda a rusticidade, havia um rigoroso requinte, grandiosas esculturas de madeira, cerâmica, pedra e objetos que, naturalmente, tinham destino certo, as metrópolis europeias.
Savana tomou o café e subiu para o mirante, a noite estava fresca, para se acalmar, aspirou o vento salgado que vinha do mar e sentiu o coração bater mais forte, Miguel devia estar chegando. Estava bastante excitada, mesmo com tudo organizado. A casa estava em ordem, a empregada preparou um jantar bem simples e ela escolheu o vinho e as flores.
O pequeno avião tocou a pista, o coração de Savana saltava, queria abraçá-lo, sentir seu cheiro, ficar dentro dos seus braços sem se preocupar com o tempo. Havia poucas pessoas no desembarque, ela passou pelo funcionário que controlava a porta, sem dar-lhe a mínima atenção, apressada, correu até a aeronave. Ficaram abraçados por algum tempo, suas pernas tremiam, os corpos se apertaram, não se importaram com a plateia.
No carro ele tirou do bolso um pequeno estojo com um par de brincos, eram pérolas da Indonésia, estava extasiada, não conseguia dirigir. Miguel assumiu o volante e seguiram para o pear onde se conheceram, ficaram trocando carícias, a luz da lua refletia no mar e um perfume agreste de alga atiçava o olfato. Miguel reclinou o banco da pick up, tocou o rosto de Savana, beijou seus olhos, a nuca, levantou-lhe o cabelo que descia pelos ombros e botou os brincos em cada orelha. Algumas fogueiras iluminavam a praia, a luz da lua incidia numa onda maior e ia estourar no arrecife que circundava o pear, contra a luz, podiam ser vistos pequenos cardumes e as nadadeiras dos golfinhos. Savana ouvia as batidas do coração dele, o corpo se arrepiando, ele estava sobre ela, febril e ofegante, falava palavras desconexas, os olhos estavam semicerrados. Perderam-se nas horas, por quanto tempo, não sabiam, até que encontraram o amanhecer.
Beijo a todos!