(Imagem Google)


Presságio
http://youtu.be/cJemcPm2qnQ



 
     Clara acordou naquela manhã, sentindo que seu dia seria diferente, algo nela estava estranho, não sabia explicar aquela sensação ora de alegria, ora de tristeza.
   Olhou para o lado e contemplou o rosto do seu marido, que dormia tranquilo, e pensou...como amo esse homem! Não soube dizer quanto tempo ficou ali admirando-o até que instintivamente acariciou-lhe a  face e descansou em seus lábios um beijo suave, doce e terno.
   Augusto acordou com aquela demonstração de carinho, retribuiu-lhe o beijo e a urgência dos corpos criou um clima perfeito para a satisfação do desejo. Amaram-se e depois, exauridos, descansaram os corpos, um nos braços do outro. Era sábado, lembraram-se, não precisavam se levantar cedo,  e, naquela gostosa sensação de paz, queriam poder ficar na cama até mais tarde, mas sentiram um cheirinho gostoso de café que vinha da cozinha. Sorriram e  correram, os dois, para o banheiro e tomaram, juntos, uma ducha refrescante, cheios de carinho em sua cumplicidade. Famintos dirigiram-se à cozinha, onde a mesa  do café estava posta e seus filhos, Ana Paula e Eduardo já se encontravam degustando as guloseimas preparadas por Amélia, que já fazia parte da família por trabalhar naquela casa há anos.
     Clara, em dado momento, durante a conversa com os filhos, sentiu  tonturas e forte dor de cabeça, sintomas esses que já faziam parte da sua rotina há meses, mas não quis preocupar a família com o resultados dos seus últimos exames, não naquele dia. Aos sábados, normalmente, eles aproveitavam para passar o dia em família, pois durante a semana, devido aos compromissos de trabalho do marido e dos filhos, quase não se reuniam para as refeições.
     Aquele sábado, pensou Clara, seria especial, seria seu e ela escolheria o local onde iriam e assim o fez, sem nenhuma contrariedade dos demais.
   O jardim daquele restaurante, estava especialmente lindo, bem como o dia claro e ameno. O cheiro agradável de flores deixava o ambiente quase que surreal e aquele cenário, se fosse pintado por algum artista, daria um pitoresco quadro familiar.
    O cardápio era excelente, Clara pediu seu prato preferido e tudo o que tinha direito.
      Estava tudo perfeito, a tarde  transcorrera dentro da normalidade, como Clara queria, ela só não queria que o dia terminasse...ela queria que aqueles sorrisos se perpetuassem na sua memória. Sentia uma necessidade urgente de fazer parte daquelas vidas, pelo menos  naquele dia, e aproveitar cada momento daquela felicidade, daquela paisagem paradisíaca. Fez questão de tirar muitas fotos, todos juntos e com um de cada vez, para registrar e eternizar aqueles...últimos momentos.
    De repente a vida lhe pareceu esvair, escorrer por entre os dedos, o corpo cansado já não conseguia disfarçar o mal-estar que há algum tempo estava sentindo, tinha chegado o fim, o seu tempo havia terminado, então, reuniu todas as forças que ainda lhe restavam, e falou baixinho para Augusto:
-Abraça-me...estou morrendo.
    Augusto olhou-a assustado, não entendendo o que se passava. A princípio pensou tratar-se de uma brincadeira, ao que Clara, insistiu, dessa vez, suplicante, com a voz quase inaudível:
-Abraça-me, por favor...estou morrendo.
  Augusto, ainda sem entender, puxou-a para si, abraçando-a, com carinho, beijando-lhe a face, os cabelos e quando sentiu aquele corpo inerte nos seus braços entendeu que Clara não estava mais ali...só havia deixado um sorriso nos lábios!
 
          Fim
Esta é uma história real, com nomes fictícios para
preservar a identidade dos personagens. 
 
Lucia Moraës
Enviado por Lucia Moraës em 04/12/2014
Reeditado em 05/06/2019
Código do texto: T5058880
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