A flor
A manhã era fria.
As paredes já amareladas com o tempo, pendem um pouco úmidas formando o ambiente, a velha lareira estava acesa estalando vez em quando, a mesa coberta com uma toalha rôta xadrez, em cima dela, num prato de porcelana branca pintado a mão com pequenas florzinhas coloridas, um pão já cortado pela metade e umas fatias já jazem duras ao lado, no chão, em cima do tapete redondo, um cachorro cor de mel se aconchega na lareira.
Uma senhora de cabelos presos, tricota uma meia azul de cano alto enquanto pensa no seu passado, em algo que lhe agrada , pois sorri levemente com os lábios entreabertos, seus olhos brilham, quando se recorda das flores secas que estão no vaso, era uma noite quente... ele chegou lindo e feliz, bateu à sua porta e chamou pelo seu nome, ela já vestida com seu vestido rosa chá de renda fina, abriu a porta lentamente, ele a olhou com um olhar terno e surpreso, ela estava linda!
Foi um namoro perfumado e regado a paixão total de três anos, casaram-se em junho, tiveram tantos filhos quanto puderam ter, amaram-se tanto que nunca enjoaram um do outro, o jardim floria sempre, no inverno a lareira queimava e seu amor estalava.
Envelheceram, um dia ele não acordou mais, mas ela não chorou, já era tarde a luz tinha que apagar para um dos dois primeiro, era como um dever cumprido, ele fez a sua parte por ela, a amou eternamente.
Todos dias ela colhia uma flor no jardim, qualquer uma não importava, colocava com água na jarrinha de cristal sobre a mesa e quando ela secava, ela a substituía por outra, para lembrar que ele estava lá ao seu lado, com seu amor eterno.
"O amor é infinito quando dois corações não padecem de tristeza e presunção"