O DOCE SABOR DO AMOR (Capítulo 6)
Marrie abriu os olhos de repente. Tivera um sonho horrível, em que Antoine finalmente a encontrara no bosque e depois… A garota se debateu na cama como tentasse se defender de um ataque que não existira. Sentiu um pedaço de pano úmido encostado a sua testa e aquilo lhe encheu mais ainda de pavor. Seus olhos se fixaram em uma jovem mulher, com longos cabelos presos por um lenço. O lugar onde se encontrava estava envolto em penumbra e ela definitivamente não sabia onde estava.
- Você está bem?
- Onde… onde estou? Que lugar é este?
A moça sorriu.
- Jacques encontrou você caída no bosque hoje à tarde, desacordada. Então ele a trouxe para cá. Você está no castelo do conde de Montevérgine.
O coração de Marrie acelerou por todos os motivo s possíveis. Conseguira escapar das garras de Antoine, estava longe de casa e muito próximo do conde. Ela encarou a moça ainda sem saber o que dizer. Mas tinha certeza de duas coisas: não queria voltar para casa e não queria sair do castelo.
- Eu…
- Qual é seu nome? Onde mora? – perguntou Louise estendendo para Marrie uma caneca de água.
Com as mãos trêmulas, ela bebeu um grande gole tentando elaborar uma mentira rápida e convincente.
- Meu nome é Nicolle. E… eu… eu não me lembro de mais nada.
Louise a encarou estranhamente.
- Meu Deus! Será que você perdeu a memória?
Marrie tentou fazer uma expressão de desespero.
- Está tudo tão… tão confuso. Eu só sei que meu nome é Nicolle... Não sei de onde vim!
- Fique tranquila – Louise acariciou a mão dela. – Você está cansada. Jacques acha que você passou por algum trauma.
Isto era verdade, disse Marrie para si mesma, tentando adivinhar quem seria Jacques. Não podia voltar para casa enquanto Antoine estivesse por lá. E agora que estava no castelo, sob o mesmo teto que o conde, não havia motivos para desejar voltar.
- Quer comer alguma coisa? – perguntou Louise muito solícita.
- Sim, se possível – respondeu ela com a cabeça recostada no travesseiro. Mal podia acreditar que sua vida mudara tanto de uma hora para outra. A oportunidade que mais queria se materializara. Estava no castelo do conde!
Em poucos minutos Marrie já estava comendo uma sopa, ajudada por Louise. A jovem ainda tentou se desculpar:
- A sopa poderia estar melhor, sabe? Mas a nossa melhor cozinheira partiu sem nos avisar e estamos com um pouco de dificuldade por aqui. Só esperamos que o conde não perceba nada!
Ela riu ao mesmo tempo em que Marrie teve uma ideia... O castelo estava precisando de uma cozinheira? Humm...
*
No outro dia pela manhã Marrie acordou com sons vindos da cozinha e algumas vozes. Ela permaneceu deitada, sem coragem de levantar. O dia recém estava amanhecendo e a jovem estava cansada de permanecer deitada. Na verdade, sentia-se ansiosa para levantar e ir até a cozinha ajudar.
De repente Louise entrou no quarto para vê-la. Trazia uma bandeja com leite e pães. Ao vê-la, Marrie sentou imediatamente na cama.
- Olá, bom dia! – cumprimentou Louise. – Dormiu bem, Nicolle?
Nos primeiros segundos Marrie se perguntou quem era Nicolle, até se lembrar de que era ela própria.
- Ah, muito bem. Tudo isto é para mim?
- Sim, eu trouxe para você. Imagino que você não esteja se alimentando bem desde ontem.
O estômago de Marrie roncou. Ela pegou um pedaço de pão e disse cautelosamente, enquanto mastigava:
- Eu… estou me sentindo bem. Mas… mas não tenho para onde ir. Louise, eu posso ficar um pouco mais no castelo? Até resolver minha vida? Enquanto isto, ajudo na cozinha. Sei cozinhar e juro que vocês não irão sentir falta da cozinheira que foi embora.
Louise ficou surpresa com o pedido de Marrie, vindo tão intempestivamente. Antes que ela respondesse, a garota emendou:
- O conde não precisa saber de nada.
E na verdade, pensou ela, nem deveria vê-la. Talvez o homem a reconhecesse e a mandasse de volta para a estalagem e para Antoine.
Apesar de esperar por uma resposta negativa de Louise, esta disse alegremente:
- Oh, Nicolle! Acho que seria uma boa ideia. Você nos ajuda e nós ajudamos você! Quer dizer que sabe cozinhar?
- Sei sim. Louise, por favor…
Louise percebeu que a jovem guardava consigo um segredo e não ousou perguntar qual seria. Além do mais, Nicolle parecia ser uma boa moça e certamente passara por uma terrível provação. Que mal teria em ajudá-la? E o conde não precisaria realmente saber de nada.
- Claro que sim. Está pronta para começar?