O DOCE SABOR DO AMOR (Capítulo 5)
Marrie ficou em pé no segundo seguinte. Antoine lhe lançou um sorriso libidinoso e nojento.
- O que você quer? – perguntou a garota sentindo as pernas fracas.
- Calma, garotinha – disse ele dando um passo à frente.
Recuando, Marrie fez um gesto com a mão para que ele não se aproximasse.
- Você me seguiu? Minha mãe sabe que você veio atrás de mim?
O tom da sua voz saiu completamente desesperado. Antoine debochou do medo dela:
- Ela não precisa saber de nada.
Sem que Marrie esperasse, Antoine praticamente se jogou por cima dela como um lince. A garota mal teve tempo de se defender e de repente se viu estendida no chão com Antoine por cima de si. A sensação da boca daquele homem pérfido procurando seus lábios era terrível e Marrie tentou virar a cabeça para os lados, freneticamente, para evitar o beijo que estava por vir. As mãos dele se embrenharam por debaixo do vestido dela, impetuosamente. A raiva tomou conta da garota e deu-lhe forças suficientes para que conseguisse reagir. Os dedos, de unhas afiadas, voaram direto nos olhos dele, provocando-lhe surpresa e dor. Em ato contínuo, Marrie conseguiu desferir um chute poderoso no estômago, fazendo com que ele rolasse para o lado aos berros.
Mais rápido que pôde, Marrie se pôs em pé, com os cabelos em desalinho e a roupa amarrotada. Como sua mãe podia se relacionar com um porco como aquele? Para seu terror, Antoine se levantou, apesar da dor que sentia. A expressão dele era horrível, de pura raiva.
- Você terá o que merece, ordinária! – esbravejou ele.
E outra vez Antoine partiu para cima da jovem, pronto para atacar e derrubá-la no chão. Porém, Marrie estava mais preparada desta vez. Rápida, ela deu meia volta e se precipitou em direção contrária a sua casa. Apesar de estar fora de forma, Antoine foi rápido nos primeiros dois minutos, praticamente se mantendo quase às costas dela. Marrie correu o mais depressa que pôde mesmo que o fôlego estivesse para faltar a qualquer momento e conseguiu tirar uma boa distância do homem. Mesmo quando olhou para trás depois de algum tempo e não o viu mais, Marrie continuou correndo entre as árvores, tropeçando nas pedras, temendo que aquele bruto aparecesse a qualquer momento.
Quando finalmente ficou sem ar, Marrie sentiu o mundo rodar. Parada no meio do bosque, ela tentou se recuperar, olhando apavorada para os lados. Apesar de não escutar som algum, não duvidava que Antoine surgisse de repente e terminasse de consumar o que pretendia. Cambaleando, Marrie ainda conseguiu dar alguns passos à frente até que tropeçou em um pedaço de pau, caindo no chão, desacordada.
*
Jacques aproveitou alguns momentos de folga e saiu a caminhar pelo bosque. Pretendia colher algumas maçãs e levar para o castelo. O conde tinha adoração por torta de maçãs e ele pretendia servir como sobremesa logo mais
Um som distante chamou sua atenção. Pareciam gritos de mulher, misturados a urros de um homem. Mas as vozes estavam longe e Jacques não tinha certeza se estava ouvindo direito. Talvez fosse algum tipo de brincadeira ou desordeiros passando pela estrada. Depois o som cessou e o homem, um dos empregados de confiança do conde, terminou por se esquecer do fato. Meia hora depois ele retornou em direção ao castelo de mãos vazias e aborrecido. As maçãs não estavam suficientemente maduras e isto significava que teria que inventar outro doce para o conde. Ainda faltava cerca de um quilômetro para chegar ao seu destino quando se deparou com um corpo de mulher estendido no chão, de bruços.
Jacques levou um susto e se aproximou devagar. Suas botas fizeram barulho esmagando folhas secas e nem assim a mulher se moveu. Acreditando que ela estivesse morta, Jacques se agachou e tocou de leve nas suas costas. Não havia nenhum ferimento à vista, por enquanto. Temeroso do que iria encontrar, mansamente o homem a virou. Marrie estava pálida e de olhos fechados. Jacques se espantou com a beleza da jovem e outra vez temeu por sua vida. Porém, logo percebeu que ela respirava ainda que com dificuldade. Com medo de que a moça possuísse algum ferimento interno, ele a pegou nos braços e decidiu levá-la para o castelo. Nos aposentos dos empregados poderia contar com as outras empregadas para ajudar a curar a moça.