As crônicas de uma virgem

Sentada em minha mesa no escritório, eu teclo furiosamente tentando terminar um relatório que meu chefe havia pedido á dois dias atrás. –Ufa, terminei! –Eu digo silenciosamente para mim mesma. Sinto minha coluna doer pelo excesso de tempo que fiquei na desconfortável cadeira. Então levanto e me dirijo á sala de café. Por entre as cortinas, eu abro a janela, as nuvens sombrias pairam no céu, a rua ainda permanece molhada; a chuva havia cessado por um pouco. Ao voltar a minha mesa levo um susto; um boque de rosas está sobre minha mesa, um cartão vermelho descompromissado se camufla em meio das rosas vermelhas... Simplesmente encantador. Meus dedos apressam-se para pegar o bilhete e lê-lo. O bilhete, mais uma vez enlouquecedor, iniciava-se assim:

Tento esquecer á noite de ontem mais meu corpo rejeita-se de uma forma descontrolada, por isso, terei que ver-te hoje. Mais uma vez.

De seu admirador nada secreto, David.

A caligrafia, mais uma vez era majestosamente impecável. Digno de um homem totalmente dominador e autoritário.

Quando eu chego ao meu quarto, os lençóis ainda estão completamente desarrumados, com vestígios da noite passada. Vejo por relance uma gota do vinho no lençol, a intensidade do vermelho manchado no travesseiro, e por fim, o resto de água que sobrou em uma garrafa esquecida em cima da cômoda. A chuva havia começado de novo, o desânimo abateu-se em mim violentamente, deixando a minha empolgação diminuída á cinzas. Honestamente eu esperava-o ansiosamente, seus lábios haviam deixado o vestígio de seu toque em mim.

O barulho da campainha da porta tornou-se uma melodia para mim. Ao abrir a porta, eu confesso que perdi naquele instante, a noção da realidade. A chuva havia deixado ele totalmente encharcado. E inegavelmente irresistível. –Acho que vou ter que tirar as roupas mais cedo. –Ele brincou. –Então as tire. –Eu encorajei. Fomos para o quarto. A fraca luz vinda das velas espalhadas pelo quarto deixou sua pele miseravelmente obscura. –Deite-se. –Ele ordenou. Deitei lentamente. Meus olhos fitaram minuciosamente seu corpo nu, pairava sobre mim seu olhar mortal. Como quando o fogo consome o vestígio de pólvora, assim ele fazia ao percorrer com seus gélidos lábios o caminho proibido... O seu libido em sua essência. Minhas mãos tocavam ardilosamente seus músculos deixando as marcas do impulso do prazer que ele exercia sobre mim. Ele arrastou-se para baixo e ainda mais baixo; tocando as partes mais sensíveis de minha vagina, influenciada pelo torturante prazer, sua língua tocava o proibido velozmente, seus olhos verdes atiravam-me violentamente no abismo de suas profundezas inquietantes, enquanto ele descaradamente murmurou:

-Agora é sua vez!