Meu doce pecado (part. VIII)

Capítulo 9

Troca de mensagens

Depois daquele jantar, cheguei em casa com três certezas: a primeira era de que Alexander era o assassino, a segunda era de que ele me envolvia muito bem com seus jogos e palavras e a terceira era de que eu já estava perdidamente apaixonada por um cara totalmente longe de meus ideais.

Resolvi não mandar nenhuma mensagem a ele naquela noite. Queria deixa-lo ansioso, na espera. Eu tomei banho e deitei. Já não dormia bem e com todas as provas que encontrei na casa de Alexander eu fiquei a pensar em muitas coisas e tentava montar o perfil dele. Mas era difícil, pois ele me deixava confusa em relação a suas intenções comigo.

Levantei, fui até a janela, puxei a cortina e fiquei ali parada observando um movimento que já não existia na cidade por conta do medo que havia se instalado devido aos crimes. Olhei para o relógio que marcava 02:38, sentei na minha cadeirinha de balanço, com os pés apoiados na grade da janela e ali fiquei por horas. Devo ter cochilado um pouco e quando despertei já eram 05:15. Eu levantei e liguei a TV e o noticiário já informava outra jovem assassinada, dessa vez na Rua Gray que ficava do outro lado da cidade. Como todos os outros crimes, nenhuma pista do assassino e a moça foi encontrada com sinais de espancamento e abuso.

Fiquei assustada, peguei o pedaço de papel com o número que Alexander havia me dado e resolvi mandar uma mensagem.

– Alexander? Esqueci de avisar que cheguei bem em casa ontem. Srtª Williams.

Não esperava que Alexander estivesse acordado tão cedo afinal ainda não eram seis da manhã quando mandei o sms. Ele prontamente me respondeu como se estivesse esperando:

– Eu fico agradecido por dar sinal de vida Sarah, estava preocupado. Caiu da cama esta noite? Tão cedo e já está de pé!

Sorri com aquilo e respondi:

– Preciso fazer alguns trabalhos da faculdade, irei aproveitar o fim de semana. Eu ainda nem comecei nada e já preciso entregar na segunda.

Realmente precisava estudar esse fim de semana, o período de provas e trabalhos se aproximava e eu tinha de me dedicar. Esquecer Alexander e sua vida de assassino por um final de semana pelo menos. Mas lógico que não comentei que tinha problemas de insônia e que ele rodeava meus pensamentos na noite passada.

– Huuum... Vejo que estará bastante ocupada este fim de semana Sarah, então acho que não poderemos nos encontrar novamente . Nenhum tempinho para mim?

Quando visualizei aquela mensagem fiquei ainda mais confusa, ele não queria outro encontro, agora ele é quem insiste? Rapidamente digitei:

– Então você mudou de ideia Alexander, e quer repetir a dose? Quer me encontrar de novo? Disse que aquilo não deveria ter acontecido. Desculpe, mas não o entendo.

– Já disse, esqueça as bobagens que lhe falei. Desculpe. Sarah hoje é sábado é dia de curtir e aproveitar, mas preciso fazer tanta coisa. Beijos, depois nos falamos.

Visualizei sua última mensagem e não respondi mais. Durante a manhã tomei café, organizei meu apartamento, fiz minha refeição e depois me sentei à mesa da cozinha e comecei a estudar. Quando me dei conta já eram quase 20:00 horas. Fui até meu quarto peguei meu celular e havia cinco mensagens de Alexander:

– Oi?

– Oi de novo!

- Sarah?

– Deve estar estudando né?

– Que droga Sarah, essa sua insistência é contagiosa, acho que já peguei esse mal!

A última mensagem havia sido enviada por volta das 17:49.

Então, o respondi:

-Alexander? Desculpe. Estava estudando nem vi o tempo passar.

Realmente aquele sábado havia passado voando, mas felizmente consegui adiantar bem meu trabalho. Alexander não demorou me responder:

- Olá querida Sarah, fiquei a esperar por mensagens suas.

Não era tão boba assim, não acreditava que ele tinha esperado a tarde toda que eu o respondesse, podia ser apenas mais um de seus jogos envolventes. Ficamos conversando até umas 22:40, depois dormi. Precisava continuar meus estudos no domingo e esperar a segunda começar para dar início a minha velha rotina.

Quanto a Alexander, não descobri muita coisa. Mas, continuaria tentando.

Capítulo 10

Ciúmes

Domingo chegou trazendo o calor, o dia estava bonito e bastante convidativo a passeios no fim de tarde, mas meu domingo se resumiu a nenhuma mensagem de Alexander e muito estudo.

A segunda-feira chegou e com a ela à velha rotina também. Decidi não mandar nada para Alexander, afinal era ele quem deveria vir atrás de mim. Cheguei à faculdade logo cedo e encontrei Rose, ela estava diferente, muito mais bonita e feliz. Logo que a vi ela veio correndo em minha direção, abriu um grande sorriso, e me deu um abraço dizendo:

- Sarah, que saudade eu senti de você. Não me liga, não me manda nada, nem lembro a última vez que nos falamos.

Estudava junto com Rose, mas, na faculdade era só estudo mesmo. Não gostava de frescurinhas com amiguinhas ou coisa do tipo. Não nos falávamos muito, apenas o suficiente quando realmente era preciso, afinal eu depositava um pouco de confiança nela. Nós duas éramos muito parecidas, em relação a estudos, gostos, amizades e relacionamentos.

Sorrindo e meio surpresa, respondi:

- Rose, por favor, não me cobre nada. Você também não me procura, então estamos empatadas. Sempre a vejo por aqui, mas você conhece meu jeito.

- Sim, senhorita certinha, só estudos por aqui né?

- Lógico que sim Rose. Você me parece muito feliz, animada, posso saber o motivo de tanta alegria?

E dando um enorme suspiro me respondeu:

- Ah Sarah é o amor, a paixão que deixa as pessoas assim!

- Hum, você com paqueras logo agora? No período de provas. Rose mantenha o foco.

- Às vezes precisamos nos abrir para novas coisas Sarah. Esqueça isso por enquanto, mas conseguiu fazer o trabalho?

- Fiz, foi complicado, mas consegui. Ainda bem que já estamos nos aproximando das férias, natal, ano novo. Ah já posso respirar aliviada.

- Com certeza Sarah, vai ser um tremendo alívio.

Caminhamos em direção à sala, e a aula se iniciou. Todos os trabalhos foram apresentados e logo o horário de almoço se aproximava. Resolvi almoçar por lá mesmo, pois queria ficar na biblioteca pela tarde para estudar um pouco.

Quando íamos saindo, Rose me gritou:

- Sarah!!!

- Oi.

- Sarah, podemos almoçar juntas hoje? Preciso lhe contar uma coisa.

- Sim, claro! Vamos lá.

Fomos em direção ao refeitório, nos servimos e sentamos. Rose foi logo dizendo:

- Essa comida está cada vez pior. Olhe Sarah.

E apontando para o pedaço de bife afirmou:

- Isso está tão duro, posso te bater com isso. Você fica até em coma, é sério.

Sorri dizendo:

- Não faça isso, por favor!

- Sabe Sarah, estou feliz. Vou direto ao ponto, é um carinha ai dos olhos verdes que anda mexendo comigo.

Meu mundo parou no instante em que ela disse: “ carinha dos olhos verdes” Eu sei, eu sei que não pode ser a mesma pessoa mas e se for?

- Olhos verdes Rose? Carinha? Explique.

- Sim, ele é lindo. Tem uma pele macia e suave, é engraçado. E fica uma gracinha usando aquele óculos. Mas, a única coisa que não combina com ele é aquela barba ridícula. Que o deixa mais velho ainda.

Rose nem comia, só suspirava apaixonada. Já não bastava estar apaixonada pelo mesmo cara que eu, ela ainda ousava falar da barba dele? Isso eu não aceitava. Pela primeira vez, senti ciúmes de alguém. Ela não poderia ficar com ele, não mesmo.

Olhei fundo nos olhos de Rose e disse:

-Sinceramente homens de barba são os mais lindos na minha opinião. E eu sei que não devemos mandar no coração, mas acha mesmo que é o momento certo para se envolver?

- Acho, ele me faz muito bem. Me encanta com seu sorriso seus olhos verdes. Ah aqueles olhos!

- Rose, estou me sentindo meio enjoada, perdi a fome depois nos falamos. Até!

- Sarah? Não espere. Não vá!

Senti tanto ciúme, pelo jeito como ela falava dele, que sai rapidamente. Nem quis nem saber o nome para confirmar se era Alexander ou não. Não imaginava os dois juntos.

Se ele for mesmo o assassino e se for pra existir mais uma vítima, que seja eu. Se ele me fizesse feliz e me amasse mesmo que por poucos instantes e depois me fizesse descansar eternamente seria prazeroso para mim. Estar com alguém como Alexander é maravilhoso ele é imprevisível. Eu sempre teria a certeza de que ele iria me surpreender de forma positiva ou negativa. E com o ciúme que estava sentindo dele naquele instante em que Rose tagarelava eu tinha a certeza de que não tinha medo dele ou do que viesse a fazer, só que queria estar com ele. Mesmo que sofresse as mais graves consequências.

Isabela Dantas
Enviado por Isabela Dantas em 28/10/2014
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