A cigana

Tal como o escuro negro dos olhos, era a cor do céu fora das janelas, que cintilava o contorno do balançar do quadris sedentos e ritmados.

Parou no tempo, e milimetricamente tomou o ar que me restava, molécula pós molécula, perdeu-se entre os cabelos que esvoaçavam, e surravam-lhe o rosto, e pareceu não se importar, pois maliciava-me os pensamentos, incapaz mesmo de perceber.

Era a mentira das suposições, e a doçura embriagada das ilusões.

O ardência a passear pela pele, e o perfume a embriagar-me os sentidos todos.

Meus demônios habitam teu corpo cigana, cada curva e centímetro de pele, meus anjos emprestei para que não haja paz em minha alma, e eles já não retornam, é no toque da tua música, no compasso do teu passo a minha perdição, e minha salvação.

Roubou-me de mim, e agora vago nas tuas imagens tão bem marcadas em minha retina.

Apenas tento dormir entre goles de vinho tinto e solidão, enquanto baila tuas pernas, pisando nas minhas palavras tolas de poeta encarcerado, preso dentro de tua alma.

Eis aqui, meu sofrimento e meu destino, entregue nas tuas mãos, mais um cigarro, mais um gole, menos um dia.

Texto ao som de ' Burning Desire ' - Lana Del Rey

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 22/10/2014
Reeditado em 22/10/2014
Código do texto: T5007509
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.