A cigana
Tal como o escuro negro dos olhos, era a cor do céu fora das janelas, que cintilava o contorno do balançar do quadris sedentos e ritmados.
Parou no tempo, e milimetricamente tomou o ar que me restava, molécula pós molécula, perdeu-se entre os cabelos que esvoaçavam, e surravam-lhe o rosto, e pareceu não se importar, pois maliciava-me os pensamentos, incapaz mesmo de perceber.
Era a mentira das suposições, e a doçura embriagada das ilusões.
O ardência a passear pela pele, e o perfume a embriagar-me os sentidos todos.
Meus demônios habitam teu corpo cigana, cada curva e centímetro de pele, meus anjos emprestei para que não haja paz em minha alma, e eles já não retornam, é no toque da tua música, no compasso do teu passo a minha perdição, e minha salvação.
Roubou-me de mim, e agora vago nas tuas imagens tão bem marcadas em minha retina.
Apenas tento dormir entre goles de vinho tinto e solidão, enquanto baila tuas pernas, pisando nas minhas palavras tolas de poeta encarcerado, preso dentro de tua alma.
Eis aqui, meu sofrimento e meu destino, entregue nas tuas mãos, mais um cigarro, mais um gole, menos um dia.
Texto ao som de ' Burning Desire ' - Lana Del Rey