Hitler E Sua Amada Capítulo 1
Alemanha, 1928.
O Ford seguia com seu ronco monótono pela estrada de terra. Na direção, o motorista uniformizado. No banco de trás, duas mulheres. A mais velha recostada no banco cochilava. A jovem, porém, apreciava a paisagem com seus olhos muito vivos e brilhantes.
- Ainda falta muito para chegarmos, mamãe? pergunta.
Angela acordou sobressaltada.
- Que? ah, não, Geli... só mais um pouco. Porque você não descansa um pouco também?
- Ah não, mamãe, eu gosto de ver as coisas que passam. Olhe lá, aquelas vacas com sino no pescoço! E aquela casa lá longe!
Angela sorriu ante o entusiasmo da filha.
- Geli, você e seu eterno bom humor... é, acho que na sua idade eu também não iria querer perder nem um momento da viagem...
Geli se recostou no banco, brincando com seu chapéuzinho de palha adornado com laços de fita.
- Não lembro do tio Adolph. - comentou, baixando os olhos sombreados por longas pestanas.
= Ele a segurou no colo quando você era bebê. - disse Angela com ar de quem recorda. Você vai gostar do seu tio. Foi muita generosidade dele nos convidar para morarmos em sua casa...
Angela deu um suspiro. Fica viúva quando Geli ( que se chamava Angela como sua mãe ) ainda era muito pequena. Fora difícil criá-la sozinha, mas agora que seria a governanta da casa de seu irmão, ela estava muito feliz. Principalmente por causa de Geli. Lá ela poderia ter um futuro melhor, fazer um bom casamento... Adolph era seu irmão por parte de pai e estava fazendo uma promissora carreira política, após algumas complicações. Tinha muitos amigos... o futuro da bela e travessa Geli compensava qualquer coisa, pensou Angela, até mesmo deixar sua casa e a Áustria para trás...
Fazia uma linda tarde primaveril. O céu estava azul, a temperatura amena e o ar trazia o perfume das flores silvestres. O Ford subiu por uma estrada paralela à principal e logo surgiu um enorme casarão de pedra, com altas janelas, que parecia encravado nas montanhas. Um lindo jardim com muitas rosas, cravos e tulipas coloria o ambiente e alimentava as abelhas.
Geli arregalou os olhos, fascinada com a beleza do lugar. O automóvel parou. O motorista desceu e abriu a porta para as duas mulheres. Geli escuta uma voz.
- Minha irmã, minha sobrinha, há quanto tempo! sejam muito bem vindas!
Angela correu a abraçar o irmão. Geli estava se sentindo empoeirada da viagem e um tanto encabulada. Foi então que seus olhos se cruzaram com os dele...
- Geli, venha cumprimentar seu tio!