Meu doce pecado (part. V)
Capítulo 6
O interrogatório
Os policiais se apresentaram , junto com eles o delegado Arnold Wilson, um homem de cinquenta anos, divorciado e que morava com o seu único filho. O senhor Wilson era famoso por impor a ordem na cidade.
Com uma voz rouca e imponente, ele me disse:
-Bom dia Srtª Sarah Williams, sou o delegado Wilson e queríamos a sua colaboração para colher algumas informações sobre o crime que ocorreu na noite anterior, podemos entrar?
Provavelmente eles já haviam pegado a relação com os nomes de todos os moradores com o porteiro.
-Claro que sim, fiquem à vontade.
-Saiu de casa na noite passada Srtª Williams?
-Sim, fui até a praça que fica aqui perto.
-E quando voltou, viu alguém desconhecido andando pelo prédio, alguma movimentação estranha? O porteiro não vigia o prédio?
- O senhor Collins já tem uma idade avançada, aqui não existe outras pessoas que o ajudam, ele dorme mais do que vigia. Durante o dia ele até que fica na portaria, mas a noite ele volta para o seu apartamento. Quando eu subia as escadas e passava pelo corredor de Kate vi um homem saindo de seu apartamento. A iluminação aqui é precária não pude observar nenhum detalhe do suspeito.
- E o que aconteceu depois?
- Bom, ele percebeu que eu o havia notado e veio em minha direção, e sai correndo pelas escadas, ele conseguiu puxar meu braço, mas consegui chutá-lo e ele caiu. Entrei no meu apartamento e ele ainda veio até aqui e ficou batendo em minha porta por um bom tempo, até que desistiu e foi embora.
- Sarah, porque não nos avisou? Porque não telefonou?
- Estava assustada, muito mesmo. Não sabia o que fazer.
- E Kate você a conhecia Sarah? Vocês eram amigas?
- A conhecia porque moramos no mesmo prédio, e ela frequentava a mesma faculdade que eu, então, sempre nos víamos.
- Nós lhe agradecemos, mas a Srtª irá nos acompanhar até a delegacia porque precisamos de mais depoimentos.
Que ótimo começar o dia em uma delegacia! Pensei.
-Sim, eu acompanho vocês.
Chegando a delegacia, eu dei a mesma versão. Não estava sozinha, o delegado havia trago consigo quase todas as pessoas que moravam no prédio, entre eles estavam o meu vizinho de corredor Maicon e seu filho Fellipe, e o porteiro Collins.
Assim como eu todos os presentes também relataram que Kate era uma menina linda, que chamava atenção morava sozinha, seus pais eram falecidos e não tinha nenhum parente próximo. Tinha muitos namorados e paqueras, só que nunca havia chegado em casa acompanhada de ninguém, nem amigas. A única pessoa que ainda avistou o suspeito fui eu, e não consegui dar nenhum detalhe a polícia sobre ele. Em relação ao tecido rasgado que achei no corrimão da escada, me mantive em silêncio. Iria procurar provas sozinha.
O delegado liberou a todos, avisando que a qualquer momento poderia precisar de novos depoimentos. Sai e fui direto ao Café com Aroma, estava faminta.
Para minha enorme surpresa Alexander estava lá, lendo seu jornal e tomando um café. Sentei em uma mesinha do lado da janela e fiquei o observando. Tive outra surpresa, ao invés do senhor Billy o dono do Café me atender, foi seu filho extremamente estranho, Jack que fez isso, ele não era muito alto, seu rosto era cheio de espinhas, usava aparelho, tinha uma pele branca e gelada como a neve, não era muito bonito e não chamava atenção. Eu não sabia muito sobre ele, apenas observava que não ajudava seu pai no Café, ele passava o dia todo jogando no celular, era totalmente viciado. Alexander estava ali então, só ele me roubava a atenção. Jack me perguntou:
-Vai querer o quê?
Falou aquilo com uma enorme descontentamento e preguiça. Ele tinha um bafo tão grande que me fez perder a fome.
- Apenas um capuchino. Respondi.
Jack trouxe meu café e saiu. Me levantei pegando a caneca e fui sentar ao lado de Alexander. Tirei o jornal de suas mãos e disse:
- Que falta de educação se despedir de uma mulher daquela maneira, não acha?
Ele sorriu e respondeu:
- Está falando da noite passada? Você, é bem insistente. Só acho que garotas como você não merecem caras como eu.
- Caras como você? Bonitões, charmosos e que adoram ler jornais?
Suas bochechas ficaram rosadas, então, sorrindo me disse:
- Sarah seu senso de humor é realmente incrível. Você é toda certinha, e tem cara de que busca um príncipe, o “cara ideal” e eu não sou assim. Só quero evitar decepções.
- Príncipe? Cara ideal? Realmente você me interpretou totalmente errado. Ei Alexander vivemos em um mundo real, não num conto de fadas. Sou bem grandinha pra saber que isso não existe.
Ele sorriu, e eu estava começando a desconfiar que aquele lance de me ignorar era jogo dele, tudo cena. Só para ver se eu era capaz de procura-lo.
- Sarah, você me ganha com essa sua determinação. Só não quero me envolver, mais se prefere assim... Está livre na sexta à noite? Podemos pedir alguma coisa e comer em seu apartamento. O que acha?
- Não, meu apartamento não. Já fico lá o dia todo. Que tal o seu?
Que louca paixão a minha, sugeri ir até o apartamento de um desconhecido e possível assassino. Não sinto medo, aquele mistério que o envolve me atiça profundamente e me traz intensos desejos.
Alexander ficou surpreso com minha sugestão, e quis de imediato negar o pedido, mas com minha imensa insistência ele acabou cedendo.