Amor na Cidade do Sol cap 5/6

Os diamantes azuis, serviriam de combustível pra alguma coisa que o prefeito não explicava a ninguém. Ele estava fabricando há muito tempo. Em volta do quarto de Kay fora instalado um mecanismo especial que não havia sido visto por ninguém. Era proibido a qualquer aldeão entrar lá.

Kay não questionava em nada o pai até aquele momento. Depois que o pai saiu ele resolveu ler o lugar pra ver se entendia alguma coisa que pudesse ajudar a salvar Atilde das mãos do pai. Leu as informações do ambiente até ser interrompido por um chamado de sua mente. Era Atilde marcando de vê-lo na cachoeira. Ele pediu que ela não fosse pois poderiam ser descobertos . Ele daria um jeito de encontrá-la. Entrou no recinto onde o pai descansava e pôs as mãos sobre ele. Fez que seu espírito saísse e vagasse por algum lugar bem distante até que ele voltasse. Saiu e foi para uma caverna que ficava situada do outro lado da cachoeira e de lá chamou sua dádiva.

Atilde saiu devagar pra não chamar a atenção de ninguém. Ao chegar no local encontrou seu Senhor revestido de uma luz azul brilhante que a seduziu. Ele estendeu-lhe as mãos e ela entrou na luz porque confiava nele. A luz lhe deu novo ânimo. Ficaram de mãos dadas por algum tempo depois que a luz se foi, olhando para os rostos um do outro. Kay disse-lhe que sabia que na próxima lua Atilde completaria dezoito luas e por isso seria indicado pra ela um Senhor. Ela não se preocupasse, porque ele estaria com ela. Se fosse outro o Senhor, que ela o acompanhasse pois ele não a tocaria. Estava planejando algo muito bom para ela e para a cidade do sol e confiasse nele. Mesmo que não confiasse e isto não era o caso, as mulheres tinham que obedecer aos seus Senhores. Atilde não discutiu as suas ordens. Sorriu e assentiu. Ele lhe disse que se algo desse errado era pra ela vir até a cachoeira e entrar nela. Atrás da cachoeira tinha um lugar esperando por ela. Mas nada daria errado.

Depois do banho de luz azul, Atilde voltou pra comunidade e nada saiu errado. Fora mandada pra ser preparada pra reprodução. Tudo como sempre. Ela foi feliz sabendo que quem a prepararia seria Kay. Lá chegando foi conduzida a um lugar claro que parecia ser outro lugar que não ficava na cidade do Sol. Até o clima era diferente. Kay estava lá e a recebeu. Mandou que ela entrasse e fechou a passagem. As paredes não eram de pedra. Era um material diferente. Havia bolas brilhantes no teto e elas iluminavam todo o lugar. Ele explicou que ela deveria permanecer ali com ele por uma lua inteira e isto lhe daria tempo. Ficavam juntinhos durante todo o dia e a noite Kay saía e só voltava ao amanhecer. Não explicava nada pra ela e nem ela cobrava qualquer coisa dele. Os alimentos deles eram colocados em uma cuia do lado de fora da porta e era recolhido por ele depois que a criada fosse embora.

O prefeito andava pensativo e com muito medo de que o filho se voltasse contra ele. Não se falaram mais desde aquele dia. Os trabalhos na montanha se tornaram mais cansativos e Kay fazia questão de ir trabalhar no lugar dele a noite. Ele achou que era bom demais pra ser verdade. Será mesmo que o rapaz era tão obediente assim? Mas relaxou e deixou que as coisas andassem.

Todas as noites Kay hipnotizava os soldados na mina e conversava com as mulheres. Elas descansavam enquanto ouviam seus planos. Não concordara com nada do que o pai estava fazendo. Queria dar um jeito nisso, mas por enquanto, queria que elas continuassem a trabalhar como se nada estivesse acontecendo. Trabalhavam com mais afinco ainda pois ele lhes dava uma dose noturna de água da fonte, assim suas forças eram ilimitadas. Os diamantes eram levados para um lugar qualquer e seu pai não dava pela falta deles pois pedras azuis falsas eram colocadas em seu lugar.

O tal amuleto gigante, era feito de um metal que atraía para si tudo que fosse feito do mesmo material das correntes. Fizeram um amuleto igual de pedra da mesma cor e o substituíram. Os homens eram condicionados a obedecer a quem estivesse no comando e por isso foram condicionados durante o tempo em que estavam hipnotizados por muitas noites, a obedecer a Kay.

Por várias vezes as mulheres da mina foram testemunhas dos poderes de Kay e aprenderam a vê-lo como a um Deus. As outras continuavam na inocência. Era melhor que fosse assim.

Kay descobrira uma estante de papiros onde seu pai contava tudo o que acontecia na Cidade do Sol desde a fundação até os dias atuais. Assim ficou sabendo que esses moradores eram remanescentes de um povo antigo que morara naquela região. Foram dizimados por um conquistador maluco que matara a muitos. Quando seu pai os encontrou, se encontravam em um esconderijo dentro de um vulcão. Inativo. Ali ele se aproveitou da ingenuidade deles pra se fazer de Poderoso e foi através dessa oportunidade que ele foi se tornando um cientista melhor do que já era.

Ninguém sabia ler por ali, menos Kay que estudara fora por vontade de seu pai. Ele fora enviado para um lugar além das águas bravias pra adquirir saber sobre toda a raça humana. Quanto mais ele aprendia mais saudades da sua alcova sentia. Quando voltou sabia ler e escrever em várias línguas, inclusive conseguia ler até linguagens de sinais devido a sua percepção poderosa.

Finda a preparação de Atilde, ela foi entregue a um jovem da aldeia e a festa da entrega foi especial desta vez. A praça do sacrifício foi preparada com muito desvelo. Havia flores por toda a parte pois todos sabiam que a moça gostava de colher flores e colheram para ela. As crianças cantaram canções lindas para ela e as anciãs devotaram a ela muitas predições de amor e felicidade.

O jovem era chamado de Kushy que, na língua nativa queria dizer o guardador. Contava com 30 luas de idade. Ele era responsável por guardar as sementes e castanhas com que se alimentavam as pessoas do povoado. Isto foi muito a calhar, pois apesar de muito viril, Kushy não a tocou. Levou a dádiva pela mão e a guardou até segunda ordem. Ele levou Dhil para morar com eles pois a moça deveria ser tratada como uma princesa. E a anciã não queria se separar dela.

A colheita de castanhas e nozes se multiplicou por esta época e Kushy trabalhou dobrado. Atilde não poderia ser vista pois estava servindo a seu senhor e seria assim por algumas meias-luas. Dhil não saiu de seu lado. Já se passaram 7 luas desde que servira a seu Senhor Kay e Atilde já engordara bastante. Seu ventre estava inchado e ela já sentia mexer dentro de si a sua cria muito amada. Kay andava ocupado mas sempre vinha visitá-la com a proteção de Dhil. Ele se camuflava e assim não a difamava. Quando estivesse chegando a hora sagrada para Atilde, ele saberia o que fazer. Por enquanto não era prudente fazer nenhuma revolução pois a delicadeza de seu estado era visível.

As coisas mudaram bastante na Cidade do Sol. O prefeito já não era muito temido por quase ninguém. Os homens respeitavam a Kay como seu novo Prefeito mas não deixavam transparecer suas opiniões para o prefeito.

O povo se acostumou a ver Kay e sua túnica linda se movimentar pela cidade e já não achavam estranho. Seus cabelos eram maravilhosos e ele curava feridas com o toque de seu dedo. Era muito querido por todos e na ausência do prefeito se dirigiam a ele para qualquer problema. A palavra do prefeito não era tão importante pois que ele fora visto e ainda seria o sacerdote do Deus Sol, pois ainda conservava seus poderes. Quando o prefeito falava que ele não poderia ser visto o povo o temia, mas agora o amavam. Ninguém dizia para o Prefeito que o conheciam. O prefeito estranhamente perdeu seus poderes de ler a mente das pessoas. Era Kay quem lhe dava este poder.

O povo tinha medo do prefeito e por isso também não conversavam com ele.

O guardador, Kushy, Chegava em casa muito cansado e dormia profundamente. Obedecia s ordens de Kay como um cachorrinho bem-mandado mas um certo dia, bebeu cauim demais e ficou um pouco alvoroçado. Quis brigar com Dhil e mandá-la embora. Queria ficar sozinho com sua dádiva. Dhil não queria sair e por isso ele a agrediu. Dhil era uma anciã forte mas tinha suas fraquezas. Caiu e bateu com a cabeça na lateral de um objeto cortante. Na cidade do sol, ninguém jamais tirara sangue de ninguém. Ali era proibido. Ele teria que ser punido severamente ou isso viraria costume. O prefeito mandou colocarem Kushy na praça central e acorrentá-lo. Ele nem aguentava em pé de tão embriagado. Nunca tinham visto ninguém se exceder na bebida. Ela servia apenas pra relaxar depois de um dia cansativo. Era permitido apenas um pequeno vaso de cerâmica pra cada pessoa. Ele tomara pelo menos uns quinze. Estavam todos muito tristes porque Kay lhes prometera que ninguém mais seria levado pelo vento da maldade. OI prefeito saiu e todos ficaram esperando que o vento levasse Kushy. Mas isto não aconteceu. As correntes ficaram ali e ele acorrentado na praça do sacrifício com todas as pessoas a lhe olharem. Quando a bebida perdeu seu efeito, e ele viu a situação em que estava, ficou muito triste. Pediu ao vento que o levasse. Chorava muito e Atilde pediu a Kay que o libertasse pois ele não fizera por mal. Dhil compreendera sua bebedeira e o perdoara. Nem ela queria vê-lo ser levado pelo Vento. Kay disse que isto seria difícil de fazer mas ele faria diferente. Foi até a praça e desafiou o prefeito.

_ Vamos meu pai, onde está seu Vento poderoso? Manda-o punir um jovem trabalhador só porque ele exagerou na bebida!!! Onde está seu Deus Sol? Porque ele ainda não queimou o jovem Kushy? Responda!!!

Diante dessas indagações o povo partiu pra cima do prefeito com indagações e ameaças. Que Deus era esse que punia somente aqueles que ameaçavam a autoridade do prefeito? Ninguém aguentava mais a desfaçatez de um Vento da maldade ou de um Deus Sol. Queriam explicações. O prefeito não poderia dá-las. Por isso saiu em disparada pela montanha tentando se refugiar dentro dela e aproveitar para verificar o que dera errado desta vez. O povo não o seguiu pois Kay estava com eles e usando seus poderes, fez com que eles esquecessem do prefeito momentaneamente.

A vida continuou na cidade do Sol. As pessoas ainda respeitavam o Deus Sol e o vento da maldade. Era melhor que continuasse assim por algum tempo.

A lua cheia nascia no céu e Atilde sentiu uma pontada de dor no abdômen. Suas pernas ficaram lavadas e ela então avisou Kay mentalmente.

Continua...

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 03/10/2014
Reeditado em 18/08/2015
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