Meu doce pecado (part. III)
Capítulo 4
O brilho das estrelas
Numa noite fria e tranquila resolvi sair, era final de semana e mesmo a cidade estando em clima sombrio devido aos últimos assassinatos ocorridos, estava precisando esquecer os livros e viver um pouco.
Tomei banho, vesti minha calça jeans preferida, uma blusa de mangas azul, meu casaco preto que me salvava do frio, e calcei minhas sapatilhas. Penteei meu longo cabelo e passei um pouco de perfume.
Verifiquei as trancas das portas e janelas. Peguei meu celular que estava sob a escrivaninha e sai.
Eu não morava no centro e o lugar mais movimentado que ficava próximo ao meu prédio era a “praça dos namorados”, que ironia ir até lá desacompanhada. Desci as longas escadas do corredor do prédio, caminhei lentamente sentindo o vento gelado tocar minha pele, apesar dos acontecidos na cidade às ruas estavam movimentadas. Cheguei até praça e vi muitas pessoas, a maioria com suas namoradas e namorados comendo pipoca, algodão doce, se divertindo. Fiquei olhando longos beijos e abraços enquanto eu tentava encontrar um banco vazio para sentar. Sozinha fiquei ali, admirando o brilho das estrelas, enquanto mais casais chegavam até a praça, eu não me sentia incomodada de não ter amigos, ou namorado ou até mesmo uma paquera, nada daquilo era essencial para mim. Dava prioridade sempre a minha faculdade, e mesmo assim nenhum homem entenderia o meu jeito de ser. Não gosto de dar explicações, nem lembro datas de aniversário ou algo do tipo. Não bebo e nem saio para festas, meus programas favoritos eram ficar em casa vendo TV, ir ao Café com Aroma, ou então sentar na praça. Que tipo de homem gostaria de ter uma namorada assim? O meu carteiro Alexander Durban? Talvez...
Fiquei ali sentada por muito tempo, refletindo sobre a minha terrível vida amorosa. De repente olhei para o lado e vi do outro lado da praça, um homem alto parado observando o movimento enquanto bebia algo. Ele usava um casaco cinza-escuro e óculos. Ele caminhou em direção a um banco e se sentou, pude notar que era meu Alexander, ele continuava a observar tudo ao seu redor, puxou um jornal do bolso e começou a ler.
Confesso que minha vontade era correr até aquele banco e puxar uma conversa, mais isso não seria o certo. Fiquei pensando alguma maneira de me aproximar afinal àquela oportunidade de o conhece-lo melhor era única.
Resolvi caminhar devagar até lá, dei três passos e desisti voltei e sentei no meu banco, e falei comigo mesma:
- Sarah Williams, se controle você não é assim!
Minha consciência gritava dentro de mim, afirmando o quanto eu estava sendo imatura, e atirada. Mais meu coração pulsava, e me dava à certeza de ir até ele. Como eu sempre obedeci a razão, por amor ou paixão resolvi fazer diferente e seguir meu coração.
Levantei e segui adiante, parei em frente ao seu banco e fiquei com uma boba ali parada em sua frente sem dizer uma palavra, ele tirou a atenção do jornal, me olhou e disse:
- Oi?
- Olá, é lembra de mim, sou Sarah Williams?
É posso afirmar que essas foram às palavras mais idiotas que minha boca já pronunciou, como um carteiro que entrega várias correspondências todos os dias, a várias pessoas diferentes iria se lembrar de mim? Realmente o amor nos deixa completamente sem noção.
- É, desculpe mais eu não estou lembrado, desculpe.
Ele falou isso de uma forma tão sem jeito e carinhosa.
Sentei e disse:
- Que tolice a minha querer que se lembre de mim, uma simples garota que você entregou cartas há alguns dias atrás. Prazer sou Sarah Williams.
- Muito prazer senhorita Williams, sou Alexander Durban.
Disse isso com um doce sorriso, segurando minha mão e dando um leve beijo. Lógico que não iria informar a ele que já sabia seu nome, ele iria ficar pensando que eu era uma obcecada ou coisa pior, talvez se sentisse perseguido.
- Que noite linda, concorda Sarah? Ele falou com um imenso ar de apaixonado.
- Sim, nunca vi a Lua tão cintilante. Venho aqui sempre que posso. Adoro admirar as estrelas por aqui.
- Que maravilha, não é comum encontrar uma menina da sua idade que o programa preferido do sábado a noite seja sentar em um banco de praça e admirar estrelas.
Eu sorri com aquilo, e pude admirar mais de perto sua infinita beleza, sua barba não estava feita, a cor de seus olhos eram verdes e brilhavam ao se encontrar com o mel dos meus olhos.
- Me dedico bastante à faculdade então, meu programa favorito é realmente esse.
Os minutos foram se passando e ficamos ali parados olhando para o céu e conversando. Fiquei ainda mais encantada quando soube que ele era músico, tocava piano assim como meu pai.
- Ainda me esforço para alcançar o sucesso nesse ramo. Ele disse sorrindo.
- Exige muita dedicação, meu pai é pianista também. E por falta de oportunidades não virou um grande artista.
- Seu pai toca piano também? Que ótimo! Disse ele com aquele sorriso magnifico, que somava mais uma qualidade na minha lista.
De repente, interrompendo a curta conversa ele olhou para o relógio e me falou:
-Preciso ir, já está tarde. Vá para casa mocinha, ás 22:30 ás ruas se tornam perigosas para garotas atraentes como você.
Aquilo me soou como uma ordem e não um pedido. Fiquei um pouco assustada, mais levei na brincadeira e rapidamente o indaguei:
- Qualquer dia desses um café?
- Não, você foi uma boa companhia para hoje, eu não sou o tipo de amigo que você costuma ter. E além do mais não sou de muitas amizades. Desculpe-me, mais esse encontro foi apenas uma coincidência. Até mais.
Ele saiu e eu fiquei ali, parada, como uma idiota que não costuma ir atrás de ninguém e quando faz isso se dá mal.
Mais o que aconteceu? Será se fui precipitada demais? Ele não gostou da conversa sobre as estrelas?
Bom, realmente já estava tarde e a praça já ficava vazia, e precisava voltar para casa. Pensaria melhor sobre isso quando estivesse em minha cama.
Fui caminhando e sentindo a brisa, cheguei à escadaria do prédio velho e feio. Meu apartamento era no corredor seis, era escuro e assustador só havia quatro lâmpadas, das quais só funcionava uma que fica piscando a todo instante. Eu subi, e quando cheguei ao corredor quatro...