A deusa do vento

A deusa do vento

Ela chega devagar e soprando uma brisa gelada, a gente sente na alma e fica arrepiado, aquele friozinho sobe pelas costas até a nuca, sopra no ouvido, como se quisesse dizer alguma coisa, lá no fundo, bem fundo, tão profundo que paramos para escutar, mesmo se ela estiver apenas soprando.

Naquele dia em que eu subi na grande pedra, o sol estava forte, não ventava e o calor estava insuportável, parei e olhei o céu. As nuvens estavam formando e mudando o cenário. Do alto daquela pedra, eu avistei um vento forte se aproximando, eu via ao longe a mata baixando com a força do vento, se deliciando com o seu carinho, com movimentos de felicidade.

Quando ela chegou na grande pedra e me viu, se apaixonou, ela não conseguiu sair do meu lado. Eu via e sentia ela girando sobre mim, já não ventava tão feroz mais, ela soprava um vento suave e gostoso. Eu não sentia mais tanto calor, sentia aquele vento carinhoso e refrescante que dominava e tomava conta do meu corpo, aliviando o calor e tranqüilizando a alma.

A partir daquele momento, percebi que não estava mais só, então olhei atentamente, para ver se conseguia vê-la. Ela estava ali, do meu lado olhando a planície também. Eu fiquei olhando para ela e quando ela falava alguma coisa para mim, eu não escutava, mas sentia o vento soprar em meu rosto.

Ela era linda, mas sua imagem não era nítida, era uma imagem turbulenta, em constante movimento, como se estivesse em um túnel de vento fazendo ondas nos seus cabelos. Fiquei encantado com a sua beleza e sorri, ela sorriu também e do seu sorriso saiu uma brisa refrescante, que atingiu o meu coração.

Resolvi brincar e saí correndo da pedra, Pulei e corri, ela correu atrás e na medida que eu corria, ela vinha fazendo festa atrás, levantando poeira, levantando folhas e soprando um vento forte em mim. Corremos, corremos muito, no meio das árvores, no meio do campo. Às vezes, ela me ultrapassava e ficava girando, fazendo um roda moinho como uma bailarina dançando, para chamar a minha atenção.

Nosso namoro era lindo, eu ia correndo e ela me beijando com aquele beijo gelado de vento, eu sentia o carinho daquele vento na boca e no rosto, eu corria e ela me abraçava com seu abraço de vento gostoso e refrescante, tão bom que eu sentia na alma.

Um dia, aconteceu uma coisa inexplicável, quando eu corri para a grande pedra, escorreguei e caí de uma altura muito grande, não tive como me defender e fiquei ali no meio da mata jogado. Ela chegou com todo o seu amor e me viu ali caído, imóvel e sem vida. Seu coração ficou desesperado. Ela deu um grito de dor e saiu arrastando tudo, com uma força imensa, tão forte que arrancava árvores, arrastava casas e destruía tudo que encontrava pela frente. Ela chorava e aquele vento e aquela chuva inundava tudo.

Naquele momento, eu cheguei e acalmei a sua dor, ela me viu e ficou feliz, acalmou e agora sopra suave, um vento bem gostoso, o vento do amor. Agora eu vivo com ela, como vento soprando e brincando no meio das árvores.

Paulo Ribeiro de Alvarenga

Criador de vaga-lumes

Iluminando Pensamentos

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Criador de vaga lumes
Enviado por Criador de vaga lumes em 19/09/2014
Reeditado em 03/04/2015
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