ENCONTRO CASUAL 1

A bela possuía fios de ouro que ornavam toda a cabeça, rútilos e ofuscantes quanto um sol ao meio-dia, - me senti assim: como um planeta girando em sua órbita e sem forças para se libertar de tal atração - e sua pele era dourada como só aqui abaixo do equador! como só aqui, neste fim de tarde... à frente, o grande oceano atlântico, com suas praias tropicais de incomparável beleza, com sua extensa faixa de areia fina e levemente morena. Tomei coragem e convidei-a pra dançar coladinho "o reggae maranhense"; sim, coladinho, pois no Maranhão, ao contrário do que acontece nos outros lugares, ele é dançado dessa forma. Esqueci de dizer também, querido leitor, tomado por esses devaneios, que eu estava numa dessas casas de divertimento público, típicas de São luís, cuja música, o reggae, nos incita à aproximação e ao flerte!

- Não sei dançar! - ela me respondeu. Não poderia perder essa, e balançando meu corpo como uma embarcação em alto-mar, e depois enlaçando os braços em suas costas nuas, umedecidas pelo suor que brotava como um orvalho, falei bem pertinho, sentindo o perfume:

- É só seguir o ritmo do coração; não do meu que está descompassado, mas do seu.

E puxando mais conversa, blefando, afaguei o seu ego:

- Você não é daqui, pois em São Luís não existe mulher bonita.

- Sim, eu sou, e aqui há mulheres lindas!

- Sei: você é a prova disso!

Passamos o restante das horas dançando, conversando, namorando... mas senti uma certa preocupação da parte dela que não a fazia relaxar; talvez por isso, como que combinado, não combinamos nada. E quando lá retornei, três semanas depois, não para surpresa minha que já havia suspeitado, a vi ao lado de um grupo de pessoas, e entre eles, um rapaz, o qual se abraçou, como que para avisar, quando me viu inesperadamente.