AUSÊNCIA PRESENTE

Ele chegou...Com pouca idade, mas um olhar maduro de quem sabe o que quer.

Teve atitude, apesar da sua fragilidade de ser quase menino, porém seu toque mostrava timidamente o homem que se formaria anos depois.

Ela encantada... E após algumas horas de música cantada por um grupo em que ambos participavam, ele se aproxima e com um sorriso a cumprimenta . Aquele menino acabara de deixar no olhar, o que palavra alguma seria capaz de exprimir.

Ambos se olhavam dias e dias... Sorrisos serviam de códigos para um desejo absurdo que os dois sentiam por apenas um toque, por menor que fosse, mas que o universo os deixasse viver aquela mágica.

Chegou o dia... E numa noite de setembro os dois trocaram o primeiro beijo... Um sonho!

Depois nos próximos encontros às escondidas, deixavam que os olhos falassem antes do beijo...

Numa vontade de manter contato diário, trocavam cartas... Uma delícia cada envio ,e cada resposta. Amigos serviam de pombos correio. Cartas de próprio punho. Com o tempo ele foi embora de onde ela morava... As cartas agora levavam mais tempo, demoravam mais para acalmar aqueles corações que sem experiência alguma, começavam a entender o significado da palavra amor. Mas ele de vez em quando voltava à cidade onde tiveram o primeiro encontro, onde se descobriram. E sempre davam um jeito de deixar o coração falar por eles.

Os dois deixavam ali, em papéis de carta, registros do que sentiam.

Amor de adolescência... Marcou pra vida toda.

Anos passaram, perderam contato, e isso os fez seguir caminhos opostos.

Ela sozinha depois de traçar o caminho errado;

Ele sozinho acompanhado (a pior solidão).

Planos de amor pra vida toda, dois filhos sonhados, de se deixarem levar pelo melhor da vida.

Após quase vinte e dois anos...Reencontro virtual.

Quem diria que uma tela tão fria, tão mecânica; transmitiria tanto sentimento...

Um sentimento que nunca acabou, mas que ambos por sensatez e conveniência deixaram em algum lugar... Em alguma gaveta por não seguirem juntos o mesmo caminho.

Quase houve reencontro pessoal... Ele achou melhor evitar, considerando o perigo.

Os dois sonham, e se encontram todos os dias em pensamento.

Ela já o disse que na vida só se ama uma vez.

Ele pede desculpas por pensar nela todos os dias...

Difícil aceitar que tanto amor não pode existir. Por outro lado, se pensa no quanto a vida é curta... Na verdade um conto rápido demais, que não se permite tempo para apenas viver relendo, exige atitude.

Deus...Maior testemunha do que sentem.

Ambos por temor, seguem as suas vidas.

Como um fio de esperança, ela recebe dele um desabafo: "Ainda não poso ir além disto"

Momento de reflexão...

O tempo, as circunstâncias, os contratempos... Nada; nada foi capaz de apagar essa história.

Se é amor?

Alguém duvida?

E tudo poderia ser tão simples...

Ele pede sempre que ela guarde o seu coração;

Ela pede perdão por não saber.

A vida segue, e o sonho continua...

Ela lamenta por ter vivido tantos anos sem ele

Quem sabe ele não seja o grisalho que ela tanto espera...

O amor não envelhece... E quando ele chegar, os dois voltarão a ter a mesma idade do último encontro.

JVale
Enviado por JVale em 09/08/2014
Reeditado em 11/10/2014
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