Não me acorde (capítulo 5)

Uma onda de pensamentos diversos atacava a mente de Viktor. Ele não sabia mais o que pensar, sua respiração estava um pouco ofegante, pois tinha encontrado a mesma garota dos sonhos anteriores, mas dessa vez percebera tudo, sabia que estava num sonho.

— Falou comigo? — perguntava ela.

Viktor, após respirar mais um pouco, conseguiu falar...

— Você não pode... não pode... é...

— Você está bem? — perguntava ela.

— Sim, sim, estou. Você não pode entrar aqui por essas bandas do camarim.

— Ah! Desculpe! É que eu só queria um copo d'água. Minha irmã mais nova é fã de vocês, e eu tive que trazer ela pra cá. Já estávamos atrasadas, e eu já estava morrendo de sede. Hahaha!

— Bem atrás de você tem um garrafão d'água... — falava Viktor, dando umas risadinhas.

— Ah! Hahahahaha! Eu e minha falta de atenção.

Viktor, ainda rindo um pouco, arregalou os olhos de novo. Percebera que tinha se distraído, mas logo foi em direção à menina, chegou perto dela e...

— Olha, eu sei muito bem quem é você.

— Como assim? — falava a menina, assustada.

— Não tente me enganar, esse já é bem o meu quarto sonho que você invade, deixando minha cabeça confusa. O jogo acabou, eu percebi que é um sonho.

— Como assim? Eu não entendo. Por favor, pare de brincadeiras, estou ficando com medo.

— Qual seu nome? Não! Espere! Não diga! Seja lá qual for, começa com a letra V, certo?

— Moço, você está me assustando...

— Começa ou não com a letra V? Só responda-me.

— Sim, começa... mas...

— Qual é seu nome? — falava ele, interrompendo-a.

— Eu não vou falar mais nada, vou dar o fora daqui, você é muito esquisito. Não tente nada, daqui onde estou consigo ver dois guardas ali no canto.

— Eu não quero nem vou lhe fazer nada, só quero saber seu nome. — o aspecto de Viktor tinha mudado, seus olhos de mistério, que tanto assustavam a moça, viraram olhos piedosos, nos quais, quando a moça os viu, mudou sua feição também.

— O que houve? Você parece triste com algo.

Os olhos de Viktor começavam a brilhar, lubrificados com lágrimas.

— Você está bem? O que aconteceu? Você está lacrimejando.

— Isso é um sonho, moça... É um sonho! — falava ele enquanto continuava lacrimejando, sem que uma lágrima caísse.

— Um sonho? Como assim? Desculpe-me lhe fazer várias perguntas, mas é porque não estou entendendo quase nada...

— Isso tudo, eu, você, o show, é tudo um sonho. E eu vou já acordar, sem saber novamente quem realmente é você.

— Meu nome é Vanessa. É isso que quer saber?

— Vanessa...

Viktor olhava para baixo, sabendo que em alguns instantes tudo aquilo iria acabar.

— Vanessa... você... você...

Viktor tentava perguntar algo que pudesse lhe ajudar a encontrá-la na vida real.

— Você...

Enquanto tentava fazer a pergunta, Viktor percebeu que Vanessa tinha uma tatuagem no pé da barriga. Nos outros sonhos, sua barriga nunca aparecia, mas nesse, com a roupa que Vanessa estava usando, era possível ver sua barriga.

Viktor logo percebeu que a tatuagem era um olho, um olho com uma lágrima escorrendo.

— O que essa tatuagem na sua barriga significa? Ela tem um significado?

— Tem sim. Sempre apreciei muito a lágrima. Eu acho que a lágrima consegue...

BUM! As luzes se apagam, não há mais nada, nada mais tem cheiro, nada mais tem som, nada mais tem cor...

Viktor acorda...

— Um olho com uma lágrima! Uma lágrima descendo, escorrendo, no cantinho de um olho! Preciso procurar o significado disso, se é que realmente tem um significado universal ou coisa do gênero. Mas só depois de comer, claro, nunca acordei com tanta fome.