A Voz do Silêncio

Naquele dia Mariá foi disposta a começar uma nova vida. Queria saber se valia a pena jogar para o alto tudo que havia conquistado em nome daquela paixão que estava sentindo. Antes, ela precisava ouvir uma promessa de amor.

_ Jhonatan, preciso saber... Você me ama?

Silêncio.

_ É sério, não fique me olhando desse jeito, eu preciso saber. Eu preciso saber o que será de mim... caso aceite a sua proposta. Estou nervosa, não está percebendo? Mas hoje só saio daqui com as respostas: o que irá me oferecer? Você me ama?

Silêncio.

_Eu quero ouvir a sua voz, responda-me, por favor... Você me ama?

Dessa vez, Jhonatan olha para Mariá como se a visse pela primeira vez. Os olhos brilham como se tentassem segurar uma lágrima traiçoeira, gentilmente, ele toca a face da jovem...

_ Mariá, minha doce Mariá... Como eu gostaria de falar o que tanto deseja ouvir. Mas sou diferente, jamais lhe falarei o que me cobra. Amor é um sentimento puro, lindo, mas sem garantias... A única coisa que lhe prometo é que não deixarei faltar carinho, respeito, alegria em sua vida... Estarei partindo daqui a dois dias. Te aguardarei até o último minuto...Iremos caminhar, correr, talvez poderemos tropeçar, mas tenha certeza de que juntos, um poderá segurar o outro...E até as nossas quedas serão compartilhadas assim como os risos.

_Então... Você me ama? Você me ama! Diga que me ama!

Silêncio.

_Responda se me ama...

_ Pergunte ao seu coração... Eu tenho certeza de que já ouviu essa frase várias vezes, mas de mim, você terá além das palavras. Esse amor que escraviza, cobra é egoísta. Você é preciosa para ser escravizada... Você não precisa de prisão, garantias, palavras...

_Se não me ama, por que quer a minha companhia?

Silêncio.

Mariá insiste:

_ Jhonatan, para que você me quer ao seu lado?

Sem dizer uma palavra, Jhonatan tira a blusa de Mariá, a toca com todo o carinho que só um apaixonado sabe trilhar... em seguida todas as peças se amontoam pelo chão do quarto... E um amor explosivo acontece... Saciados. Jhonatan fala baixinho:

_Estou doente... Preciso de alguém para segurar a minha mão... cuidar de mim... Se possível me dar um filho... A vida é bem curta! Caso eu chegue a velhice queria olhar para sua face também envelhecida, mas presente na minha história...

Mariá olha como se não o conhecesse. Não, não podia ser! Coloca a roupa no lugar, levanta-se da cama, balança a vasta cabeleira em frente ao espelho...

_ Jhonatan! Você me ama? Você me ama?

Em silêncio, Jhonatan queimava de febre... de amor.

_ Entendi. Agora eu entendi o seu silêncio... Você nunca me amou! Adeus.

Elisabeth Amorim

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Bahia/2014

Elisabeth Amorim
Enviado por Elisabeth Amorim em 02/08/2014
Reeditado em 02/08/2014
Código do texto: T4906291
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