A VIRGEM
A VIRGEM
Quando corríamos juntos Pelas trilhas de Alcobaça, Víamos as estrelas Sorrindo com vergonha De ver nossa pura nudez. A fome de nos degustarmos Refletia no cristal de nossos cálices, Nunca saciávamos a sede te amar, Nem ouvíamos os roncos do gigante Adamastor. Nossos sonhos eram De construirmos castelos, No entanto todos desmoronaram E hoje vivemos nas ruínas Da outrora fortaleza do nosso amor e eu gritava; “Não ande descalça pelas ruas, pois ali a noite jamais passa”. Logo pensava nela, então sentia que as horas sem ela era só saudades. Pela manhã desprezava a cantoria da passarada no terreiro. Como interprete dos poetas alados. Havia uma janela Aberta para os montes, De traz da pilha De tijolo cru á via andando Só e descalça como criança Que corre entre mil coelhos brancos e cinza. Vi um escorpião á fitar seu calcanhar róseo, Corri, para meu chapéu branco Pendurado na parede, Ele me chama me chamava e eu triste abaixei a cabeça, Pois sabia que tudo um dia nos será dolorido Ate os dias de minha doce viagem(virgem).