O inverno em Madrid
Na capital da Espanha vivia Martin, um jovem espanhol, atraente aos olhos das mulheres, de classe média que cursava o ensino superior. Filho único, seus pais, professores, lecionavam em universidades diferentes. Ele não tinha muitos amigos -ou nem os tinha-, mas não por opção. Na realidade, o fato era que possuía uma inteligência fora do normal, uma capacidade cognitiva incrível, por esse motivo as pessoas não entendiam boa parte do que dizia ou o que queria expressar. Aos poucos ia se isolando.
Começara um novo ano letivo. No clima frio de Madri, a caminho da faculdade, nevava levemente. Para ele era mais um ano comum, não fazia diferença, pois sabia que ia tirar notas máximas o ano inteiro, mas que não teria contato social algum. Isso o deixava triste, desanimado e infeliz. Ás vezes se perguntava “quem sou eu?”, “pelo que me dedico tanto?” “Por que estou aqui?” e ” porque estou vivendo?”. Já pensara várias vezes em suicídio, mas nunca havia tentado. Por mais inteligente que fosse, ainda acreditava em algum ser superior, e que algo de bom aconteceria em sua vida, considerava isso como um tipo de fé.
Ao entrar na sala de aula, tudo estava exatamente igual. Mas ao olhar para o fundo da sala notou a presença de uma nova aluna, muito bela por sinal, tinha o cabelo comprido, loiro e liso, uma pele branca impecável e um lindo sorriso angelical. Mas Martin logo foi a sentar-se sem olhar muito para os lados, parecia que ele sentia que era seu dever manter-se longe das pessoas, pois se auto excluía.
Passaram-se alguns dias, e notou que a novata sempre estava sentada no fundo da sala e nunca falava com ninguém, achou estranho, e por impulso de seu inconsciente foi falar com ela. Seu nome era Nádia; e parecia perfeita, pois também era super inteligente, não tanto quanto ele, mas era.
Conversaram por horas sobre a teoria das cordas, entre outros temas e teorias “simples”. Ao ir embora, foram juntos para o ponto de ônibus. Minutos depois chegou o ônibus de Martin, mas Nádia pediu-lhe para ficar e esperar o outro para faze-la companhia. Sem pensar duas vezes Martin aceitou. Se distraiu por alguns minutos e quando olhou para o lado Nádia não estava mais lá! Seu ônibus chegou, ele não a encontrou e foi embora. A caminho de casa ficou imaginando que naquele momento sua vida não seria mais a mesma, sentia uma felicidade interna gritante quando estava com ela.
Quando chegou, se assustou quando viu na televisão, a notícia de que o ônibus que ia pegar se descontrolou, bateu e caiu da ponte. Trinta e duas pessoas morreram, uma ficou internada em estado grave mais veio a óbito quatro horar depois, e o motorista, não foi encontrado. Ficou abismado pois deveria estar morto naquele momento! Imaginou se teria sido apenas muita sorte, ou destino ter permanecido no ponto com Nádia.
No dia seguinte, ele a encontrou e perguntou o que havia acontecido. Ela disse apenas que teve que ir . . .
Em meio a várias árvores sem folhas e a imensidão branca de neve, passaram a tarde inteira conversando, e em um momento ele sem querer esbarrou em um homem, que como resposta o chamou de louco! Ao ir embora . . . Nádia sumiu novamente.
Um novo dia, e ele a procura em todos os lugares, fica triste ao perceber que ela tinha faltado. Martin estava completamente apaixonado por ela. Passaram-se vários dias e ela não aparecia, até que ele pergunta a um professor se sabia porque motivo Nádia faltava tanto. Que responde:
- Quem é Nádia? Nunca houve nenhuma Nádia nessa sala! Está louco?
Manchete de um jornal espanhol:
“Jovem madrilense, após sair da faculdade, se atira na frente de um ônibus!”