A Libélula Ferida
Duas libélulas voavam exuberantes
Dando um espetáculo deslumbrante
Refletindo o sol com suas asas cintilantes
Faziam um bailado ligeiro e estonteante
Deslocavam-se e pairavam com elegância
Foi quando uma ave num ataque repentino
Investiu contra as duas, foi um desatino
As libélulas com um voo cruzado
Rapidamente fugiram uma pra cada lado
Confundiram a ave predadora e escaparam
Notei porém que uma delas se debatia no chão
Percebi suas asas quebradas e tive compaixão
Me acheguei com carinho bem devagarinho
E tentei de alguma forma ajudá-la
Mas não sabia como tocar com delicadeza
E consertar aquelas asas devolvendo a beleza
E a habilidade de voar com destreza
Enquanto desajeitado tentava ajudar
Percebi que a outra libélula continuava a voar
E que mais uma surgira voando ao seu lado
Como que ignorando a que estava ferida
Fiquei comovido e pensei: que fazer? é a vida
Tornou-se questão de honra refazer aquelas asas
Mas há coisas que não se consertam mais
Percebi que a libélula caída já não se debatia
Então entendi que só piorei tudo, pobrezinha!
Mesmo na intenção de ser útil, fui desastrado
Me afastei, sem saber como me desculpar
Gostaria de dizer que fui sincero e queria ajudar
Mas que bobagem, ela jamais entenderia meu falar
Vi que as outras duas libélulas se afastaram
Seguindo a vida ignorando o que se passara
Também me afastei condoído mas contido
E a libélula ferida ficou lá no chão caída
E eu frustrado vou seguir pensando
Que as vezes amando, acabamos magoando
Por ser desastrado nosso modo de agir desajeitado
Mesmo bem intencionado, é melhor deixar de lado
Acabei também ficando, foi com o coração machucado