A Libélula Ferida

Duas libélulas voavam exuberantes

Dando um espetáculo deslumbrante

Refletindo o sol com suas asas cintilantes

Faziam um bailado ligeiro e estonteante

Deslocavam-se e pairavam com elegância

Foi quando uma ave num ataque repentino

Investiu contra as duas, foi um desatino

As libélulas com um voo cruzado

Rapidamente fugiram uma pra cada lado

Confundiram a ave predadora e escaparam

Notei porém que uma delas se debatia no chão

Percebi suas asas quebradas e tive compaixão

Me acheguei com carinho bem devagarinho

E tentei de alguma forma ajudá-la

Mas não sabia como tocar com delicadeza

E consertar aquelas asas devolvendo a beleza

E a habilidade de voar com destreza

Enquanto desajeitado tentava ajudar

Percebi que a outra libélula continuava a voar

E que mais uma surgira voando ao seu lado

Como que ignorando a que estava ferida

Fiquei comovido e pensei: que fazer? é a vida

Tornou-se questão de honra refazer aquelas asas

Mas há coisas que não se consertam mais

Percebi que a libélula caída já não se debatia

Então entendi que só piorei tudo, pobrezinha!

Mesmo na intenção de ser útil, fui desastrado

Me afastei, sem saber como me desculpar

Gostaria de dizer que fui sincero e queria ajudar

Mas que bobagem, ela jamais entenderia meu falar

Vi que as outras duas libélulas se afastaram

Seguindo a vida ignorando o que se passara

Também me afastei condoído mas contido

E a libélula ferida ficou lá no chão caída

E eu frustrado vou seguir pensando

Que as vezes amando, acabamos magoando

Por ser desastrado nosso modo de agir desajeitado

Mesmo bem intencionado, é melhor deixar de lado

Acabei também ficando, foi com o coração machucado

A Carlos Borges
Enviado por A Carlos Borges em 01/07/2014
Reeditado em 14/09/2014
Código do texto: T4865662
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