Ecos de Lacuna - A timidez ruborizada
Dick, quieto, Dick! Mas, as lambidas eram inevitáveis naquele momento em que os dois encontravam-se... a menininha e o cão.
Dick era um cão dinamarquês de pelo preto e muito bem cuidado. Era temido nas redondezas porque de porte grande, altivo e soberbo. Um lorde. Um rei de manto negro. Parecia um leão. E a menininha o montava no pelo liso fingindo ser amazona. E deleitavam-se naqueles tardes quentes de verão.
Dona Francisca, (que Deus a tenha) uma vizinha adorável e fuxiqueira como quê, fazia a sua passagem sempre nas tardes quentes de verão nas proximidades daquela ponte de cerquinha branca. E não é que a velhinha até espichava o pescocinho para ver a cena da menininha com o seu belo cão de guarda? Uma vez, a menininha sentiu-se vigiada e corou no ato. A sua timidez era visivelmente às claras. Ela não gostava de ver gente. Só gostava da natureza e dos animais. Dona Francisca veio ao seu encontro no limite da cerquinha branca e disse-lhe: - Não fique envergonhada, meu doce. Sempre que passo por aqui fico olhando você com o seu cãozinho nessa ponte e com os seus pezinhos mergulhados nesse córrego. Sabe, se eu soubesse escrever, faria uma poesia para você. E nesse pequeno monólogo, a menininha corava-se mais. E entoou de maneira quase inaudível um “obrigada, moça” Logo depois carregou o seu lorde de manto preto para dentro e naquela tarde não saiu mais.