CARÊNCIA FATAL
Numa rua qualquer de uma grande cidade, Myrna andava sozinha. Ia depressa, como quem tivesse um destino certo. Decidida, como quem tivesse um plano a pôr em prática. Mas, suas pernas tremiam. De medo? Não. Ansiedade, talvez. Era um dia como tantos outros, mas não para ela. Depois daquela decisão, sabia que nada mais seria como antes. Todos os seus sonhos a acompanhavam, passo a passo. Todo o tédio, todos os sentimentos e desejos reprimidos durante dezoito anos iam com ela, não a abandonavam por um segundo sequer.
De repente, parou. Seu olhar deteve-se num jovem que a olhava com claras intenções libidinosas. Sorriu de leve. Ele se aproximou e a olhou nos olhos. Encantou-se com sua beleza madura, seu rosto bonito, sua pele bem cuidada. Com um olhar, fez o convite. Sem pensar, ela aceitou. Minutos após, estavam no carro dele. O destino? O motel mais próximo.
Pela cabeça dela giravam pensamentos desencontrados. Um sibilo de serpente destilava em doses garrafais a certeza de suas dúvidas, ou as dúvidas de sua certeza, não sabia direito. Sabia apenas que iria adiante. Seria feliz, nem que fosse a última coisa que faria nessa vida! Partia-se em milhões de momentos. Só pensava em vingar-se... sendo feliz! Escolheu, para isso, entregar-se ao primeiro homem interessante que encontrasse, que olhasse para ela e a fizesse sentir-se de novo mulher, desejada e amada. Uma melodia envenenada bailava em sua mente, fazendo-a arrepiar-se. Pouco depois bailava nos braços do desconhecido que a conduzia com destreza e malícia no olhar. Ah, que saudades sentia de um olhar assim malicioso, de um toque atrevido! Nos raros momentos de lucidez parava e contemplava mentalmente o abismo profundo e sem fronteiras que se tornara sua vida conjugal: afeto afetado, lar sem laços, amor morno, sem suspiros ou gemidos de prazer. A culpa era de quem? Não sabia. Mas estava ali, estava adorando estar ali sendo acariciada de forma indecorosa, e não recuaria! Olhou languidamente nos olhos do parceiro e ofereceu os lábios abertos para o beijo e as pernas abertas para a consumação do seu desejo. Beijo doce, jovem atrevido, porém romântico e sutil. Mãos ansiosas que lhe arrancavam a roupa, dedos penetrantes que aproveitavam sua permissão, língua quente que a fazia contorcer-se em espasmos de prazer há muito não sentidos. Colada e ele, entregou-se como uma adolescente virgem. Deixou-se amar, permitiu-se loucuras, beijou e sugou o peito forte e o sexo rijo. Exatamente como imaginara em seus sonhos mais loucos, ao lado do marido que dormia e roncava sem perceber sua presença na cama. Naquele quarto de motel a esposa contida se tornou amante, prostituta, ousada e louca nos braços daquele homem que tinha idade para ser seu filho. Enquanto a possuía, dizia poemas em seu ouvido e a beijava loucamente! Sem pressa ele a invadia, e a saudade de se sentir amada emanava de cada poro! Entregou-se sem reservas, de um jeito único. Naquela cama a dança das chamas do prazer condenava-a ao orgasmo e ela obedecia, com um sorriso nos lábios. Repetia a si mesma que se morresse naquele momento morreria feliz!
Pouco depois – vítima do tiro fatal – jazia na calçada, ainda com o mesmo sorriso nos lábios...
Numa rua qualquer de uma grande cidade, Myrna andava sozinha. Ia depressa, como quem tivesse um destino certo. Decidida, como quem tivesse um plano a pôr em prática. Mas, suas pernas tremiam. De medo? Não. Ansiedade, talvez. Era um dia como tantos outros, mas não para ela. Depois daquela decisão, sabia que nada mais seria como antes. Todos os seus sonhos a acompanhavam, passo a passo. Todo o tédio, todos os sentimentos e desejos reprimidos durante dezoito anos iam com ela, não a abandonavam por um segundo sequer.
De repente, parou. Seu olhar deteve-se num jovem que a olhava com claras intenções libidinosas. Sorriu de leve. Ele se aproximou e a olhou nos olhos. Encantou-se com sua beleza madura, seu rosto bonito, sua pele bem cuidada. Com um olhar, fez o convite. Sem pensar, ela aceitou. Minutos após, estavam no carro dele. O destino? O motel mais próximo.
Pela cabeça dela giravam pensamentos desencontrados. Um sibilo de serpente destilava em doses garrafais a certeza de suas dúvidas, ou as dúvidas de sua certeza, não sabia direito. Sabia apenas que iria adiante. Seria feliz, nem que fosse a última coisa que faria nessa vida! Partia-se em milhões de momentos. Só pensava em vingar-se... sendo feliz! Escolheu, para isso, entregar-se ao primeiro homem interessante que encontrasse, que olhasse para ela e a fizesse sentir-se de novo mulher, desejada e amada. Uma melodia envenenada bailava em sua mente, fazendo-a arrepiar-se. Pouco depois bailava nos braços do desconhecido que a conduzia com destreza e malícia no olhar. Ah, que saudades sentia de um olhar assim malicioso, de um toque atrevido! Nos raros momentos de lucidez parava e contemplava mentalmente o abismo profundo e sem fronteiras que se tornara sua vida conjugal: afeto afetado, lar sem laços, amor morno, sem suspiros ou gemidos de prazer. A culpa era de quem? Não sabia. Mas estava ali, estava adorando estar ali sendo acariciada de forma indecorosa, e não recuaria! Olhou languidamente nos olhos do parceiro e ofereceu os lábios abertos para o beijo e as pernas abertas para a consumação do seu desejo. Beijo doce, jovem atrevido, porém romântico e sutil. Mãos ansiosas que lhe arrancavam a roupa, dedos penetrantes que aproveitavam sua permissão, língua quente que a fazia contorcer-se em espasmos de prazer há muito não sentidos. Colada e ele, entregou-se como uma adolescente virgem. Deixou-se amar, permitiu-se loucuras, beijou e sugou o peito forte e o sexo rijo. Exatamente como imaginara em seus sonhos mais loucos, ao lado do marido que dormia e roncava sem perceber sua presença na cama. Naquele quarto de motel a esposa contida se tornou amante, prostituta, ousada e louca nos braços daquele homem que tinha idade para ser seu filho. Enquanto a possuía, dizia poemas em seu ouvido e a beijava loucamente! Sem pressa ele a invadia, e a saudade de se sentir amada emanava de cada poro! Entregou-se sem reservas, de um jeito único. Naquela cama a dança das chamas do prazer condenava-a ao orgasmo e ela obedecia, com um sorriso nos lábios. Repetia a si mesma que se morresse naquele momento morreria feliz!
Pouco depois – vítima do tiro fatal – jazia na calçada, ainda com o mesmo sorriso nos lábios...