Humanidade
Perguntei-lhes o que era amor.
Disseram-me:
"Amor pra mim é chegar em casa extremamente cansada do mundo lá fora e receber tantas lambidas das minhas cachorrinhas que eu esqueço na hora, meu cansaço e a possibilidade de nada dar certo."
Gleice
“Amor é quando damos asas para a felicidade daquele que amamos, mas ao invés de voar sozinho, ele resolve ficar e ser feliz com quem ama, para que um dia os dois possam voar juntos, como um só”.
Ingrid
“Pra mim amor...
Amor é quando você consegue passar por cima de todos os defeitos e erros da pessoa, quando bota as necessidades dela a cima da sua. Amor e aceitar e perdoar, é lutar e não deixar ir, e se quebrar estar disposto a recomeçar”.
Raissa
“O amor é um bem querer bem tão, mas tão grande que, por vezes, torna-se inconsequente. Há quem cometa loucuras em seu nome; contra si, contra o outro. É um sentimento egoísta, porque nos faz querer sempre perto aquele ou aquilo que amamos. Um amante, um filho, um animal de estimação... O amor é o perdão àquele que erra, a cegueira voluntária de quem lhe traz no peito. O amor é um aperto no peito, uma angústia interminável, quando quem se ama se faz ausente, mas também é alívio e contentamento em sua presença. Há aqueles que estejam dispostos a amar um desconhecido ou uma planta porque o amor, por vezes, é uma necessidade.
O amor é uma doença que não tem cura”.
Tatiane
“Amor é estar com quem a gente gosta e querer ver ela bem sempre”.
Maria
“Amor é sentir aquele frio na barriga e se sentir bem te dá conforto e uma sensação muito boa, tipo comer sua comida favorita (risos) ”.
Naomi
“Um conjunto de emoções que criam uma relação afetiva”.
JP
“Amar as qualidades e os defeitos”.
Thais
“Amor é uma coisa sem explicação...
Sei lá! (risos) ”.
Rose
“Olha para mim, amor é quando você aceita o outro com seus defeitos e qualidades. É quando você deixa de se preocupar com você para se preocupar com o outro”.
Renan
“Em uma frase é difícil, ainda mais se pensarmos na complexidade que é o amor. Mas acredito que o amor transcende essa vida e as outras.
Lembro-me antes de conhecer o Júlio, tive um sonho em que estava em um lugar e uma pessoa me levou a uma sala, e pediu para eu esperar, pois alguém queria falar comigo. Quando o vi, eu olhei nos olhos dele, e o abracei. Em minha mente passou tantas coisas que vivemos juntos e lembro de tê-lo abraçado e chorado. Perguntei, mas como vou saber se é você? E ele me falou, olhe nos olhos e sinta o coração. Então, anos depois conheci o Júlio e me lembro que fiquei hipnotizada com o olhar dele. E depois de ficarmos, estávamos no carro e coloquei a cabeça no peito dele, senti aquele mesmo sentimento, uma paz indescritível, e ali tive certeza que era ele. Sei que o amor não morre, não acaba, ele continua por anos e séculos. O amor é o único sentimento que nos faz querer ser uma pessoa melhor”.
Luciana
“Man amor pra mim é: doação incondicional”.
Levi
“Amor, pra mim, é confiança. É se deixar ser vulnerável diante de outra pessoa. É poder cair tendo a certeza que alguém vai te pegar”.
Paula
“Amor é ver o brilho do Sol mesmo em dias chuvosos”.
Regiane
“Doar tudo de si sem desejar algo em troca”.
JD
“O amor é a coisa mais maravilhosa e mais terrível que existe no mundo. Amor é a palavra que define os extremos”.
Julia
“Tantos falam de amor, declarações, promessas, palavras vazias.
Amor verdadeiro não acaba nem termina quando mudam as circunstancias, é uma força tão poderosa que uma vez que se ama ou se é amado percorre nas veias em cada fibra do ser, faz da alma sua morada eterna. Ignora a perfeição, pois sabe que não é a respeito do outro ser perfeito, mas sim se são perfeitos um para o outro, se suas imperfeições se encaixam perfeitamente.
Ama aquela pinta marrom no seu ombro e uma verruguinha no pescoço, as linhas nos seus olhos quando ri, o sorriso meio torto, puxado pra direita e o lóbulo da sua orelha. Ama cada "imperfeição" cada detalhe que faz você ser quem você é. Te conhece melhor que ninguém, todos os seus piores defeitos, aqueles que te deixam acordada de noite se remoendo, são esses que ele conhece e, sabe de uma coisa, ele não liga, acha graça, bonitinho até, diz que é o seu jeitinho. Te ama por tudo isso. Te ama porque sim”.
Isabelle
Curiosamente, todos esperaram alguns segundos antes de responder. “Nossa! (risos),você me pegou de surpresa”.
Alguns não responderam no mesmo dia.
Outros sequer falaram alguma coisa... Foram pegos no susto.
Antes de dizer que amor é vida, gostaria de pensar mais nas pessoas, nos seus sentimentos e emoções, na sua respiração...
Respiração. Eu os ouço respirar. Imagino o que pensam quando estão prestes a cair no sono em suas camas, sozinhos. Ou acompanhados...
E o que pensam quando olham no rosto de quem “amam”.
Não é difícil escrever sobre amor, só é difícil deixar bonito. Ou tocar o coração das pessoas.
Possivelmente, quem uma vez já conseguiu tocá-los, deve ter falado sobre todos os tipos de amor.
Não incluo paixão na lista. Gosto de diferenciá-los. E torna-se um fardo botar em palavras uma história boa sob essa pressão de ter escolhido um tema tão recorrente, tão trabalhado por tantos.
Aguardarei um surto de inspiração.
Alguém me questionou antes de responder. Que tipo de amor? Disse-lhe que fosse o que viesse à cabeça.
E agora, questiono eu a importância de uma data comemorando um sentimento que a maior parte das pessoas sequer pode descrever... Será bom? Será ruim?
Cansei de histórias de amor e morte. Quero conhecer quem passa na rua.
Lady Viana
“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
1 Coríntios 13:4-7
Inconformados.
Passos apressados na chuva. Mãos escondidas no bolso do grande casaco. Quem acompanhava, com olhares receosos por sobre o ombro.
Inconformidade... Papéis amassados no bolso do casaco, as lágrimas da chuva caíam também, e assim molhava o chapéu coco. Algumas gotas no papel. “Apresse-se”. O outro fazia questão de conferir se não estavam sendo seguidos.
A porta de madeira rústica fechou num som surdo na boca da rua. Não havia calçadas. Poucos carros passavam por ali. O paralelepípedo molhado era escorregadio.
“Pode me dar seu casaco”, disse um baixo. O alto entregou, e o outro agradeceu. Foram convidados a se sentar. Um bigodudo estava com cartas às mãos.
Antes de começar, mais pessoas se juntaram à sala. Algumas moças, outros rapazes, uns senhores desalinhados... De tudo havia lá.
Inconformados. Depois de um momento de silêncio, o bigodudo começou a falar. Palavras tristes deslizavam de sua boca para os corações de quem as ouvia, e ecoavam quebradas pela sala aquecida por uma brasa ardente.
Ele, inconformado, questionava-se. Por que tamanho ódio? Por que tanto ódio? Quanto ódio! Por que tanto ódio no mundo? Tanta indiferença, e ao mesmo tempo, atenção ao desnecessário... E o desrespeito e discriminação.
Uma ou outra moçoila deixou escapar um soluço encharcado. Seus olhos baixos. Baixos por tanto tempo. De tanta gente. Por causa do ódio...
O medo e, ao mesmo tempo, a coragem de dizer em alto e bom som “eu”.
“Eu” é o nosso tema de hoje. 19h. Beco do Barro.
Cada um recebeu uma carta como essa. Era, na verdade, uma nota. E o pouco que dizia era um grande texto, para todos que a receberam.
Não todos, de fato. Nas mãos do Chefe, ele se perguntava o que faziam toda semana às 19h, e por quê. Jurou sua vida para segui-los e destruí-los, se fosse o caso. Conseguiu uma legião de seguidores enorme determinada a machucá-los.
Os “os” em questão, por sua vez, dedicaram-se a procurar esconderijos diferentes de quando em quando, sempre escapando entre os dedos do Chefe. O que faziam de diferente? Amavam diferente.
Em seus casacos pesados, chapéus amassados, papéis estraçalhados, dignidade quase totalmente no chão – quase. Seus sonhos: levantar o que restava dela.
O que se sucedeu foi nada mais que o seguinte: uniram-se. E assim também o Chefe e sua legião.
No caminho chuvoso, depois da estrada seca, o Beco Barroso – ou do Barro. O fato é que era enlameado. E lá se encontraram os “os” e o Chefe. Os restantes também estavam lá.
O Chefe cuspiu palavras más. Cuspiu maldições. Cuspiu toda a sua podridão que guardava há anos no lugar do que chamaríamos de “coração”.
“Escória da sociedade. Porcarias errôneas, ignorantes pútridos. Se quiserem viver nesse mundo, tratem-se”, dizia o Chefe. Maldizia, aliás. E a legião acompanhava.
Do outro lado, alguns choravam – sentiam-se um pedaço de dejeto. Sentiam-se abandonados até por si mesmos, como se tudo o que acreditavam fosse errado. Alguns, depois de ouvirem as palavras, pensaram se não era melhor ceder, e tentar se ajustar àquilo que “era certo”. Alguns ficaram tão confusos que se mostravam catatônicos. O bigodudo deu um passo à frente. “Por que tanto ódio? ”, perguntou. Somente perguntou.
E fervorosamente, o Chefe respondia com mais maldições. Condenava e julgava, e destruía o que pudesse restar de coragem dos “Os”. Dos “outros”. Dos “diferentes”.
Uma moçoila viu-se no chão algum tempo depois. Seus companheiros a ajudaram. O bigodudo nada mais disse. Deu um passo atrás e se pôs firmemente à direção do Chefe, que não parava de cuspir.
O Chefe justificava: “não serão desse mundo, enquanto eu viver. Não permitirei, e assim fará minha legião”.
E o bigodudo: “que assim seja”. Nada mais disse. Os “diferentes” deram as costas àqueles que os negligenciavam tão ferozmente.
Que tirei de tal história? Nada tirei de tal história, eu criei a história acima. Que há dela tirar? Não sei responder à tal pergunta, mesmo porque não há fim para ela.
O que imagina que se passa acima? Quem serão os “diferentes”? Quem será a legião?
Você, leitor, jamais saberá de fato o que eu quis dizer. Ou talvez já tenha notado. Mas com certeza ficou com uma pequena pulga, nem que por um segundo, para saber de quem falo, do que se trata. Se, de fato, isso acontecer, terei conquistado meu objetivo.
Por que perguntar sobre o amor? Pergunte-se a si mesmo. Você, leitor, sabe o que eu amo? Sabe quem eu amo? Sabe quem me ama? No final, no que isso importa?
Eu não sei. Muitas vezes não entendo alguns mundos. Algumas pessoas. Queria entender.
Por que será que os “diferentes” eram chamados de escória? Se não há resposta para isso, então eis a resposta em si. Se há uma resposta pronta, então eis um problema. Porque se para esse questionamento há uma resolução, há também uma certeza. E sei que certeza não pode existir no mundo. No meu mundo, pelo menos, não pode.
Quero concluir. O que é amor para você? É realmente possível responder em uma linha? É possível responder imediatamente? Não imediatamente?
Há quem não me respondeu. Há quem me escreveu um texto.
Se somos tão diferentes em nossas respostas, é possível generalizarmos? É possível rotularmos? É possível categorizar? Julgar?
Só lhes pergunto, caros leitores, para finalizar:
Quem
é
o seu
amor?
Cansei de histórias de amor e morte. Quero conhecer quem passa na rua.
Fim?