A Princesa Perdida
Havia uma princesa perdida.
Muitos já caíram em seus encantos, mas aquele que fosse capaz de ver a verdade perceberia que ela não era bonita.
Era só uma menina, perdida.
Todos falavam do quão forte era a princesa, com sua impenetrável armadura de orgulho. Ninguém sabia, que ela na verdade não passava de uma frágil criatura.
Eram aqueles olhos. Queimavam em fúria durante o dia. Mas a noite, a chama se apagava quando os olhos transbordavam de dor.
E ele parecia apenas uma criança, encolhida no escuro, clamando por um pouco de luz.
Princesa, por quanto tempo continuará vagando? Por quanto tempo continuará tão perdida?
Ela vivia cada dia, presa em si mesma.
Você foi feita de trevas, o que te agrada tanto na luz?
Um dia tudo mudou. O príncipe apareceu. Eles logo se apaixonaram.
Os dias na companhia do príncipe foram maravilhosos, e a noite, por muito tempo não houve mais lágrimas.
Ele a amava, e ela o amava.
Mas havia um problema. A princesa não conseguia falar. Doía demais, seria mostrar sua fraqueza. Não, ela não diria o q sente.
O rapaz não sabia. Como saberia que a jovem o amava se ela nunca havia demonstrado? Ela era sempre fria, sempre defensiva.
O pobre príncipe pensou que nunca seria correspondido e decidiu que já era hora de partir.
A princesa ficou arrasada. Precisava impedi-lo de ir, mas como?
Se ela não podia falar, como o faria perceber?
Tudo o que podia fazer era escrever uma carta, deixou seus sentimentos escorrerem pelo papel.
“Meu príncipe.
Escrevo esta carta porque não sei outra maneira de lhe revelar meu sentimento. Eu te amo. Amo-te demais. Talvez eu nunca o diga em voz alta, mas o que sinto é sincero. O amo com cada suspiro, com cada gota do meu sangue, com cada batida do meu coração.
A vida parece tão sombria quando você está longe. Sinto q a qualquer momento vou desabar. Mas se você estiver comigo, tudo fará sentido e eu nunca mais estarei perdida. Eu encontrei o que busquei por muito tempo. Por favor, viva sua vida comigo.”
Mas nada é tão simples. E como uma cruel brincadeira do destino, a carta se extraviou e nunca chegou ás mãos do príncipe.
O rapaz partiria, para sempre. E com ele estaria levando o coração da princesa perdida.
Foi quando a menina tomou uma decisão. Ela rasgou seu orgulho e deixou-se sangrar. Apesar da dor, da vergonha e doo medo, ela gritou.
Gritou com todas as suas forças aquelas três palavras que ficaram tanto tempo sufocadas.
“Eu te amo.”
E ela já não era mais a princesa perdida, pois finalmente havia se encontrado.