OS ALVOS DO AMOR

OS ALVOS DO AMOR

Hoje é meu aniversário . O bolo está em cima da mesa, meus poucos e bons amigos conversam, a música toca. O telefone não mostrou o seu número por todo o dia. Você não me ligou.

Não temo as rugas que modificarão meu rosto, a falta de energia que será natural com o passar dos anos. O que me apavora, transparece nos meus olhos e faz meu corpo não mais me pertencer é a falta que você me faz.

“Foi você que quis assim”, seria a sua resposta. E eu sei disso. Fui fraca por uma noite e aquela atração estúpida das quais nem me lembro com clareza . Se antes estava cega pelo egoísmo hoje me vejo afogada em um mar de arrependimento, tentando em vão acalmar os sentimentos que se tornaram rascunho de mim.

Alguém trouxe o vinho que você gosta e o pote de pistaches que compramos no seu último fim de semana aqui foi aberto.Vontade de me engasgar com um punhado deles, assim controlo a minha voz. Não consigo, falo seu nome. Malditos pistaches.

Ninguém pergunta o que de fato aconteceu, ainda bem. Não sei se conseguiria contar a verdade, deixar a vergonha de lado.Tomo o vinho em um gole só. Você se materializa na minha frente.Queria dormir, talvez você desaparecesse se eu fechasse os olhos. Mas no fundo eu mesma duvido disso

Hora do parabéns a você. As fotos desse ano ficarão estranhas, desbotadas,não porque pareço mais velha ou o meu cabelo está mais curto, mas porque minha boca ganhou um contorno bizarro, de tristeza permanente, que não se desfaz mesmo quando tento sorrir. E principalmente porque você não está aqui para me abraçar

Te fiz alvo da minha inconsequência, matei a nós dois com tamanha falta de maturidade.Te traí,desprezei todos os planos que você tinha para nós. Agora terei que encarar o futuro, a minha idade nova sozinha.

E temo terrivelmente por mim.

D.SConsiglio

Débora Consiglio
Enviado por Débora Consiglio em 06/06/2014
Reeditado em 28/07/2014
Código do texto: T4834848
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