A FLOR DA PELE
Á FLOR DA PELE
Andréa viajava no movimento do mundo, e na insanidade do seu querer padeceu no purgatório das palavras. No catre de seu calabouço sonhava. Soluçava nos braços do carrasco de sua alma. Ela era filha da ira, ás vezes via brilhando a paz, raras eram as flores que circundavam os jardins daquele infinito.
Nem toda paz do cais, aonde barcos do fim do mundo levavam toda a luz que ela pintou de azul. Os azuis nos azuis. Azul na colcha dos seus sonhos. Eu vi uma vez o azul de seus olhos no incêndio do crepúsculo e nas manhãs que nos tocamos juntos. O indefinido de seu caminhar nas nuvens, gestos que se confundiam com seu corpo nas cores chocolate.
Lembranças prolongadas em seu silêncio, que distante ou breve se esvaia. A morte, porque vem embrulhada em papal crepom e é instável, eis ai a nova ordem que vagava entre os astros! Pensava eu ainda naqueles olhos tristes de palhaço com febre que se extinguiram para a alma simples e vergonhosa de ter vivido nas distantes terras ela conversava dormindo. Viveu a vida entre cardumes de sonhos vagando por dentro das suas veias mulher.
Minha alma corria como as águas do Eufrates bíblico e as vezes ouvia Andréa cantando canções de ninar. Olhava para seu seio e minha alma se tornava profunda. Lembro o ultimo outono que passamos juntos, ate o eterno abandono. Chorei as horas de sua partida. Fui me para alem dos lamentos profundos. Não á tratei como deveria ter tratado. Minha alma vez ou outra soa com as loucuras de outrora. Agora passo á voar pela vida como folha seca á procura de um solo para descansar.