Entre um Olá e um Adeus
Já passava mais de um ano que ela não voltava lá.
Então era chegada a hora de visitar seus familiares, amigos e seu único amor.
Ela não sabia que estaria tão nervosa para o dia desse reencontro. Mas desde que havia se mudado, sabia que preenchera todos os espaços vagos da sua vida com a nova rotina, mas não preenchera o seu coração. Era por ele que ela voltava hoje, pra olhar mais uma vez aqueles olhos e matar a saudade do seu coração.
Ligou para ele, queria vê-lo o quanto antes. Marcaram um encontro no lugar do primeiro beijo, lugar este que foi o cenário de vários capítulos daquela historia de amor. E foi lá, debaixo daquela árvore que ele a estava esperando.
Ela cruzou o grande portão branco e já não continha mais a emoção, ao avistá-lo ao longe, lágrimas e um sorriso cálido tomaram conta de seu rosto. Finalmente, depois de um bom tempo, ela se sentia completa de novo.
- Não posso acreditar que você demorou tanto para voltar (um sublime tom de saudade tomava por inteiro a voz dele).
- Eu não pude vir antes, mas eu senti sua falta todos os dias desde que te dei o beijo de adeus.
- Foi um beijo de Adeus, mas eu sabia que não seria o último. – tomou-a nos braços, e a beijou como nunca antes havia beijado. Parecia que o amor que os unia era hoje mais forte do que qualquer distância, mais forte até mesmo do que os motivos que a fizeram ir para longe.
Ficaram ali, calados, deitados sobre a grama, embaixo da grande árvore que sempre assistiu as melhores declarações de um amor tão doce como o daqueles dois. Não queriam falar nada, não achavam necessário perder o pouco tempo que tinham, jogando palavras ao ar. O que os dois precisavam estava ali, diante de cada um. O abraço, o cheiro, a companhia, o amor.
Ela então não conteve toda a emoção e falou, como se seu coração pronunciasse cada palavra:
- Eu tentei ir embora e te deixar, tentei deixar as lembranças enterradas aqui, junto da raiz dessa figueira, eu juro que tentei. Consegui por dois dias não lembrar de você, não pensar na falta que você me faz. Mas por que eu sempre falho quando se trata de nós dois? Por que com tanta gente interessante nesse mundo, eu quero voltar pra cá e ser sua? Por que ninguém mais consegue me dar a paz que você me deu? Sabe, eu não sei viver sem você. E eu desisti de tentar te esquecer. Eu só queria chegar aqui hoje e dizer que eu odeio o bem que você me faz, e que eu não queria nunca mais precisar voltar pros teus braços pra me sentir em paz. Mas não, do contrário, hoje eu cheguei aqui, olhei você, e tive mais uma vez a certeza que estando lá longe, fazendo mil coisas ao mesmo tempo, eu ainda vou querer ser sua, eu ainda vou lembrar o bem que você me faz e entender o porque ninguém é bom o suficiente para mim. Você sabe por que ninguém é bom o suficiente pra mim?
Ele com os olhos marejados em lágrimas e afundados na emoção, respondeu:
- Por que ninguém é bom o suficiente para você?
- Porque nenhum deles é você, e nenhum deles nunca vai ser. Nenhum deles vai me fazer feliz como você me fez. E eu não quero amar nenhum deles, porque eu amo você.
Ele nesse mesmo minuto, a tomou nos braços, beijou sua testa e pediu para que ela ficasse, para que não fosse mais embora dali, queria que sua vida fosse ao lado dele.
Ela então beijou seus olhos, seu nariz e sua boca, limpou as lágrimas, levantou, tirou os pedaços de grama do vestido, e disse:
- Preciso ir, meu avião parte em 2 horas. Quem sabe eu veja você de novo, até esse dia... Adeus meu amor.