Os dedos duros
Duas amigas, Gina e Cabaça, viviam tristes por nunca terem conseguido arrumar um namorado. Um belo dia quando estavam em uma festa badalada encontraram Bráulio e Careca. Estes não estavam muito entusiasmados com o evento até se depararem com Gina e Cabaça. Rapidamente, os dois ficaram diferentes e as amigas perceberam que eles estavam bastante alterados. Elas deram um sorriso meio envergonhado e continuaram a paquerar os amigos.
Para a sorte das amigas, que já não acreditavam mais na possibilidade de conseguir um companheiro, Bráulio e Careca ficaram interessados nelas e queriam conhecê-las mais profundamente. Bráulio quis ficar com Cabaça e Gina com Careca. Então, os dois casais resolveram sair com destino ao prazer.
Careca achou estranho o fato da roupa de Gina estar toda molhada, pois não tinha chovido naquela noite, mas não comentou nada. Creio que ele até achou interessante isto ter acontecido. Já Bráulio achou estranho o fato dele ficar alterado o tempo todo. Pensou consigo mesmo: “como isso pode ter acontecido comigo se sou uma pessoa extremamente calma”? Deu um sorriso e pensou que Cabaça tinha o poder de mudar o seu astral.
Nessa noite, os dois casais, cada um em seu devido lugar, conheceram profundamente uns aos outros. E entraram madrugada a dentro na relação, tendo, inclusive, Bráulio e Careca vomitado diversas vezes, em virtude do excesso.
A partir de então, Bráulio e Cabaça, Gina e Careca, nunca mais se desgrudaram. Geralmente se encontravam à noite, entrando pela madrugada. Mas, quando a saudade apertava, se encontravam durante o dia também. Viveram dessa forma por mais de cinquenta anos.
E, hoje, Gina e Cabaça lembram saudosamente da época que Bráulio e Careca gostavam de se aprofundar na relação, entrando madrugada a dentro. Lamentam o fato de que os dois, que outrora se alteravam facilmente com a situação, terem se tornado apenas dois linguarudos, dedos duros.