Março 31
Bastava-me uma cor, a tua. Mas a luz se fez e pude ver um tanto mais. Escorregou-me pelas faces uma sensação sem igual. À mesa, tanto fazia o cardápio. Ouvi o escorrer do vinho da garrafa para a taça. E era tão alto. Não o suficiente para tapar-me as batidas do coração. Em volta, o fusco não me permitia ver. Não era preciso. Eu tinha tudo e o mundo me bastava ao redor daquela vela. Um rosto, alguns gestos, sentimentos em ebulição. As palavras entravam e saíam com a docilidade de quem compõe um música. Não era preciso uma melodia, teu olhar me bastava. Experimentei aquele momento como se vivesse anos. E foram tão alegres. Viagens, festas, piqueniques, encontros, banhos de sol, caminhadas, olhares, sorrisos, sentimentos. Poderia escrever toda uma antologia num único minuto, mas preferi decifrá-la nos teus movimentos. Perdi-me e fiquei. Para sempre. Naquela luz, na vela, no teu olhar. Como se fosse a primeira vez. Afinal, um brinde, de aniversário. Outro ano. Que venham muitos mais ...