Amanda

Amanda voltou para casa. Abriu a porta do quarto e jogou-se na cama toda vestida. Chorou e ao mesmo tempo aliviava-se. Caminhou até a janela e viu a lua e as estrelas brilhantes como nunca. Ao observar dessa magnitude, expressou-se:

- Que noite! Que noite! Ah, se pudesse apagar essas páginas de minha vida...

Voltou para cama e começou a recordar os últimos acontecimentos...

... Era mês de março, ela pegava seus cadernos e livros preparando-se para ir à escola. Ao chegar ao portão do muro de sua casa, ela foi fitada por um rapaz. Os dois trocaram olhares. Ela ficou parada, enquanto aquele rapaz passava em sua moto, mas sem deixar de fitá-la. Para seu espanto ele desceu e entrou na Casa Empresarial. Amanda precipitou-se e partiu em direção a escola. Andava apressada, com sua respiração ofegante. Não parava de pensar naquele rapaz. Voltou para casa ainda pensativa. “Será que ele me conhece?”. E entrou em sua casa. À noite, antes dormir pegou seu diário e escreveu.

“10 de março de 2009.

Meu diário, hoje aconteceu algo estranho, talvez não seja a palavra certa a ser empregada, mas aconteceu. Ao sair de casa fui fitada por um cara que nunca vi antes. Até que ele era bonito, mas o estranho é que ele não tirava os olhos de mim, pensei até que fosse um maníaco. Mas logo depois, ele entrou na Casa Empresarial, isso me aliviou um pouco. Ao menos sei que ele trabalha. “Agora é só esperar se terá uma outra vez.”

Guardou seu diário no seu armário e jogou-se na cama.

No dia seguinte, quando estava varrendo o muro, ela foi fitada novamente por aquele mesmo rapaz. Para surpresa dela, ele parou para conversar com Rogério, vizinho dela. Os dois conversavam, enquanto ela continuava varrendo. Ele não tirava os olhos dela. Ela entrou. Esperou que ele saísse. Após sair, ela chamou seu vizinho. E perguntou quem aquele garoto.

- Ah, é o Carlos. Por quê?

- Por nada. Já é a segunda vez que ele passa e me fita. Achei meio estranho. Pensei até que fosse um maníaco.

Rogério riu dela.

- Sem grilo, Amanda. O cara é limpeza. Na certa ele gostou de ti.

- Será?

- Com certeza. Se quiser dou os toques a ele. O que acha?

- Pode ser.

Após a conversa, ela entrou.

À noite, antes de dormir, ela pegou seu diário.

“ 11 de março de 2009.

Meu diário, hoje, aquele garoto passou novamente por aqui, e mais uma vez me fitou. Acredita que o Rogério, meu vizinho, o conhecia? Pois é. Nem imaginava isso. Os dois ficaram conversando e ele não tirava os olhos de mim. Fiquei meio tímida e entrei. Esperei ele sair. Quando ele saiu, chamei o Rogério. Perguntei sobre ele. Sabe como é o nome dele? Carlos. O Rogério disse que ele é gente fina. Fiquei mais aliviada. E ele também disse que vai dá os toques a ele. “Agora é só esperar o que vai dar.”

No dia seguinte, Rogério a chamou e contou-lhe que Carlos queria conhecê-la.

- Quando?

- Depois da aula. Ele vai te esperar. Vai topar?

- Sim.

Rogério entrou em sua casa, a deixando pensativa.

À tarde, depois da aula, Amanda encontrou Carlos. Os dois trocaram beijinhos e começaram a dialogar. Amanda não quis “ficar” com ele, apenas quis conhecê-lo melhor. Ele a deixou próximo a sua casa, a pedido dela. Ela estava alegre. À noite, como de costume, ela pegou seu diário e escreveu o acontecimento.

“ 12 de março de 2009.

Meu diário, hoje aconteceu algo muito especial. Conheci pessoalmente o Carlos. Ele é um fofo. Percebi que ele estava querendo ficar comigo, eu também estava, mas decidi não arriscar, prefiro conhecê-lo melhor, pra não ter “grilo” depois.”

Os dias foram passando e junto com ele a amizade de Amanda e Carlos foi crescendo. Ele trabalhava na Casa Empresarial, na mesma rua em que ela morava.

Todas às vezes que passava em frente, ela arranchava um jeito de vê-lo.

“ 23 de abril de 2009.

Meu diário, a minha amizade com o Carlos está cada vez melhor. Ele é encantador. Acho até que estou amando. Meu primeiro amor. Já decidi vou dar uma chance a ele. Mas tem um problema, sou tímida. Não tenho coragem de chegar com a atitude, mas vou esperar que ele tome novamente a decisão. Torça por mim.”

No dia seguinte, quando ela vinha do Mercantil, ela decidiu entrar na Casa Empresarial. Foi até a porta da sala de Carlos e parou. Respirou e colou seu rosto na porta, como se expressasse a vontade de tocá-lo. Ele, sem saber que ela estava ali, abriu a porta e a viu ali, de olhos fechados.

- Amanda?

Ela movida pelo impulso pediu-lhe um beijo. Carinhosamente, a agarrou. Sentia sua respiração ofegante e deu-lhe um beijo. Ela cedia a aquele beijo. De repente afastou-se dele.

- O que foi? Não gostou?

Ela ficou sem resposta e saiu correndo. Entrou em casa diretamente para seu quarto, passou a chave na porta e jogou-se na cama. Apagou.

Acordou com sua mãe batendo a porta.

- Amanda! Acorda, filha! Venha almoçar!

- Já vou!

Amanda foi ao banheiro, lavou seu rosto. Olhou-se no espelho e riu, lembrando da cena.

- O que foi? Não gostou?

Aquela pergunta refletia em sua cabeça. Partiu para escola. Mal conseguiu prestar atenção na aula. Depois de tanto pensar, ela tomou uma decisão.

- Vou investir nesse romance.

Ao sair da escola, decidiu passar na Casa Empresarial, mas foi surpreendida por uma terrível cena.

- Carlos!

- Oi, Amanda!- disse virando para garota ao lado- esta é minha esposa, Camila. E essa é minha filha, Tatiana.

Ela não acreditava no que ouvia e apenas respondeu.

- Prazer.

E deu meia volta. Caminhou para sua casa sentindo-se mais só do que nunca.

Edson Gabriel
Enviado por Edson Gabriel em 05/03/2014
Código do texto: T4716692
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