A vida é um vento

Bianca levou a xícara de café a sua boca, o vapor embaçou as lentes de seu óculos. Pouco antes de eu começar a falar, reparei o quanto a beleza dela era sútil, o quanto essa sutileza a tornava mais bonita. Em meio a multidão passava neutra, nem " ó que moça bonita", nem " ó que moça feia". Porém quando observada, beleza nem uma se gravava tanto em uma mente. Batom vermelho na boca, cabelo amarrado para trás, sentada com as pernas dobradas na cadeira, ela bebia o café, sempre forte e bem quente como ela gostava, enquanto me ouvia falar.

— Sim Bianca, já amei uma vez, uma mulher, amei tanto que ainda amo.

— E o que conclui sobre isso?— Bianca

— Concluo que estou seriamente encrencado. Pois dizem que só se ama uma vez, pobre de mim que quando amei terminamos.

Quando as últimas palavras da frase estavam saindo da minha boca, percebi o desapontamento dela , como tudo em Bianca, sutil. Mas a frase já tinha se iniciado e não pude interromper.

Ela levantou da cadeira, pôs a xícara na mesa e sentou ao meu lado, no sofá de couro preto. Sutilmente. Com a mão no meu queixo conduziu meu rosto frente ao dela. Sutilmente. Seus lábios foram se direcionando aos meus, eu paralisado, amedrontado e curioso como um garoto em seu primeiro beijo. Ela beijou o meu lábio inferior, bem devagar, quase não a senti encostando, depois chupou meu lábio superior com a boca bem úmida. Até que nossos lábios se abraçaram, se agarraram, se amaram, e gozaram um no outro. A boca de Bianca disse tchau a minha. Bianca se levantou e disse tchau a mim. Sutilmente.

Foi tudo tão rápido que parecia que não aconteceu, foi tudo tão marcante que parecia que ainda estava acontecendo.

Com o passar dos dias, não conseguia parar de pensar em Bianca. E sutilmente fui percebendo, que o meu coração podia ser bígamo.

Tamy Xavier
Enviado por Tamy Xavier em 24/02/2014
Reeditado em 24/02/2014
Código do texto: T4704760
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