* A população de Rubi Verde parecia bastante empolgada, constatava Jonas, que finalmente aceitara conhecer a principal festa da cidade.
Após mil recomendações sobre a comemoração anual, tradição do local, o rapaz topou viajar ao lado de dois amigos.
O sorridente Jonas, que completara dezoito anos dois dias atrás, não estava acostumado a sair, conhecer pessoas nem participar de festas.
Nunca o carismático moço havia namorado.
Sua timidez, o romantismo excessivo que revelava, a forte expectativa de que Deus indicaria sua alma gêmea não deixavam o jovem aproveitar as oportunidades no terreno dos romances.
Terminando de comprar um sorvete, quando o rapaz se virou, o olhar penetrante demais de uma formosa menina alcançou Jonas com uma intensidade jamais esquecida. Ela parecia preocupada.
_ Olá! Posso ajudar?
A encantadora jovem respondeu:
_ Me ajuda a encontrar os meus pais? Eu saí para comprar sorvete, agora não sei exatamente onde eles estão.
Ouvindo a solicitação, deslumbrado pelo som da voz que ouvia, Jonas começou a percorrer a área, tentando tranqüilizar a mocinha inquieta.
Logo eles encontraram os pais numa mesa afastada.
Jonas foi convidado a sentar com a família e vivenciou as horas que marcaram, a partir daquele momento, toda a sua existência.
Sofia era filha única.
Os pais, um rigoroso fazendeiro e uma dedicada dona de casa, sempre costumavam participar da grande festa de Rubi Verde.
A filha tinha apenas dezesseis anos, queria ser advogada, porém esse não era o projeto dos pais.
O jovem casal permitiu fluir um papo bem sincero e gostoso.
Ela soube que Jonas queria ser dentista e não cansava de ler os livros dos grandes poetas apaixonados.
Ele ficou sabendo que Sofia tinha uma pequena boneca de estimação, a adorável Diana, medrosa e sapeca. A moça também explicou que nunca conseguia dormir no escuro.
Depois de um diálogo demorado o qual fascinava os dois num ritmo crescente, Jonas pediu permissão aos pais para dançar com Sofia.
Se dependesse de Jonas e Sofia, a deliciosa música que eles dançaram não precisava acabar.
_ Ano que vem você vem, Jonas?
_ Sim, mas eu quero te ver antes disso. Esperar um ano é muito tempo.
_ Vamos esperar. Meu pai resistirá a aceitar que eu namore um rapaz de outra cidade, mas eu prometo que vou convencê-lo. Daqui a um ano a gente oficializa nosso namoro. Você consegue esperar?
_ Um ano eu espero, porém um beijo eu levo agora.
_ Eu adoraria! Só que os meus pais estão olhando.
Jonas conteve o desejo.
Sofia não forneceu telefone nem informou a cidade onde morava.
O próximo contato seria somente daqui a um ano.
Ela falou:
_ Se o nosso gostar tiver força, o destino nos unirá.
No ano seguinte Jonas chegou cedo demais no dia da comemoração.
Provou uma enorme frustração.
Sofia e os pais não apareceram no local.
* Exatamente cinqüenta anos depois, na mesma praça empolgada, o dentista Jonas recordava os detalhes daquele encontro e o desânimo que começou a sentir no ano posterior.
Há dois dias, data do aniversário de Jonas, ele perdera a esposa Diana.
Coincidentemente o nome da esposa imitava o nome da boneca de Sofia, medrosa e sapeca segundo as palavras da garota.
A história com Sofia continuou no coração de Jonas.
As indagações, a aflição de não encontrá-la nem saber como voltar a vê-la, a expectativa de um namoro que não foi concretizado, as incertezas, a decepção e a desilusão acompanharam Jonas todos esses anos.
A união preciosa com Diana, a estimada amiga e colega de trabalho, não logrou atenuar o desencanto.
A compreensiva esposa o incentivava a viajar para Rubi Verde na data especial. Ela desejava que o marido reencontrasse Sofia e esclarecesse o encontro de sua juventude o qual tanto marcou a vida do dentista.
Diana admitia que Jonas precisava entender o que ocorreu.
Foi em vão!
Nenhum sinal de Sofia, dos pais ou de alguém que pudesse ajudar na localização da doce mocinha, hoje certamente uma elegante senhora.
Diana e Jonas optaram por não ter filhos.
Agora a partida da esposa e a escolha de não abraçar a paternidade geravam uma lacuna profunda no âmago de Jonas.
* De repente a música que ele dançou com Sofia começou a tocar.
As recordações ganharam uma força incrível, levando a aumentar a tristeza de Jonas, trazendo à tona questionamentos confusos.
“Havia algum sentido nessa visita anual ao local do primeiro amor?”
“Por que Sofia desistiu da festa, mas permaneceu na sua mente?”
Jonas não entendia.
Não era fácil entender.
A dança inesquecível, a promessa bastante animada, o sumiço muito estranho, a lacuna deixada por Diana, as dúvidas, a melancolia, um enorme sentimento de amargura inquietavam Jonas, outrora um alegre rapaz sonhador e romântico, atualmente não tão alegre, porém ainda um sonhador que preferia insistir em aguardar os finais felizes.
Um abraço!
Após mil recomendações sobre a comemoração anual, tradição do local, o rapaz topou viajar ao lado de dois amigos.
O sorridente Jonas, que completara dezoito anos dois dias atrás, não estava acostumado a sair, conhecer pessoas nem participar de festas.
Nunca o carismático moço havia namorado.
Sua timidez, o romantismo excessivo que revelava, a forte expectativa de que Deus indicaria sua alma gêmea não deixavam o jovem aproveitar as oportunidades no terreno dos romances.
Terminando de comprar um sorvete, quando o rapaz se virou, o olhar penetrante demais de uma formosa menina alcançou Jonas com uma intensidade jamais esquecida. Ela parecia preocupada.
_ Olá! Posso ajudar?
A encantadora jovem respondeu:
_ Me ajuda a encontrar os meus pais? Eu saí para comprar sorvete, agora não sei exatamente onde eles estão.
Ouvindo a solicitação, deslumbrado pelo som da voz que ouvia, Jonas começou a percorrer a área, tentando tranqüilizar a mocinha inquieta.
Logo eles encontraram os pais numa mesa afastada.
Jonas foi convidado a sentar com a família e vivenciou as horas que marcaram, a partir daquele momento, toda a sua existência.
Sofia era filha única.
Os pais, um rigoroso fazendeiro e uma dedicada dona de casa, sempre costumavam participar da grande festa de Rubi Verde.
A filha tinha apenas dezesseis anos, queria ser advogada, porém esse não era o projeto dos pais.
O jovem casal permitiu fluir um papo bem sincero e gostoso.
Ela soube que Jonas queria ser dentista e não cansava de ler os livros dos grandes poetas apaixonados.
Ele ficou sabendo que Sofia tinha uma pequena boneca de estimação, a adorável Diana, medrosa e sapeca. A moça também explicou que nunca conseguia dormir no escuro.
Depois de um diálogo demorado o qual fascinava os dois num ritmo crescente, Jonas pediu permissão aos pais para dançar com Sofia.
Se dependesse de Jonas e Sofia, a deliciosa música que eles dançaram não precisava acabar.
_ Ano que vem você vem, Jonas?
_ Sim, mas eu quero te ver antes disso. Esperar um ano é muito tempo.
_ Vamos esperar. Meu pai resistirá a aceitar que eu namore um rapaz de outra cidade, mas eu prometo que vou convencê-lo. Daqui a um ano a gente oficializa nosso namoro. Você consegue esperar?
_ Um ano eu espero, porém um beijo eu levo agora.
_ Eu adoraria! Só que os meus pais estão olhando.
Jonas conteve o desejo.
Sofia não forneceu telefone nem informou a cidade onde morava.
O próximo contato seria somente daqui a um ano.
Ela falou:
_ Se o nosso gostar tiver força, o destino nos unirá.
No ano seguinte Jonas chegou cedo demais no dia da comemoração.
Provou uma enorme frustração.
Sofia e os pais não apareceram no local.
* Exatamente cinqüenta anos depois, na mesma praça empolgada, o dentista Jonas recordava os detalhes daquele encontro e o desânimo que começou a sentir no ano posterior.
Há dois dias, data do aniversário de Jonas, ele perdera a esposa Diana.
Coincidentemente o nome da esposa imitava o nome da boneca de Sofia, medrosa e sapeca segundo as palavras da garota.
A história com Sofia continuou no coração de Jonas.
As indagações, a aflição de não encontrá-la nem saber como voltar a vê-la, a expectativa de um namoro que não foi concretizado, as incertezas, a decepção e a desilusão acompanharam Jonas todos esses anos.
A união preciosa com Diana, a estimada amiga e colega de trabalho, não logrou atenuar o desencanto.
A compreensiva esposa o incentivava a viajar para Rubi Verde na data especial. Ela desejava que o marido reencontrasse Sofia e esclarecesse o encontro de sua juventude o qual tanto marcou a vida do dentista.
Diana admitia que Jonas precisava entender o que ocorreu.
Foi em vão!
Nenhum sinal de Sofia, dos pais ou de alguém que pudesse ajudar na localização da doce mocinha, hoje certamente uma elegante senhora.
Diana e Jonas optaram por não ter filhos.
Agora a partida da esposa e a escolha de não abraçar a paternidade geravam uma lacuna profunda no âmago de Jonas.
* De repente a música que ele dançou com Sofia começou a tocar.
As recordações ganharam uma força incrível, levando a aumentar a tristeza de Jonas, trazendo à tona questionamentos confusos.
“Havia algum sentido nessa visita anual ao local do primeiro amor?”
“Por que Sofia desistiu da festa, mas permaneceu na sua mente?”
Jonas não entendia.
Não era fácil entender.
A dança inesquecível, a promessa bastante animada, o sumiço muito estranho, a lacuna deixada por Diana, as dúvidas, a melancolia, um enorme sentimento de amargura inquietavam Jonas, outrora um alegre rapaz sonhador e romântico, atualmente não tão alegre, porém ainda um sonhador que preferia insistir em aguardar os finais felizes.
Um abraço!