A busca pelo paraíso

Quando eu era garotinho, órfão de pai, sempre fui muito apegado a minha mãe. Minha mãe sozinha comigo no mundo, órfã de fé, sempre foi muito apegada a igreja. Então passei minha infância toda entre os bancos de madeira, as imagens de Nossa Senhora de Aparecida e o cheiro de vela, que as pessoas cultuavam como se fosse o cheiro de Deus.

Apesar de inicialmente ir sem intenções, apenas pela orientação de minha mãe, com o tempo foi me despertando uma grande curiosidade sobre aqueles ensinamentos, principalmente sobre o paraíso. Como é o paraíso? Como posso encontra-lo-? Quanto um avião precisa subir para alcança-lo? Foram essas perguntas que me levaram da escolinha cristã à catequese, da catequese ao crisma. E sim, como um grande gato curioso que sou, me levaram ao seminário. Trajetória que não se concluiu pois na igreja percebi que a igreja estava errada.

Hoje tenho 52 anos, órfão de pai e mãe, fiz teologia, biologia, história, arqueologia, filosofia, mitologia, e agora estou cursando medicina. Há mais ou menos 3 anos, tinha desistido dessas perguntas de paraíso.

— Olá meu nome é Lúcia, tudo bem?

Nesse dia conheci Lúcia. No começo conversamos bem formalmente, assuntos cotidianos, sobre trabalho, objetivos, problemas sociais. Com o tempo as conversas foram ficando mais amigáveis, mais carinhosas, apaixonadas. Namoramos, Noivamos e vamos casar.

Dia 23/07 era uma noite quente, estava tudo pronto em meu apartamento para ser a nossa primeira noite juntos, primeira noite fazendo amor. Lúcia estava de vestido vermelho e bem longo, uma fita branca trançava suas costas, deixando parte dela nua, usava batom rosa, perolas rosa e no cabelo uma rosa branca. De começo ela esfregou o rosto em minha barba cerrada, enquanto sua mão caminhava pelos caminhos mais desertos do meu corpo, senti nossos lábios beijarem e apetir dali fui teletransportado para um mundo antes nunca avistado, o mundo Lúcia. Senti ela bem molhada, estava pronta. Entre movimentos e contimentos, dançávamos a dança dos amantes. Nunca alguém havia me amado como ela, nunca alguém havia me feito amar tanto. Ela repousou em meu corpo e pude sentir sua barriga quente tocando e desencostando de minha pele com sua respiração. E se eu morresse ali naquele momento eu morreria feliz, plenamente realizado com a minha vida, pelo simples fato de ter sentido aquela sensação, ela em mim.

Pena que mamãe morreu, queria tanto poder escrever a ela, dizer a ela que finalmente achei resposta a todas aquelas perguntas de paraíso. Entre palavras bíblicas e pesquisas cientificas, foi ali dia 23/7 que finalmente encontrei o paraíso, estava lá,em Lúcia.

Tamy Xavier
Enviado por Tamy Xavier em 09/02/2014
Reeditado em 09/02/2014
Código do texto: T4684293
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