Como num conto de fadas

Numa cidade distante, uma moça romântica observava sua amiga, escrevendo uma carta para um amigo, o rapaz desta história. Aí então, ela se queixou de nunca receber cartas, não tinha com quem se corresponder. A amiga sugeriu que escrevesse para ele, seu amigo, e colocasse dentro do envelope da carta. O inesperado foi que ela se interessou pela sugestão, pegou um papel e escreveu para o rapaz.

Dias depois, o rapaz encontrou junto à carta que a amiga lhe enviara, uma cartinha. Abriu-a, cautelosamente, não disfarçando certa curiosidade, e a leu em voz alta. Havia um pedido. A moça queria trocar correspondências com ele, e perguntava se seria possível. Morria de inveja da amiga que recebia muitas missivas, enquanto ela não recebia nenhuma. Seus argumentos foram convincentes e o convenceram da sua sinceridade. O rapaz ficou encantado. Criou um mundo de ilusões em torno daquela estranha. E entre tantos pensamentos, imaginou que algo muito especial estava acontecendo em sua vida. Imediatamente, lhe respondeu.

A moça ficou contente com a resposta, agora sim, teria alguém para lhe mandar cartas. Ela logo lhe enviou a segunda, uma carta cheia de palavras retas e certas, precisas. Palavras bonitas e meigas. Durante os minutos da leitura o rapaz se transformou. Todo o tédio da sua existência dissipou-se. E, quando menos eles esperaram, já correspondiam regularmente.

Com o passar do tempo, o rapaz se mostrou interessado num relacionamento amoroso mais serio, ao descobrir que em poucos meses, sentia seu coração bater mais acelerado todas as vezes que recebia as cartas dela. Elas mostravam muita ternura e sinceridade, só que traziam sempre a preocupação de que aquele relacionamento não passasse de uma bela amizade e que não poderia se transformar em outro sentimento. E essa posição o desconsertava, pois sentia algo mais que uma simples amizade, apesar de não conhecê-la.

Um belo e calmo dia de janeiro ela chegou a sua cidade. O rapaz estava lá, soube da sua chegada e ficou alegre. Soube também que a noite haveria uma festa e que ela estaria lá. Finalmente ele iria conhecer a moça com a qual, durante três anos, trocava cartas e nenhuma fotografia.

Chegando a festa, ele viu duas moças com sua amiga. O interesse surgiu, mas não conseguia saber qual era a moça das cartas. Ele as observava com muito interesse, com uma curiosidade de detetive. A noite ia passando e a ansiedade aumentando, tanto que o rapaz não tirava os olhos das moças, queria falar com elas e descobrir qual era a sua missivista. Até que, tomando coragem partiu para o encontro.

A moça estava sentada a uma mesa ao lado de sua amiga. Ele se aproximou e as apresentações foram feitas. Depois da apresentação e relaxado, o rapaz pode ver o quanto ela era graciosa, não apenas por causa da beleza simples, mas também pela sua capacidade de conversar o que ele já sabia pelas cartas. Tinha um corpo leve e firme, cabelos pretos e compridos; pele morena clara com pequeninas pintas escuras de sardas. Seus olhos eram brilhantes e elétricos. Seu rosto redondo conferia um ar de felino, mas afável. Ela sorriu para ele.

Depois de algum tempo, ele a chama para dançar. Sorriso discreto, olhar sincero. E a noite seguiu. Surgiu uma conversa de poucas palavras, mas, neste momento, não precisavam de palavras, os olhares e o toque discreto seriam mais do que necessários. A noite passou, ele se declarou apaixonado. Ela sorriu e disse que gostou muito de tê-lo conhecido. No outro dia novo encontro, novos passeios.

E depois de uma semana, chegou a hora da despedida. Despedida com corações acelerados. Ela apertou sua mão e o abraçou. Depois lhe beijou no rosto e foi-se embora, como num sonho. O rapaz demorou-se por alguns dias inquieto, esperando uma carta dela, fantasiando enredos, sonhando encontrá-la na rua e deparar-se com seus olhos brilhantes e elétricos. Mas eram enredos curtos de sonhos que acabavam sempre, sem que ele sentisse o gosto do beijo daquela moça que estava tão longe e fora das suas possibilidades.Depois de alguns dias o rapaz recebeu uma carta e, assim passa-ram a corresponder, como namorados. Eram cartas cheias de carinhos e saudades. Não havia mais as fugas e despistes. Suas cartas faziam-no acreditar ser possível amar.

Três anos depois do começo dessa história, a moça chegou à cidade onde ele morava, para trabalhar e estudar. Os primeiros anos deles juntos foram ótimos. Ele gostava do seu jeito apressado de encarar as coisas. Mas aos poucos, sem pressa, ficaram íntimos e noivos. O dia do casamento chegou. Ela estava mais bela do que nunca..., parecia uma princesa dos contos de fadas. Ele encantado. E assim viveram felizes para sempre...

Sempre acontecem histórias de amor do tipo contos de fadas. As pessoas acham que nunca vai acontecer com elas até o dia em que o destino o surpreende. Foi assim que aconteceu com o rapaz desta história, quando uma surpresa escondida numa carta o fez encontrar a mulher de sua vida.