QUANDO NOS PERMITIMOS ( por Willian Artale)

QUANDO NOS PERMITIMOS ( por Willian Artale)

Triste e magoada, ela aceitou o convite das amigas para sair. Ele, entediado e depressivo, aceitou por pressão o convite dos amigos. Anna e Estevan não se conheciam, porém à noite lhes reservava algo surpreendente.

Foi no THE QUEEN'S HEAD, um típico pub inglês na grande São Paulo, onde as duas turmas, que não se conheciam foram parar. Para eles, um lugar comum que desde que foi aberto, sempre frequentaram. Já para elas, um lugar novo, qual queriam inovar a noite, um lugar diferente com pessoas diferentes, além de evitar da amiga triste se deparar com pessoas indesejadas.

Para eles, varias rodadas de cervejas, sentados em uma mesa perto do palco, onde rolava uma banda de indie rock britânico. Estevan, sentado de canto, encostado na parede, tinha visão do palco, do bar e das demais mesas. Foi quando avistou Anna, que estava a duas mesas depois da deles.

Anna, o avistou também, trocaram olhares, porem ignoraram o ocorrido. A noite seguia, cervejas, tequilas, porções, músicas - Tudo seguia normalmente, mas os olhares continuaram se cruzando.

Anna, cabelos lisos pretos, pele clara, olhos cor mel, com maquiagem, vestia uma baby look preto da banda The Clash, uma sainha jeans e um coturno feminino. Estevan, alto, magro, pele clara, cabelo curto e liso, cor castanho, de olhos verdes, vestia camisa xadrez vermelha, calça preto e ‘all star’ também vermelho.

As meninas se levantaram para dançar, inclusive levando junto a Anna. Os amigos de Estevan, logo as observaram e se encantaram. Notaram que Anna, olhava para ele e o incentivaram a ir até ela. Vendo que o rapaz não iria se mexer dado a timidez, todos se levantaram puxando-o para a pista. No som, Boys Don´t Cry, da banda The Cure.

Não demorou muito, para que tantos os rapazes, como as moças, colocassem um ao outro, frente a frente. Sorrisinho tímido, olhares perdidos, dançaram juntos. O efeito das bebidas ajudaram na descontração, porém foi ao se tocarem, quando ele colocou as mãos em sua cintura e ela em seus ombros, que sentiram algo diferente. Os olhares ficaram fixos, como se conversassem pela mente. Sem precisar dizer uma palavra um ao outro, sentiram como se conhecessem um ao outro de tempos. Aquela típica sensação que sempre temos quando todo o ambiente e ocasião favorece, mas desta vez, com mais intensidade.

Quando a musica acabou, que Anna foi se afastando. Estevan no reflexo, puxou-a para próximo de si. Não sabia nem ao certo o que fazer a seguir. Pensou em solta-la, quando então começou a tocar The Only One, também do The Cure. Foi então que ele disse:

- Desculpa-me. Não sei ao certo o que está acontecendo aqui, em uma noite que nem sair de casa eu ia. Agora, estou dançando com você, que está me fazendo sentir coisas que não sinto há tempos. Não quero ser precipitado. Mas também não quero que a noite termine sem que eu descubra o que é.

Ela ouviu tudo sem entender muito bem também, ficando apenas fixo com seu olhar nos olhos dele, quando então, ele a beijou. Ela sentiu-se surpreendida, mas não recuou. Também não sabia o que estava acontecendo e sentindo. Porém, assumiu descobrir.

O beijo que para eles, teve a sensação de silenciar o lugar ficando só a musica, transporta-los a uma outra dimensão onde estivessem sozinhos, durou a musica toda. Quando pararam, que o barulho voltou, inclusive com os amigos dele e as amigas dela, batendo palmas, gritando, como que comemorando os dois, eles apenas riram.

Entre sorrisos, conversas, beijos e brincadeiras, ficaram mais um tempo dançando e curtindo junto dos amigos e amigas. Depois, Estevan foi ao banheiro. Quando retornou, não as viu mais. Seus amigos já estavam no caixa para acertarem a conta. Estevan se aproximou, ficou olhando para todo o ambiente a sua volta, na expectativa de vê-la, mas nada.

Perguntou aos amigos, e os mesmos responderam que já tinham ido. Estevan, chatiado, lamentou dentro de si, por imaginar que jamais a viria de novo. São Paulo, é uma cidade enorme e ela disse que só haviam ido ao THE QUEEN'S HEAD, para inovar, fazer algo diferente e não que isso se repetiria.

Foi quando, seu amigo Michel, entregou-lhe um bilhetinho, que quando Estevan abriu, deu um sorriso discreto. Era de Anna e nele dizia:

- Coisas especiais, acontecem quando assim nos permitimos acontecer. Esta noite, eu teria ficado em casa, derramando lagrimas por quem não merece nem meu pensamento. Graças a insistência das minhas amigas vim parar esta noite aqui. Conheci-te e gostei. O primeiro beijo, abriu caminho para os outros e a noite tomou outro sentido. Pode parecer idiota escrever isso, assim. Mas sinto que não será isso que você vai achar, pois o que descobrimos juntos foi mais que um mero momento. Desculpa-me ter saído sem se despedir, mas as meninas, não estavam bem e o taxi já estava na porta. No entanto, não para uma despedida, mas para um novo cumprimento, me ligue, ok? (deixando ao final o número do seu celular)

Estevan, guardou com carinho aquele bilhete e logo anotou o número no seu celular. Inclusive mandou um SMS naquele momento para o número dela, dizendo:

- Então não lhe direi Tchau, para pode-lhe dizer um novo oi. Bons sonhos! Att: Estevan.