Expresso Love

Era madrugada, todas aquelas fotos espalhadas pelo chão do quarto atormentavam sua mente, as lembranças das tardes vazias, as descobertas, as primeiras, segundas, terceiras vezes...

Havia sido uma ingrata, sabia disso, havia sido uma cachorra durante todo aquele tempo, gritando, rasgando sua garganta com todo seu descaso sobre aquela paixão obsessiva por ela. Mas, o tempo passa, os anos passaram e com eles vieram os cabelos brancos mentais, as bebedeiras terapêuticas, toda aquela solidão por estar com pessoas vazias veio à tona e... nunca estivera tão doente. Doente porque doía, doía no fundo de tirar a fome, doía do jeito que nunca doeu, porque doía no coração que não existia antes, era como se fosse auto-imune ou anestésico.

Olhou para o relógio, já eram 04:30, ainda era madrugada, se arrastou assim como o tempo, até a rua, o chão frio exemplificava a matéria do que estava sentindo, com sua garrafa e o cigarro, deitou e pediu a lua que trouxesse o amor de volta, o amor que nunca mereceu, o amor que sempre foi seu combustível, e dizia: "Me traga! Me traga o amor ou eu..."