MINHA? Pérola Branca. (Parte I )

Clarisse não teria como imaginar que aquela descoberta iria mudar sua vida...

Ela é mergulhadora, ama a natureza, animais; principalmente os marinhos. Há muito tempo Clarisse vem mergulhando num oceano de conhecimentos de ternuras e descobertas de formosuras, descobertas boas e consequentemente más também.

Na ilha em que mora; dentro das águas daquele mar, Clarisse achou várias conchas. Umas belas por fora, outras por dentro. Porém todas estavam vazias. E isso chamou a atenção de Clarisse. Em um dos seus mergulhos levou seu companheiro de pesquisa, Eduardo. E o perguntou: - Eduardo, porque só achamos conchas vazias?

Ele respondeu: - Clarisse, não é fácil achar uma concha cheia ou com pelo menos algo dentro. O processo da concha marinha para ter algo dentro dela, não é fácil.

Clarisse: - Sério? Pois bem, então me explique!

Eduardo: - Clarisse, minha amiga, funciona assim... Um molusco é invadido por um parasita ou é incomodado por um objeto estranho como um grão de areia, o animal não pode expulsar, então entra em ação um processo conhecido como enquistação, pelo meio do qual a entidade ofensiva é envolta, de forma progressiva, por camadas concêntricas de nácar. Com o tempo formam-se pérolas perdidas. A enquistação mantém-se até que o molusco morra.

Clarisse: - Quer dizer então que para algo se formar dentro da concha, como uma pérola é preciso que o molusco sofra até morrer?

Eduardo: - É minha amiga, assim como também são os seres humanos, muitas vezes temos que sofrer ou deixar que algo nos transforme para nos tornarmos seres melhores.

Clarisse baixou a cabeça, pensou e então falou: - Poxa Eduardo, isso mexeu com meu subconsciente. Vai ser muito difícil então de acharmos essa concha tão preciosa!

Mas ele confiante falou: - Vamos procurar, um dia iremos encontrar!

E depois de tanta conversa, ficou tarde e Eduardo foi para a faculdade, e Clarisse por sua vez voltou ao mar e pensou em desistir pois achava muito difícil achar aquela concha. Mas pensou em mesmo assim mergulhar e continuar se encantando com as belezas que Deus tinha feito para ela e para todos os seres viventes inclusive Eduardo.

Clarisse nadou tanto que acabou em águas diferentes das que mergulhava, eram cristalinas, puras e incríveis!

De repente, ela vê um coral diferente e se aproxima dele, em uma falha do coral ela se surpreende, avista uma grande concha. Ela era estranha, exótica mas o molusco dentro parecia emitir um som, uma melodia que tinha notas que pareciam dos anjos, ele tinha uma luz em volta de si e a mesma, brilhava na escuridão daquele mar, assim como a lua ilumina a escuridão da noite.

Clarisse ficou simplesmente encantada! Ela não conseguia acreditar como aquele fenômeno estava acontecendo à sua frente.

Então aos poucos foi se chegando cada vez mais próxima da concha e como já era de se esperar, outros mergulhadores viram a sua descoberta e começaram a se achegarem também, porém, Clarisse decidida como é, fixou bem aquele seu olhar em todos, e aos poucos todos foram se afastando até não sobrar nenhum à sua volta.

A aventureira cheia de atitude tirou a concha de dentro dos corais. A concha estava timidamente escondida, achando ela que estava despercebida ali no seu mundinho. E estava! O que ela não esperava era que alguém como Clarisse apareceria na sua vida marinha, iria além e tirá-la-ia daquela escuridão, não imaginava que alguém a salvaria. Clarisse a pegou e tomou-a para si, tinha certeza que o seu Criador, tinha colocado em seu caminho aquela concha.

Voltou para casa, e tentou abri-la, mas não conseguiu. Então pensou várias formas para conseguir seu objetivo. Foi então que retornou e deixou próxima a seu habitat natural, o mar; e sentou-se do lado, ela tinha que tentar isso porque sua forma era esquisita, mas ela brilhava tanto que Clarisse tinha que saber o que tinha dentro.

Quando ao olhar a imensidão do mar Clarisse começou a cantar, naturalmente e de voz tremula, desajeitada, porém bela. De repente o inesperado aconteceu.

A luz que existia fora da concha começou aos poucos a apagar-se, só que Clarisse não percebeu então "em uma frase" da música a concha aos poucos foi abrindo-se. Clarisse ouviu um som e olhou e viu que era a concha se abrindo, ela não acreditara naquilo que estava acontecendo e ficou de olhos fitados naquele momento raro e único.

A concha abriu-se totalmente e pela surpresa de Clarisse havia algo dentro. Ela se inclinou para a grande concha e viu que perdera toda aquela sua luz, porém dentro, havia uma pérola branca maravilhosa.

A pérola era grandiosa e brilhava muito mais do que a luz anterior vista fora da concha. Clarisse ficou perplexa, completamente sem forças, sem reação; caiu uma lágrima no canto esquerdo do seu olho e essa lágrima escorreu para o mar.

Quando conseguiu se mover, Clarisse esticou sua mão para tocar a concha, e consequentemente a pérola tão bela. Foi se chegando cada vez mais perto e mais perto. Então a tocou, segurou-a e sentiu grande emoção, não era coisa de pele, de carne, corporal, era algo de alma, como se as duas juntas se completassem.

Clarisse a olhou, cheirou, beijou e tocou-a e com sua voz cantou e em cada melodia de Clarisse, mais a pérola branca brilhava e radiava. Foi algo maravilhoso, Clarisse sabia que aquela seria a pérola certa para caminhar com ela por todo o seu caminho.

Levou-a para casa colocou de volta na sua concha e foi deitar-se, Clarisse sonhou com esse dia lindo e tinha certeza que poderia voltar a mergulhar, mas, apenas para admirar as coisas que Deus fez, pois o que ela procurava já havia encontrado.

Passaram-se os dias, e Clarisse muito se alegrara com a sua pérola branca, foi então que algo inesperado aconteceu. Pessoas foram visitar Clarisse em sua casa. E ao entrar no seu quarto, viram uma grande concha. Essas pessoas eram amigos de Clarisse, eram pesquisadores de outro estado.

Quando começaram a olhar a sua concha, um perguntou a ela: - Clarisse que enorme concha é essa? Bela! Posso ver o que há dentro? E Clarisse sorrindo e muito orgulhosa de sua pérola respondeu: - Claro tudo bem, tenha apenas cuidado.

Quando seus amigos chegaram perto para abri-la a concha começou a brilhar e a soltar os mesmo sons que Clarisse ouvira quando achou a concha dentro dos corais, e Clarisse ficou sem entender porque a concha fez isso. Então eles a abriram viram aquela linda pérola branca e se admiraram, e espantados disseram: - Clarisse! Você tem uma preciosidade dessa e não nos fala! Ela é rara no seu habitat, nunca vimos igual a ela! O nosso centro de pesquisa, precisa dela!

Clarisse ficou simplesmente imóvel ao comentário de seus colegas de pesquisa. Não poderia deixar sua preciosidade, seu amor, sua cara metade, sua alma gêmea, sua joia rara ir para as mãos de outras pessoas. Antes que Clarisse respondesse, seus colegas falaram:

- Calma, não precisa responder agora, vamos dar uma volta na ilha, vamos conhecer os corais e próxima semana iremos embora, antes de irmos você nos dá a reposta, mas pense como será bom para o futuro e crescimento das nossas pesquisas.

Clarisse se entristeceu, queria ajudar ao crescimento e futuro dos mesmos, mas não queria ficar longe de sua pérola branca. Clarisse pensou e pediu conselhos ao seu criador, conversou, chorou, e o ouviu e pensou na melhor forma de decidir isso.

Passou o prazo, a semana prevista pelo grupo, então Clarisse pegou sua pérola branca e levou para a beira do mar e disse a ela: - Eu não posso impedir de você ir, é o seu futuro, seu conhecimento, seu acréscimo na sociedade, só quero que saibas que há muito tempo venho guardando isso para dizer na hora certa. E essa hora chegou.

Eu amo você.

Não importa se você ainda não me ama, mas eu sei que se ficasse aqui, com certeza me amaria, pois eu iria fazer de tudo para te ver feliz, eu te ajudaria em tudo, eu te salvaria de você mesma, eu seria seu refugio em meio a angustia e tribulação, e te faria sorrir e cantar.

Se você for saibas que perderá tudo isso. Mesmo eu sabendo que não vou achar outra igual a você, até porque não vou mais procurar, vou apenas continuar adorando e admirando as belezas do nosso criador.

Só queria que guardasse essas curtas e fortes palavras que difícil do meu viver demoraram a sair, mas valeu a pena esperar, então só me resta a dizer, pense bem, decida e guarde isso, eu te amo.

Então Clarisse foi para a casa e deixou sua pérola lá na areia do mar para a própria pérola decidir o que fazer...

Continua...

Judy Cavalcante.

Judy Cavalcante
Enviado por Judy Cavalcante em 21/01/2014
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