A História de Um Amor: Uma Vez e Nunca Mais
“Não confunda a obra com o autor”
O amor é algo que não se pode explicar. Acontece. E quando acontece, não sabemos como nos libertar.
O conheci naquela tarde turbulenta, em que pessoas estúpidas gritavam comigo. Ele, para me consolar, se aproximou com jeito supostamente desinteressado e proferiu lindas palavras. Desabafei com aquele homem desconhecido que me dara o ombro para chorar. Se apresentou e quis saber meu nome, que no tumulto anterior, interpretara mal o nome com que se referiam a mim.
Fiquei com o seu cartão, que continha seu nome, telefone e profissão. De antemão, falei que não ligaria. Mas ele pediu que eu pensasse com calma e ligasse quando quisesse, pois estaria sempre disposto.
Dias se passaram. As coisas se acalmaram, mas meu coração estava agitado com a lembrança daquele homem forte, auto-suficiente, bem mais velho que eu. Eu com apenas 18 anos e ele 32. Mas aquilo me empolgava, pois sempre gostei de homens experientes.
Resolvi ligar. Era setembro de 2006. Ele já cansado do serviço, concordou em me ver no final naquele dia. Sai da escola em que estudava e fiquei esperando por ele, muito ansiosa, porém temerosa. Afinal de contas, não sabia nada a respeito dele.
Enfim apareceu. Estava meio perdido, pois não conhecia aquela parte da cidade. Entrei no carro, conversamos. Conversa de adulto decidido para adolescente que ainda nem se descobriu. Logo percebeu minha aflição, meu medo. Olhava para ele como se quisesse fazer um retrato mental do seu rosto, pois se algo ruim acontecesse saberia fazer um retrato falado, tão grande era o meu medo. Falei que queria ir para um lugar reservado, que ele logo interpretou como motel. Isto me assustou deveras, pois era cedo demais para algo tão íntimo. Na verdade, o que não queria era ser vista.
Depois de um tempo de conversa, sem sairmos do carro, ele me fez contar tudo o que acontecia comigo, principalmente naquele dia que me viu tão abatida e humilhada. Falei que morava com parentes. Que tinha pais maravilhosos que moravam em outro estado da federação. Eu falava com uma lágrima presa ao olhar. Senti-me como uma adolescente que não sabia resolver seus próprios problemas. Ele tentou me animar.
Também me falou sobre sua família. Que era solteiro e que morava na cidade vizinha.
Fui sincera e disse que tinha um namorado em outra cidade. Embora eu soubesse que a vontade de me beijar era enorme, ele respeitou meu momento.
Fomos em direção à minha casa. Não paramos no caminho. Despedimos-nos e prometemos nos ver no outro dia.
E assim aconteceu. Aí nos beijamos pela primeira vez. Muito gostoso. Até hoje lembro como foi maravilhoso. Estávamos na Praça Mahatma Gandhi. Aquela boca devorando a minha. Ah, como foi bom. Fomos para casa. Paramos no caminho. Mais beijos, cada vez mais gostosos. Senti-me uma criança bem protegida naqueles braços fortes que me envolviam.
Fiquei perto da rua onde morava.
Sua profissão fazia dele um andarilho. Teria que viajar e só voltaria por volta de um mês. Prometeu que me procuraria assim que retornasse. Procurou. Encontramos-nos novamente. Aí minha aflição diminuiu, mas a existência do outro em minha vida, me deixava confusa.
Passamos a nos ver de mês em mês. Ainda não estava apaixonada por ele. Para mim não importava muito aquele novo amor. Ele dizia que me amava e eu nunca demonstrei reciprocidade. Apesar disto, gostava da presença dele, mas nunca me entreguei totalmente ao seu amor. Talvez era por causa do outro, com o qual pensei que me casaria.
Um dia, voltando para casa ele disse bem baixinho: “Ei, psiu. Eu amo você”. O quê? Disse eu. “Fingindo que não ouviu, né!? Eu sou maluco, doido, pirado por você”. Completou ele. Foi a coisa mais linda que ouvi, mas não queria, nem acreditava que aquilo fosse verdade. Tive medo de amá-lo. Tive medo de ser mais uma em sua vida. Já que ele viajava tanto, tinha medo que houvesse uma mulher em cada cidade. Mas ele afirmava com toda a certeza que não era casado, nunca foi e que não tinha nenhum impedimento. Nem ao menos tinha filhos.
Vez por outra falava que queria se casar comigo. Fazia juras de amor, falava que queria me dar seu sobrenome.
Naquele dia, o último em que nos vemos, não haveria aula em minha escola. Era sexta-feira, dia 24 de novembro. Sai de casa como se fosse estudar, mas já no portão da instituição ele me esperava bem na hora marcada. Fomos a um clube à beira de um rio. Um lugar bastante inspirador.
Namoramos, conversamos, rimos, brincamos ao ar livre, vendo as belezas naturais daquele lugar. Alguma coisa me dizia que seria a última vez, mas foram momentos inesquecíveis. De lá fomos ao hotel onde ele estava hospedado.
O quarto era pequeno, porém aconchegante. Muitos beijos e abraços. Ele foi tomar banho. Eu brinquei: “posso tomar banho com você?”. Ele esperou, mas não fui. Deitei na cama, esperando terminar o banho. Então ele chegou. Ainda de toalha e com o corpo fresquinho, me abraçou, me beijou como nunca e eu retribui o carinho. Ele começou a tirar toda a minha roupa. Peça por peça enquanto me beijava dos pés à cabeça. Aos poucos fui me entregando à vontade de amá-lo. Tivemos uma tarde e tanto. Maravilhosa. Foi uma vez e nunca mais.
Saímos do hotel. A noite caia. Nossos corações ficaram apertados porque sabíamos que nunca mais nos veríamos. Não teria outra vez para nós. Falou coisas lindas. Disse que realmente me amou. Foi uma despedida difícil. Uma lágrima caiu dos meus olhos. Ele continuou firme, mas sabia que ele sentia a mesma emoção que eu. Um beijo bem demorado marcou o último encontro. Naquele momento queria que o tempo parasse para nós dois e esquecer que as horas mudam a vida das pessoas.
Depois dele, nunca mais amei outra pessoa, porque só ele me completa, me satisfaz. Só com ele fiz amor de verdade.
Sinto tanta saudade. Tanta paixão. Mas não tenho sua boca, seu corpo para me deleitar de prazer. Quero ser feliz, mas falta seu amor em minha vida.
Não consigo esquecê-lo, não consigo deixar de amá-lo. Quando descobri que o amava, era tarde demais. Sai da vida dele, mas ele não saiu da minha. Apesar de tanto tempo já ter se passado, continuo amando-o.
Agora fico a pensar como tudo seria diferente se eu tivesse dado uma chance ao meu coração. A verdade é que quando estava com ele não me dei conta do amor que batia na porta do meu coração. Só depois de perdê-lo foi que percebi. Mas era tarde demais, pois ele já havia partido. Não informei meu endereço, telefone ou alguma pista e ainda ficou no ar um suposto comprometimento com outro homem, que se destruiu antes mesmo de se concretizar.
Quando vou dormir, olho para o alto e fico pensando em tantos momentos agradáveis, tantos beijos e carícias. Nenhum relato o trará de volta a mim. Entristeço-me ao saber que tenho tanto amor guardado e não o tenho para entregar. Peço perdão por amar demais. Agora sei o quanto dói a ausência de um grande amor. Mas alimento a esperança de um dia encontrá-lo.
Quem mais te ama nesse mundo: