Almas afins



Era uma tarde fria no fim de outono... um lugar bonito e que não lembro ter visitado nesta vida. As pessoas que passavam por este local estavam bem vestidas e aparentemente eram felizes. Um lugar lindo e perfeito para se começar algo, mas eu não estava ali para encontrar nenhuma pessoa... simplesmente fui jogado naquele lugar perfeito. Estava parado em frente a uma praça e de mãos dadas com um menino, e que havia prometido que iríamos ficar juntos e passear. Ficamos ali parados por alguns minutos, observando algumas crianças brincando e algumas pessoas que andavam pelas calçadas. Estávamos distraídos e conversando sobre conhecer o local. Foi quando uma jovem se aproximou com um grupo de pessoas. Ela parou próximo ao local onde estávamos e ficou olhando e às vezes, rindo... por alguns instantes fiquei intrigado com a cena, mas não falei nada. O garoto que estava comigo era-me familiar... seu rosto, apesar de ser diferente, eu reconhecia-o como Carlinhos, o meu filho.

Apesar de nós [eu e o menino] não conhecermos o local e nem as pessoas em volta, ficamos observando tudo e conversando até que essa garota, que infelizmente não lembro o nome dela, se aproximou e começou a conversar conosco. Ela brincou com o menino que estava comigo e falou que tinha um irmão da mesma idade que ele. Depois de um certo tempo, ela começou a conversar comigo, foi quando falei que estávamos naquele local só de passagem. Bem, a garota disse que nós estávamos no local certo e que depois de um certo tempo eu passaria a entender o nosso encontro, não casual, e o porquê de estarmos ali. Fiquei curioso, pois ela falava algo sobre o meu passado que eu não recordava. Então passei a questionar e o meu semblante mais parecia de duvidar do que acreditar naquela conversa. E ainda incrédulo ao que a garota falava, eu aceitei a sua proposta de sentar num banco próximo e me desprender do mundo a minha volta. Fiquei receoso, pois tinha a responsabilidade de cuidar do menino que estava comigo, mas ela insistiu que nada aconteceria com ele. Então aceitei o convite dela e sentei no banco enquanto o menino brincava com as outras crianças que estavam naquele local.

Lembro-me de fechar os olhos enquanto ela falava de uma suposta vida que eu não recordava. Fui levado para um lugar ainda mais diferente do que eu estava naquele momento, mas estava na condição de um observador. Eu não conseguia falar com as pessoas nem tão pouco tocá-las. Parei e fiquei olhando e tentando recordar o lugar, mas nada vinha em minha mente... nenhuma recordação. Nesse lugar, havia pessoas que eram estranhas fiquei andando de um lado para o outro, até que parei bem em frente a uma pessoa e reconheci de imediato. Essa pessoa simplesmente era eu... num corpo diferente, mas eu me reconhecia! Chegava perto e ficava olhando, mas não podia tocar e nem falar... eu estava ali só observando. Fiquei assustado! Como poderia saber ou reconhecer que aquele corpo totalmente diferente... era eu em uma outra época ou vida!? Isso foi um pouco assustador!

Passados alguns minutos de pura observação fiquei sem saber o que aconteceria logo em seguida. O que eu estaria fazendo ali e quem eram aquelas pessoas?? Eram questionamentos que eu fazia e não encontrava respostas. Até que depois de alguns minutos, tudo ficou claro! Foi quando eu vi uma jovem e reconheci como a garota que estava tentando fazer com que eu lembrasse dela. Simplesmente foi quando a vi pela primeira vez.

Então, eu na condição de observador, tendo que observar as reações que eu tive quando vi aquela garota pela primeira vez. Só de ver aqueles fluídos energéticos sendo emanados por aqueles dois seres que estavam se encontrando pela primeira vez naquela vida, foi algo bonito e encantador! Isso durou alguns segundos, mas foi o tempo suficiente para nós nos reconhecermos como almas afins. Começamos com uma amizade que culminou num amor grandioso. A amizade prevalecia acima de tudo. Nunca tocamos no assunto, nem se quer falávamos o que sentíamos. Quando dei por mim estava gostando muito dela, mas infelizmente a sua mãe percebeu e fez de tudo para ela casar com outra pessoa e desaparecer daquele local.

Antes dela partir e casar com outra pessoa, ela me procurou para conversar. Então, marcamos no local onde a gente se conheceu. Foi quando ela conversou sobre o casamento sobre os planos de sua mãe e como seria sua vida dali pra frente. Confesso que fiquei confuso com aquela situação, mas foi quando ela me beijou e falou tudo que ela sentia... foi algo intenso e que as pessoas daquela época poderiam não entender o que estava acontecendo.

Como eu estava na posição de observador,fiquei ali, assistindo a tudo e meio incrédulo ao que estava acontecendo. Mas depois de ver aquela cena, eu refleti e cheguei a uma conclusão que não importa quem somos ou o que somos. O amor verdadeiro quebra qualquer barreira, conceito de certo e/ou errado, ele não nasce apenas de uma simples semelhança de modos de ser ou de interesses comuns, mas de várias vidas passadas juntas. O amor verdadeiro ele reside numa esfera muito íntima do nosso ser, ele é tão forte que apenas uma experiência em uma única vida não será capaz de despertar em nós esse amor quase divino. Digo, quase, porque ainda somos seres imperfeitos procurando a nossa luz da perfeição. Temos que viver várias vidas para poder aprender a amar incondicionalmente o nosso próximo.
Alê Ferreira
Enviado por Alê Ferreira em 29/12/2013
Código do texto: T4629840
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