O Teu Abraço No Meu Braço

(Dedico este texto aos melhores abraços que já recebi: os reais e imaginários)

Tem gente que abraça mole, com os braços soltos, que mais parece abraço de má vontade, abraço obrigado, que você dá quando é criança e briga com alguém e um adulto diz: “agora abraça o amiguinho para fazer as pazes”, tem gente que abraça com medo, com medo de se soltar no abraço e não soltar nunca mais do abraçado. Tem gente que abraça como se o mundo tivesse parado no momento em que seus corpos se tocaram e ficam lá se abraçando inerentes ao tempo, aquele abraço de cinema, que para o trânsito, que para o mundo nos seus braços.

Eu gosto de abraço apertado, gosto de sentir a respiração alheia ritmada a minha, de sentir o corpo tremer e achar que vou quebrar ao meio. Gosto de quem abraça com os olhos, com o corpo e espírito.

E assim como pessoas, abraços são barulhentos, sempre dizem quem são através de si mesmo, tem aquele abraço que diz: deixa eu cuidar de você pra sempre, aquele abraço que o abraçado até esquece de abraçar de volta, aquele que abarca até o coração, que no final você diz: “Acho que levou uma parte de mim nos braços”.

Abraçar é arte, terapia, aventura, abraçar é dar algo seu para o outro, sem pedir nada em troca, é ir com alguém e ficar. E ainda que a distância afaste os corpos, que o tempo te faça esquecer dos seus melhores abraços, o esquecimento os guarda protegidos numa caixa com os seus primeiros sonhos e desejos.