O AMOR VEIO DE LONGE
Emanuelle fazia muito tempo sonhava em conhecer o Rio Grande do Sul. Certo dia, enquanto aguardava sua vez no salão de beleza, tomou um jornal e foi se informando sobre os últimos acontecimentos de sua cidade, Natal. Costumava estar a par do que ocorria. De repente, ao passar para outro caderno de notícias de fora de seu Estado, Rio Grande do Norte, teve a atenção despertada por um encarte colorido, de alegre estrutura e bom gosto no arranjo da reportagem. Era sobre uma festa. A Festa do Mar. Pela capa atraente, imaginou que diferente deveria ser a tal festa. Grudou-se no caderno a lê-lo avidamente. Chegou a sua vez e ela não se deu conta. A cabeleireira a chamou:
- Como é... Emanuelle, vamos lá?...
- Espera!... espera só um momentinho...
- Mas eu tenho outras à espera...
- Mas só um peixinho...
Joana pediu licença e com delicadeza tomou das mãos de Emanuelle o caderno misterioso e convidou-a a sentar-se. Em seguida falou:
- Mas Emanuelle que loucura estavas lendo a ponto de trocares as palavras, me pediste para esperar “um peixinho”... que foto de belo modelo admiravas?
- Nada disso, Joana, eu estava encantada com o peixinho do anúncio no encarte do jornal...
- Mas que evento é este?
- É a Festa do Mar.
- Onde é?
- Muito longe daqui, é na cidade do Rio Grande, lá na zona sul do Rio Grande do Sul. Fica muito perto da fronteira com o Uruguai.
- Pelo que vejo, te tocou mesmo. Ficaste caidinha pelas tais belezas que viste aí...
Enquanto arrumava a toalha em Emanuelle, Joana correu um olho para o caderno que havia ficado aberto sobre a mesinha próxima e exclamou: olha, mas não é que é lindo mesmo!
- Sabe de uma coisa Joana, decidi já. Amor à primeira vista. Vou a esta Festa. Sinto-me como voando para mergulhar num conto de fadas, mas real. Estou resolvida.
- Ah!... então não te esqueças de me trazer umas lembrancinhas de lá.
Poucas semanas depois, Emanuelle estava mesmo voando para o Sul. Saíra de Natal pela manhã cedo. Como não houvesse outra opção, tomou um voo com algumas conexões. Nunca imaginara a realidade de ser tão extenso o Brasil. Agora, a encarava. Eram muitas horas abordo de um avião. Mesmo somando cansaço, a cada pouso e espera, estava ansiosa para se deparar com aquela Noiva do Mar, cidade assim anunciada no prospecto, com a qual vivia a sonhar desde que lera aquele encarte do jornal. Sim, conhecer a Noiva, aquela cidade quase toda cercada de mar.
“Atenção tripulação preparar para pouso”, “Senhores passageiros dentro em poucos minutos estaremos pousando no aeroporto da cidade do Rio Grande, o Pólo Naval do sul.” Assim, ouviu a voz do comandante no que mais parecia um decreto ao fim da viagem. Feliz da vida, sentiu o toque do pássaro gigante ao solo e agora rodava na pista.
Ocorreram os procedimentos de desembarque. Tudo normal.
Emanuelle já havia feito com antecedência, os trâmites de hospedagem. Tomou um taxi que a levou ao hotel. O motorista, prestimoso, lhe dispensou uma gentileza tal que, por onde passou foi mostrando a cidade, dando informações, que ela se sentiu como uma princesa e chegou a escapar-lhe a palavra:
- Obrigada senhor, pareço uma princesa...
- Pois eu lhe digo: merece o tratamento de princesa uma forasteira tão bela como és e que acabou de chegar à Noiva do Mar.
Emanuelle ficou de rosto corado. Agradeceu a lisonja. A seguir, tratou de seu registro e sentiu na recepção do hotel o calor humano de uma gentileza quase que inacreditável. Depois de instalada em seu apartamento, deu-se um tempo para relaxar. Tomou uns folhetos sobre a mesinha de cabeceira. Coloridos. Lindos. Eram sobre a Festa do Mar. Uma série de passeios além da farta programação da Festa.
Como não conseguiu muitos dias de folga no trabalho, já pegava a Festa em seu terço final. Então, não podia perder tempo. Anoitecera. Mas ainda havia o que ver e aproveitar lá no ambiente festivo. Decisiva, afeitou-se em breve tempo. Solicitou à portaria que lhe chamasse um táxi. Enquanto esperava, deu uma rápida olhada na programação da Festa para aquela noite de quinta-feira. Em poucos minutos rumava para o esperado evento.
Quando Emanuelle entrou no pavilhão da Festa, paralisou-se. Isto não é uma festa, é um reino encantado!. Sentou-se logo à entrada após a recepção. Era preciso ver e sentir que estava realmente num mundo encantado. Tomou os primeiros contatos com o ambiente. Sorria. Falava e em voz alta como se estivesse sonhando acordada. Seus olhos percorriam o pavilhão em todas as direções. Podia não ser uma princesa, mas que estava no pais das maravilhas, isto era verdade, admitia para si mesmo.
A certa distância, um rapaz notara quando Emanuelle deu entrada no local e ficou atraído por sua beleza. Como ela estava só e parecia estar um pouco desorientada, foi a seu encontro.
- Olá, está gostando da Festa?
- Embora tenha chegado agora, eu já vinha gostando da Festa desde longe. Me deparei com a realidade e estou felicíssima por ter vindo.
- De onde?
- Natal, lá no Rio Grande do Norte.
- Veio mesmo de longe... e sozinha?
- Sim, Só.
- Permita-me... eu sou Marinalvo, papareia, universitário a um passo da formatura... e tu?
- Emanuelle, enfermeira de graduação... mas que vem a ser papareia?
- Assim somos chamados, os naturais daqui.
- Por que?... acho tão estranho, ou melhor...diferente.
- Bem, Emanuelle, isto provém dos tempos em que esta região toda era somente areia. Aquela areia fina de dunas, de praia...
- Digamos, isto é até muito romântico.
Feitas as apresentações, depois de frases curtas e largos sorrisos os dois saíram a circular pelo ambiente festivo. Ela perguntava sobre tudo. Ele a informava sobre cada quesito. Percorreram todo o recinto. Paravam em cada banca para que ela conhecesse principalmente as coisas típicas. Ele gentilmente esclarecia com respostas precisas as perguntas dela, saciando-lhe a curiosidade.
- Marinalvo, disse ela, de repente: deste jeito em minha passagem de volta vou pagar excesso de peso. Ela falou quando iniciaram a caminhar pela ala da gastronomia e ele oferecia a ela uma prova de tudo que para ela era novidade.
- Que nada Emanuelle, és esbelta e um pouquinho de saída da rotina não vai te fazer muita diferença.
- Vou concordar com você, além disso, estes são os momentos mais leves de minha vida.
Seguiram-se risos soltos numa atmosfera de prazer que os embalava com leveza.
Já fazia um bom tempo em que transitavam. Marinalvo sugeriu que se acomodassem num bom lugar, de onde pudessem assistir o movimento do público e uma apresentação de danças típicas gauchescas num tablado situado no meio do pavilhão da gastronomia.
- Marinalvo, que roupas diferentes. Não conheço estas danças. Lá na minha Natal rola é o forró.
- Aqui, rola de tudo um pouco, disse Marinalvo. E continuou: hoje, este grupo é de danças do folclore gaúcho. Gentilmente foi explicando a origem das danças, das vestes, e uma série de coisas mais sobre os costumes dos pampas.
Depois de saborearem uns petiscos com frutos do mar, acompanhados de chope ao ponto, já terminado a apresentação gauchesca, rumaram ao palco onde estava para iniciar o concerto da Orquestra Rossini.
Acomodaram-se. Ela perguntou sobre a orquestra. Marinalvo contou sobre a centenária Banda Musical Joachino Rossini que originou a Orquestra Rossini.
Durante todo o concerto o jovem par trocou breves palavras nos períodos dos aplausos. Que maravilha!... Estou encantada!... Ah!... divino!... Quem mais se expressava era Emanuelle que filmou o concerto inteiro, como já havia filmado as danças gauchescas.
- Marinalvo, não posso deixar de registrar estes momentos de uma maneira que possa revê-los, pois terei muito a contar e documentado será muito melhor, disse Emanuelle.
- Que bom! Falou Marinalvo, também radiante de felicidade, mantendo uma nobre linha de anfitrião, bem aos moldes do carinho dos papareias.
Sem mostrar cansaço, Emanuelle vendendo entusiasmo, nem lembrava o dia inteiro de viagem e melhor ainda, sentia-se muito à vontade conduzida pelo jovem anfitrião. Ele era, além de gentilíssimo, bonito e estava elegantemente trajado. Ela reparara isso desde o início, porém, pensou que ele seria do serviço da Festa para servir de cicerone à visitantes. É que, ele tinha um lindo boton na lapela com uma mini foto da cidade e em letras douradas no entorno estava: “Cidade do Rio Grande/RS – A Noiva do Mar.” Mas aos poucos passou a ter dúvidas. E isto salientou-se quando já nas proximidades do enceramento das atividades daquela noite ele falou:
- Emanuelle, foi ótimo nos conhecermos e estarmos nestes momentos tão bons que o tempo levou de modo tão célere. Gostaria de acompanhá-la até o hotel.
- Pois bem, Marinalvo. Então vamos.
O trajeto foi feito no carro dele. Demoraram poucos minutos a vencer o longo percurso. Assim pareceu a ambos, dado o clima alegre e descontraído que os envolvia. Trocaram número de telefones, para facilitar o encontro no dia seguinte. Despediram-se.
Na manhã do dia seguinte, Marinalvo ainda sentia o perfume daquela bela morena de cabelos longos e ondulados. A luz daqueles olhos negros, de um brilho sem par, marcado em sua lembrança, parecia iluminar seu novo dia.
Conforme haviam combinado, ele foi buscá-la para andar pela cidade. Um passeio com direito a todos os detalhes importantes, nos quais, a cidade do Rio Grande, exuberante, fica bem ser mostrada aos visitantes. A andança foi por museus, a Biblioteca Rio-Grandense e a Catedral de São Pedro que são marcos mais antigos do Estado, área comercial, centro histórico, academias de teatro e danças. Uma pausa para o almoço num Centro de Tradições Gaúchas, onde, durante o churrasco, o grupo da casa fazia uma apresentação de danças. Emanuelle adorou conhecer um pouco da tradição e do folclore gaúcho. E, seguiu-se o passeio pela belíssima área rural, a extensa praia do Bairro Balneário Cassino, voltando pela área portuária com o Pólo Naval e suas enormes plataformas em construção, destinadas a perfuração de poços de petróleo e encomendadas pela Petrobras. Durante todo tempo Marinalvo fazia esclarecimentos e sempre contando a história da cidade desde o tempo da colonização portuguesa.
Já ao entardecer, uma passeada pelas margens da Laguna dos Patos, muito bem instalados abordo de uma escuna, foi algo que Emanuelle apreciou muito. O dia, que fora ensolarado, proporcionava um lindo visual do por do sol. As águas calmas davam ao deslizar da escuna um tom romântico balançando o coração do jovem par e os deixando beber as delícias dos sentimentos dos quase enamorados.
No passeio de escuna fazia parte uma parada na Ilha dos Marinheiros. No atracadouro, havia uma bandinha tocando músicas dos folclores português e gaúcho.
- Marinalvo, que maravilha... Isto é outro Brasil que eu nem imaginava. Falou Emanuelle cheia de alegria e surpresa. E seguiu: Estas roupas coloridas... estas cantigas contagiantes....
- Minha cidade foi colonizada por portugueses. Nestas ilhas aqui no entorno ainda se cultiva tradições de Portugal. Há o genuíno doce português, o vinho produzido aqui mesmo e uma bebida que só se encontra aqui, a jeropiga.
- Mas como o povo é alegre, Marinalvo. De que vivem?
- É, Emanuelle, além de muito festivo, o povo é exímio conhecedor da agricultura e da pesca.
Em meio a muita música e alegria desceram à terra. Foram tomar um café colonial. A fartura e a diversidade do que comer e beber encantou Emanuelle. Nossa! Que faço com minha roupa justinha? Ah!... mas não posso perder esta felicidade de estar no paraíso.
E assim a visitante caiu nas comidas. Após, com seu par, caiu nas danças.
Retornando ao cais de partida da escuna, em poucos minutos iniciou o retorno. O pequeno veleiro atracou no cais para desembarque próximo a estação hidroviária, bem no centro da cidade. Dali, rumaram de taxi para o hotel. Programaram-se para continuar à noite, que por sinal já se avizinhava. Ao despedirem-se estavam mais próximos e tudo era mais claro pela fusão da luminosidade do encontro de seus olhares.
Emanuelle subiu ao seu apartamento e atirou-se na cama deixando escapar um profundo suspiro. Parecia ter trazido consigo o doce olhar do moço papareia. Olhou para o relógio e conferiu o tempo disponível para afeitar-se, em preparação para o encontro que se seguiria. Tomou as providências. Meia hora antes já estava pronta. Sentou-se numa poltrona e pôs-se em posição de relax. Ficou à espera do aviso da portaria do hotel sobre a chegada de Marinalvo. Nesse tempo, o rosto do rapaz não lhe saia do espelho da mente. Em dado momento ela perguntou-se: - este moço está tocando meu coração? – que magia tem esta cidade do Rio Grande? – não só de embalo do mar é a Festa como doce é a emoção que me invade o ser, respondeu a si mesma. Fechou os olhos e continuava a ver Marinalvo, sorrindo, como se naquele sorriso a vida estivesse lhe colocando uma ponte à felicidade.
Pelo interfone, a recepção anunciou a chegada de Marinalvo. Num instante Emanuelle já estava no hall do hotel. Cumprimentaram-se com uma intimidade já mais adiantada. Como se fossem conhecidos de longa data. Rumaram para o pavilhão da Festa do Mar. Chegaram rápido. Logo se puseram a circular. Para ela valia à pena rever o que já tinha visto, bem como, descobrir algo que lhe tinha escapado à observação na noite anterior.
- Marinalvo, estou encantada com a tua Noiva do Mar, nunca havia imaginado tudo isto que já me mostraste. Vou ficar com pena do que faltar conhecer, dado o pouco tempo que tenho.
- Não faltará oportunidade, Emanuele. Esta Festa se repete anualmente, mas mesmo assim, qualquer outra ocasião será propícia para nos vermos... estarmos juntos...
- Eu gostaria, sinceramente que isto voltasse a acontecer...
Nesse momento, seus olhares se encontraram numa troca de sentimentos, os quais são descobertos num relance, onde a claridade dos olhos de um chega ao âmago do ser do outro. Quedaram-se face a face. As expressões iam além das palavras. Um doce enlevo os envolvia. Era tão mágico o momento, que parecia estar à espera de uma palavra para uma revelação fulminante de um desejo que os enlaçava.
Rompe a música e começa no palco central um espetáculo do grupo de dança Baila Cassino. Um espetáculo da mais alta qualidade no gênero. Muita animação. Um lindo visual.
Foram feitas reticências na atração do jovem par. O mundo tinha invadido a redoma no qual estava se preparando a dose certa do amor a ser declarado em instantes. A realidade sonora da Festa, como um todo, dominava cada um dos milhares de pessoas presentes. Emanuelle não deixava de elogiar tão bela arte que lhe atraia o olhar observador, porém, não deixava de lançá-lo, de quando em quando, somente em cima dos olhos de Marinalvo, que na verdade, estavam sempre à espera. Ao fim do espetáculo, novamente foram ao pavilhão da gastronomia. Desta vez, Emanuelle que já conhecia o ambiente desde a noite anterior, passou a admirá-lo com olhar mais inquisidor e foi descobrindo nos detalhes como era bonito, de bom gosto e requintado.
- Marinalvo, ontem estava tão ávida de conhecer tudo que não havia posto toda a atenção que esta Festa merece. Tudo aqui é muito bonito. Tudo bem colocado com muito bom gosto. Isto aqui é muito chique, além de, muito gostoso o ambiente que as pessoas proporcionam aos frequentadores.
- Emanuelle, aqui na minha Rio Grande, sempre fazemos tudo primar pelo melhor.
- Nem precisas de mais argumentos eles estão em tudo que já vi.
Ficaram no pavilhão da Festa do Mar até cessarem as atividades. Depois, Marinalvo levou Emanuelle a conhecer uma casa noturna. Um ambiente classe “A”. Música de qualidade, convidava dançar. E foi o que fizeram. Por um tempo que foi possível, até o encerramento da parte musical, dançaram. O embalo da dança reabriu as reticências pontilhadas anteriormente no pavilhão da Festa. Viram-se novamente na redoma dos sentimentos que fluíam de seus corpos e se transmitiam em seus olhares. Acomodados a uma mesa, entre um e outro gole de espumante, conversavam, às vezes, sussurravam:
- Marinalvo, penso que estou em meio a um sonho.
- Mas isto é uma realidade, Emanuelle.
- Eu me sinto num paraíso. Em tão pouco tempo, sinto o curso de uma longa vida.
- A vida é feita de momentos e em cada momento pode-se ter uma nova vida, Emanuelle.
- Como agora, não é mesmo?
- Verdade, não só sinto isto como estou a viver uma vida.
- Pois gostei de encontrá-lo... Marinalvo!
- Não é diferente comigo, Emanuelle, parece que sempre te esperei.
- Mas... então... aqui estou!
- Também eu, e tenho a sensação de ter findo minha espera.
As mãos agora entrelaçadas, os olhos nos olhos, sorrisos abertos, ali, naquele instantes estava acontecendo a junção de dois caminhos sentimentais aproximados pelo destino. O mundo em volta deles não conseguia interferir na redoma que voltara a se fechar, desta vez com uma película de sentimentos muito mais forte. O barulho das pessoas deixando o salão e dos garçons nas atividades de arrumação, parecia não existir para eles. Foram os últimos a sair, gentilmente convidados pelo mestre de cerimônias da casa, para tal fim.
Marinalvo parou o carro em frente do hotel. O olhar que deveria ser de despedida foi simplesmente de cumplicidade com o sentimento que os envolvia. Feito as tratativas de regisro para Marinalvo, ambos subiram ao apartamento de Emanuelle. O cupido não estava de folga e também não precisou de muitas flechas para tornar aqueles dois corpos num só. E assim... o amor se fez.
A viagem de volta à Natal, agora estava mais leve. O avião parecia tão estável, que Emanuelle suspirava, não porque estivesse entre as nuvens, mas sim, por se sentir nas fofas mãos do destino que a ligara a uma pessoa de tão longe de sua cidade. Perguntava-se: o destino realmente existe?...
No dia após a chegada à Natal, foi ao salão da Joana.
- Oi... como estás?
- Emanuelle, que cara feliz... então foi bom?... e meus mimos?
- Aqui estão... Ah! Foi bom sim. E é claro que estou feliz.
- Mas que lindas lembranças. Já vou usá-los. E foi colocando brincos trabalhados em carapaça de moluscos, vestiu uma camiseta com uma estampa dos molhes da entrada da barra que é uma característica da cidade do Rio Grande e colocou os outros pacotes sobre uma mesinha próxima. Tinha outras coisas, além de uma embalagem adornada contendo duas garrafas de jeropiga, a bebida que é produzida nas ilhas.
- Precisas ver e sentir Joana, Rio Grande é não só bela, como aconchegante!
- Quanta euforia!... e durando até agora, há uma explicação a mais?
- Há sim!... é mais doce o amor lá, na Noiva do Mar!
- O quê? ... não diga? Então vou ter que ir também nesta tal Festa do Mar...
- Não vais te arrepender... te juro!
Passaram-se poucos meses, houve a formatura de Marinalvo. Emanuelle veio para o evento. A festa foi prolongada. Ainda na euforia da colação de grau seguiu-se a do casamento na Catedral de São Pedro. Um do norte, outro do sul tendo entre ambos, antes uma distancia continental, armou o destino uma ponte para o par apaixonado. Emanuelle, o amor que veio de longe, aflorou de modo tão ameno, das ondas de alegria em meio a Festa do Mar e apanhou Marinalvo, antes um navegador solitário, fechando-se o laço de uma felicidade registrada para sempre no altar da Catedral.