Amo um homem que não existe.
Depois de oito anos em carreira solo Ana não pensa em dividir o teto com mais ninguém.
A notícia caiu como uma bomba no meio familiar haja vista que havia uma forte torcida para uma volta com o ex marido ou a possível chance a um novo pretendente.
Perguntada pelas amigas de plantão o por que de tal atitude, Ana respondeu.
- Aprendi a ser só. No começo foi um sofrimento imenso mas as cicatrizes foram curadas. O tempo me ensinou a ser mais cautelosa.
O homem dos meus sonhos não existe e eu não quero me iludir achando que, por milagre, ele apareça numa esquina, esbarre em mim e me diga: Desculpe - me Senhora, sou distraído. Vinha olhando a lua, pensando como deve estar o mar sendo beijado por essa luz tão suave e encantadora.
Eu sorriria, ele ajeitaria os óculos e, nos breves segundos que nos olhássemos nos olhos, diria - permita que eu me apresente : Cúmplice da natureza, prazer!
Não conteria uma gostosa risada e ele então me convidaria a tomar um sorvete na padaria em frente.
Começaríamos uma deliciosa conversa onde ela me explicaria que seu verdadeiro nome é Antônio mas desde adolescente tinha esse apelido por amar cada particula da natureza. Além disso adorava cozinhar, escrever poesias , ir ao cinema e livrarias era uma de suas paixões. Não era lá muito organizado mas tinha ótimo humor e um trabalho que adorava - era botânico
Estava diante de mim o homem dos meus sonhos. Um homem de alma doce que suavemente pegava nas minhas mãos beijando-as delicadamente. Depois caminharíamos sob a luz da lua até à praia. Sentaríamos na areia e conversaríamos sobre seu trabalho, meus sonhos, o nosso primeiro encontro de muitos que haveriam de vir e ao nos despedirmos eu estaria completamente enamorada.
Amo um homem que não existe.