Onde Não Há Explicação, Insiste O Amor
 
     Aquele momento no qual todas as tuas convicções convergem para o único desejo: almejar suas vidas em uma única só. Como letra e melodia, elementos criadores do verbo musical, assim, vaticinou-se, em meu ser; a vontade de fazer-te eterna em mim. Eu não sabia exatamente como consertar aquela situação. Pois como é corrigir aquilo que não esteve no centro da real vontade? Ao me inscrever naquele semestre, tudo mudou em mim e eu jamais imaginei que tal desfecho pudesse se desenrolar daquela maneira; entregue àquele único apetecer. 

     Tantos acontecimentos perpassaram-se em minha história, alguns não tive o controle de agir, preterir. Minhas escolhas pareciam não me reverenciar. O tom da vida me levando para um lado cinza camuflado de azul. Mas, azul mesmo, era o desejo verdadeiro do meu coração! No entanto, há certas coisas que se obscurecem diante de ti, e o que parece ser: certamente não é. Só que, onde não há explicação, insiste o amor. Ah! O amor! Quisera senti-lo. Porém tudo não era como deveria ser e sim como se apresentou a mim. Não vi minha verdade de amar concretizando-se. Quero tanto mudar esse cenário. Quando será que isso irá se estabelecer? “Como é triste a tristeza mendigando um sorriso...”.

     Os dias passaram e com eles os meus “quereres”. Contudo, o mês do fato adentrou-se e logo começaria os afazeres que havia anos estagnados. No início das atividades, deparei-me com ele: quase imperceptível. Tão notório. Meio distraído. Verdadeiramente apresentado. Ó, meu coração, o que fazer agora? O seu semblante amável, a sua voz melíflua e o mais enriquecedor: apresentou-se em meu favor com o decorrer do semestre. Aquele ansiar que se fazia verdadeiro em mim... chegou bem de mansinho e sem percebê-lo, instalou-se no meu viver. Agora, os meus tons azulados davam um novo colorido à minha tela “Picasso”. A minha música possuía tons de "Tom", versos de "Vinícius", bailar de "Michael". Cobrou de mim que, para que tivéssemos nossos corações batendo num só peito, seria necessário que esses mesmos corações construíssem uma história e assim sucedeu-se. 

     Entre viver e fazer, fomos desenhando nossos passos rumo ao futuro certo, inevitável, maravilhoso. Dia aqui, dia ali... Espero-te em frente da receita, venha se fazer amor, venha me fazer amor. Trabalhos da faculdade virando a noite. Encontros de ovo maltine e andar de carrinhos com as crianças no complexo. Buquês de flores no trabalho. Pronto! Estava feito. Consumado. Pertencíamos um ao outro. Nossos corpos dançavam "num baile valsas Strauss". Nossos olhares “parafraseavam Shakespeare". Nossas mãos melífluas no toque da flor...

     Finalmente contidos estávamos em nós mesmos e o desejo? Ah! O desejo falou em alto e bom verso: “alimentem-me de vocês. Usem-me em suas noites incansáveis de si. Permitam-se viver, sorrir, chorar. Acreditem que nada irá separar vocês. Deixem viver em vocês um único sentir.”. No entanto, um "verso algoz" ainda envereda-se até nós. Uma música melancólica precisa de uma vez por todas ser extirpada. E agora... O que fazer com tanto querer em mim nessa atual situação? Sem hesitar, aquela voz suave me diz: “Calma... Pois onde não existe explicação, eu INSISTO!”.
 
                                

                                       *** FIM ***



 
Professor Daniel Silva
Enviado por Professor Daniel Silva em 28/11/2013
Reeditado em 19/10/2014
Código do texto: T4590829
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